Saúde: engenheiros dão dicas para reduzir danos da fumaça das queimadas

Brasília, 20 de setembro de 2024.

O Brasil enfrenta, em 2024, um dos piores cenários de queimadas dos últimos 19 anos, com mais de 63 mil focos de incêndio na Amazônia desde janeiro. Esse número alarmante está gerando uma densa camada de fumaça que afeta não só as áreas diretamente atingidas, mas também regiões distantes, como o Sul e Sudeste do país, formando o chamado “corredor de fumaça”.

A fumaça das queimadas contém partículas tóxicas que podem agravar problemas respiratórios, como asma e bronquite, além de aumentar o risco de doenças cardiovasculares, especialmente para idosos, crianças e pessoas com condições preexistentes.

Diante desse cenário, é fundamental que a população adote medidas de proteção. A Comissão Temática de Qualidade do Ar Interior (CTQAI), do Sistema Confea/Crea, em colaboração com o Plano Nacional de Qualidade do Ar Interno (PNQAI), preparou algumas orientações para minimizar os efeitos nocivos da fumaça.

“A qualidade do ar em cidades tem se deteriorado significativamente. Para mitigar esses impactos, algumas medidas práticas podem ser implantadas por toda a população afetada e especialmente os profissionais da engenharia, agronomia e geociências podem orientar a sociedade sobre como se proteger da melhor forma possível”, ressalta o eng. mec. Lucas Carneiro, coordenador adjunto da comissão, que conta ainda com a participação do eng. mec. e seg. trab. Aysson Rosas Filho (coordenador), do eng. mec. Alexandre Kontoyanis, do eng. mec. Osny do Amaral Filho e do eng. mec. Wesley Assis.

Os especialistas alertam que as recomendações para prevenir e reduzir os efeitos da poluição do ar causada pela fumaça das queimadas não garantem a purificação total do ar interno das edificações. “São medidas que melhoram a qualidade do ar, mas não purificam completamente”, explica o engenheiro Lucas Carneiro. Neste caso, é fundamental manter a renovação de ar, para diluir poluentes e contaminantes em ambientes fechados, principalmente em locais com grande circulação de pessoas. O recomendado é seguir as normas de filtragem, além de verificar e substituir os filtros com mais frequência para garantir a eficiência do sistema. “Por isso, é imperioso que os sistemas de ar condicionado e renovação do ar sejam projetados por profissionais qualificados para que, mesmo em situações excepcionais como a atual, os ambientes sejam capazes de permitir uma permanência salubre das pessoas”, reforça o coordenador adjunto da comissão.


Como reduzir os efeitos da fumaça na saúde da população:

- USAR MÁSCARA: quando a situação parecer grave, com muita fumaça aparente e cheiro forte, é recomendado o uso de máscaras nos ambientes externos e internos para promover certa filtragem do ar.

- EVITAR ATIVIDADES EXTERNAS: em situações críticas de fumaça e forte odor, evitar ficar muito tempo exposto ao ambiente externo, especialmente praticando exercícios físicos ou atividades que exijam esforço físico que aumentem o fluxo respiratório. 

- FECHAR PORTAS E JANELAS DAS SALAS: procedimento para evitar que o ar externo carregado de fumaça entre livremente no interior dos prédios e residências.

- UTILIZAR UMIDIFICADORES DE AR: nos ambientes internos, utilizar aparelhos de umidificação do ar, ou recipientes com água com grande área aberta para promover a evaporação da água e consequente retirada parcial de partículas em suspensão e a umidificação do ar respirável.

- UTILIZAR VENTILADORES E CIRCULADORES DE AR: promove a movimentação do ar interno de modo a expulsá-lo parcialmente, carregando partículas para o exterior das salas.

- MANTER OS APARELHOS DE AR CONDICIONADO LIMPOS: utilizar os aparelhos normalmente, porém, com a fuligem da fumaça eles ficarão mais rapidamente sujos – especialmente os filtros – que devem ser limpos/lavados semanalmente. Passado o tempo de queimadas, promover limpeza geral/manutenção de todo o aparelho de ar condicionado.

- UTILIZAR EQUIPAMENTOS DE PURIFICAÇÃO DE AR: são equipamentos que ficam dentro das salas e possuem sistema de ventilação que fazem com que o ar passe por filtros para reter as partículas de poluição.
 

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Julianna Curado
Equipe de Comunicação do Confea
Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil