Palestra enfatiza importância dos minerais industriais em MT

Cuiabá (MT), quarta-feira, 10 de setembro de 2003. Geologia anda de braços dados com a Engenharia Civil. Quem é do ramo sabe que a construção não existiria sem os minérios. Segundo o professor aposentado da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Marcos Donadello, cada cidadão consome aproximadamente três toneladas de matéria-prima mineral ao ano, somente para construir. Ele é enfático na sua defesa: "A casa é feita de minerais".Você já imaginou quanto de areia do rio Cuiabá tem nos prédios da capital mato-grossense? E já se perguntou o que seria das construtoras na Baixada Cuiabana sem a argila, a areia e o calcário? "Os insumos minerais estão presentes em quase todos os bens materiais usados pelo homem", afirmou Donadello, durante sua palestra no dia 05 de setembro, na Companhia Matogrossense de Mineração (Metamat). O professor falou da importância dos minerais industriais para a sociedade atual e ressaltou que os geólogos não devem considerá-los como de menor valor. Marcos enfatizou as características dos minerais industriais, como a grande disponibilidade e o preço baixo, que refletem na viabilidade de criação de pequenas e médias empresas tanto na área de Geologia, quanto em Engenharia Civil.Os principais minérios industriais são o calcário, a argila, a areia e a brita, principalmente. Em Mato Grosso, o calcário é o que tem mais destaque. É utilizado para fabricação de cimento e insumos agrícolas, entre outros. Considerando que a agricultura é o ponto forte da economia do Estado, não há dúvidas sobre a viabilidade desse minério. De acordo com o presidente da Associação Profissional dos Géologos de Mato Grosso (Agemat), Francisco Pinho, o calcário é mais expressivo, porém Mato Grosso também dispõe de argila e areia. A argila é usada na indústria ceramista e, a areia, gera o vidro e pode ser aproveitada na construção. Marcos explica que os minérios industriais, por muito tempo, foram relegados a segundo plano. Os minerais mais caros e difíceis de encontrar, como o diamante, ouro e ferro, por exemplo, eram priorizados. No entanto, ele defende que os minerais industriais representam novos mercados. Os investimentos que existem ainda são poucos, considerando o potencial para produzir diversos produtos para a indústria. Para se ter uma idéia, o consumo nacional per capita de areia por ano é de 1200 quilos. Já o de tijolos, telhas e cimento é de 400 quilos. "Nem os cosméticos escapam aos minerais", defendeu.Ambiente - Mineração e ambiente, uma mistura que as vezes não dá certo. O que ocorre geralmente é a extração dos bens naturais, sem que haja um efetivo projeto de recuperação ambiental. Para o professor Marcos Donadello, essa é uma parceria que precisa "engrenar", já que isso é primordial para o bem estar social. Ele defende a mineração, mas somente com a utilização responsável do ambiente. "Na produção mineral devem estar embutidos os custos com a recuperação ambiental", enfatiza. Graciele Leite - Crea-MT