Brasília, 31 de outubro de 2022.
Com cerca de 350 participantes, Palmas (TO) sediou de 26 a 28 de outubro, a 4ª Agroamazônia. Promovido pela Associação de Engenheiros Agrônomos de Tocantins (Aeato) e Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab), com patrocínio do Confea, o Congresso foi retomado ano passado, como o primeiro grande evento da área após o período mais grave da pandemia, e retomado este ano, em Palmas.
Participante do evento, o presidente do Crea-TO, engenheiro civil Daniel Iglesias, considera que o debate sobre o agronegócio “é interessante, pois, a partir dele, traz o governo, associações e estudantes, como instrumento de criação de conhecimento com muita gente da agrodiversidade, com a Embrapa trazendo debates, de forma que o evento leva conhecimento de ponta para produtores, profissionais e estudantes”.
Na visão do presidente do regional, “Tocantins é basicamente agro, por isso, todos os debates e assuntos tratados na área do agro são de extrema relevância. Temos uma grande extensão territorial com várias culturas para a produção e a criação de animais de diversos tipos, assim como também piscicultura. O Estado consegue ter uma característica muito variada, desde pequenas produções até grandes locais com produção de soja, o que tem muito a ver com o crescimento do país com a importância da produção na economia do Norte inteiro e até a Bahia e Piauí com o Matopiba. A produção é absurda”, define.
Fiscalização
O gestor do Crea-Tocantins informa que foi criado um GT voltado a uma fiscalização da zona rural de maneira inteligente, “focado em quais seriam as boas práticas, parcerias e softwares para que funcionasse bem a fiscalização na zona rural. E a fiscalização inteligente, indireta, estabelece quais os acessos, os parceiros, órgãos de controle como a Naturatins, agências agropecuárias, apresentando os primeiros resultados de como agir na zona rural, como acompanhar essa produção de maneira inteligente”.
Segundo Daniel Iglesias, outros estados já fazem esse tipo de operação articulada com outras instâncias administrativas. “Estamos fazendo termos de cooperação, algo que não havia no Tocantins. Fomos atrás de prefeituras, do governo do Estado para apresentar isso. Alguns foram mais trabalhosos por não ter esse histórico. Mas conseguimos. Funcionou. E toda parceria é muito bem-vinda, sobretudo quando são parceiros que têm informação, expertise, inclusive, com instituições de ensino que possuem muitas informações”.
Assim, explica, foram desenvolvidas também parcerias com experiências de outros regionais. “Pegamos por exemplo um B&A (Business Analytics, na sigla em inglês) do Crea-AM de mapeamento de fiscalização bem simples, para o engenheiro saber onde a fiscalização atuou, e cruzamos com a ART. Assim, a sociedade sabe onde estão as ARTs no Estado. Como está o crescimento econômico no Estado, indicador de crescimento. Passamos isso para outros estados. Algo razoavelmente simples, que estava pronto. Procuramos melhorar. Na Bahia, pegamos o sistema utilizado nos tablets de fiscalização, que estava sem atualização, nós atualizamos, ficou pronto para usar, o que barateou demais”.
Agronomia na região Norte
Para o presidente da Aeato e vice-presidente da Confaeab na região Norte, Cid Muraishi, a Agramazônia pretende aproximar-se ainda mais das associações, na sequência do evento. “Espero que ele rode o Norte do Brasil, mas isso depende da organização financeira das entidades. A ideia é o avanço do agronegócio no Norte do Brasil, reunindo seus desafios e suas oportunidades, sempre buscando produzir com responsabilidade ambiental, usando nossas reservas economicamente. As dificuldades são muitas, mas a gente pretende aproveitar as oportunidades”.
Ele cita entre os principais desafios da Agronomia na região a convivência com muitas áreas de preservação ambiental. “Temos alternativas de uso dessas áreas, como a extração de madeira autorizada. É possível cultivar mesmo na área de preservação permanente. Temos diversos segmentos que nos permitem que isso aconteça. Pode fazer manejo, que é a extração controlada. Também faz o cultivo de algumas espécies, consorciado com espécies nativas do local. É mostrar que você pode ter fruticultura, por meio de diversas espécies nativas, como açaí, cupuaçu, cajá, junto com o extrativismo na reserva, mesmo na área de preservação”. Assim, enfatiza Cid Muraishi, o objetivo é mostrar que existem oportunidades para a convivência harmônica entre a produtividade e a preservação ambiental. “A legislação permite isso”.
Outro aspecto da região Norte é o solo diferenciado do resto do Brasil, mais arenoso. “Temos uma diversidade muito grande, o que foi refletido neste evento nos quatro painéis, abordando temas com os sistemas integrados de produção, baixo carbono, ecossistemas e Código Florestal. Há oportunidades de negócio, inclusive, por meio do uso sustentável das áreas de preservação, de maneira a proporcionar uma Amazônia sustentável. É possível aliar o desenvolvimento econômico com a regularização fundiária, com linhas de crédito para a região Norte e com potencialidades como a da fruticultura”, diz, informando que foi realizada também uma visita técnica à APA do Lajeado e que o secretário de Agricultura do Estado, Jaime Café de Sá, abordou temas relacionados à pecuária e à agricultura, de mondo geral.
Programa Mulher
Paralelo à Agroamazônia, o Crea-TO promoveu a segunda jornada do Programa Mulher, nesta sexta (28/10). “Ano passado, realizamos a primeira, ainda na pandemia, em formato híbrido. Foi um sucesso na parte híbrida. Hoje, a gente pegou um enfoque mais integrador na parte presencial, com um intercâmbio com integrantes de outras cidades. Ampliamos o Comitê Mulher, que era basicamente um comitê gestor, e hoje temos representantes nas inspetorias. Tivemos a palestra da conselheira do Crea-SP, Waleska Del Pietro, que veio para cá para trazer ideias. Empresas entraram como apoiadoras, debatendo inovação, empreendedorismo, liderança. Tivemos palestrantes de desenvolvimento pessoal, finanças e da área mais técnica”, diz o presidente Daniel Iglesias.
Na visão da liderança do Regional, o Programa Mulher deslanchou esse ano. “Em todas as reuniões das microrregiões do CEP (Congresso Estadual de Profissionais), houve o acompanhamento do Programa Mulher para levar esse debate para o interior. Ao levar essas informações, as mulheres aderiram, desde estudantes a empresárias, com muito interesse de maneira geral do Estado. Tivemos parceria com a OAB para um evento grande em agosto, relacionado ao combate à violência à mulher”, diz, informando que o Programa se tornou fato realmente este ano. “Foi criado em 2021, mas agora já tem o debate, e acredito que ano que vem vamos colher o crescimento disso, o quanto as pessoas percebem como a mulher é necessária para as atividades do Sistema e para a gestão. Hoje, temos mais engenheiras em cargos e funções de comissão no regional do que homens. O que prova que esse processo é espontâneo, quando lidamos com as pessoas mais adequadas. Isso que a gente acredita, você não precisa forçar nada, basta deixar a cabeça aberta que as mulheres ocuparão seu espaço”.
Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea
Com a colaboração e fotos de Glênio Furtado (SETRP)