Anderson Furlan: “Confea é fundamental para a reconstrução das empreiteiras e do Brasil"

Brasília, 23 de novembro de 2018.

“A engenharia, como um todo, está sob ataque, foi o epicentro da Lava-Jato por conta da má conduta de algumas empreiteiras que se cartelizaram e pilharam a Petrobras. Vemos que o que falta muitas vezes não é apenas a fiscalização do Ministério Público e de outros órgãos de controle mas, principalmente, do órgão que controla a profissão”, observou Anderson Furlan, juiz federal do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que vindo de Curitiba (PR) desembarcou na manhã da sexta-feira (23), em Brasília, para participar do 4º Enaj (Encontro Nacional das Assessorias Jurídicas) do Sistema Confea/Crea.

"Furlan: 2ª vez no Enaj"

Ao falar sobre “Execução fiscal: aspectos legais sobre a execução de anuidades e impactos do novo entendimento do STF sobre a constitucionalidade da ART”, Furlan – que é doutor em Ciências Jurídico-Econômicas pela Faculdade de Direito de Lisboa (Portugal) e professor da Escola da Magistratura Federal, acredita que: “O Confea tem papel fundamental no processo de reconstrução da imagem das empreiteiras para ajudar a reconstruir o país. Com certeza, com os novos ares de 2019 com novo ministro da Justiça e novo presidente, é preciso que todos se unam para ajudar a reconstruir o Brasil”.

Aproximação

Colega de Sérgio Moro de quem foi auxiliar no Tribunal Regional Federal da 4ª Região -, Furlan criticou a visão que predominava sobre o tributo cobrado pelos conselhos de regulamentação e fiscalização profissional. Para ele, “felizmente essa interpretação foi alterada e com ela precisamos mudar o quadro das execuções fiscais. O Confea tem como fixar o valor da mensalidade e anuidade, algo  básico no mundo há muitos anos, mas que aqui só foi reconhecido em 2016”.

Também  signatário do Projeto de Lei de Transparência aprovado pela Assembleia Legislativa e que tornou o Paraná pioneiro no combate à corrupção, o juiz federal já presidiu a Apajufe (Associação Paranaense dos Juízes Federais),  além de ser o autor de livros sobre direito ambiental e planejamento fiscal, bem como de artigos publicados no Brasil e no exterior. Esta foi a segunda vez que Furlan participou de um Enaj. Foi em 2010, quando da primeira edição do encontro.

“Juntar forças, criar um centro de inteligência para que procedimentos sejam padronizados e uma filtragem destaque nos casos mais recorrentes”, foram alguns dos conselhos dados por Furlan para que o Sistema Confea/Crea encontre soluções mais eficazes e harmônicas. Ele ainda reforçou a necessidade de “uma maior aproximação da entidade com o Judiciário para uma maior efetividade”.

Má conduta pública, escândalos e crime infamante

Claude Pasteur, engenheiro eletricista, advogado e procurador  do Crea de Santa Catarina, substituiu Márcia Ida Coutinho, procuradora do Crea de Santa Catarina que por razões particulares não pode abrir a programação do último dia do 4º Enaj nesta sexta-feira (23).

"Claude: bom senso"

Com isso, Claude falou rapidamente sobre “Aspectos legais e principais erros na formalização do procedimento”, tema que seria desenvolvido por Márcia, e destinou a maior parte de sua participação falando sobre os “Aspectos históricos e controvertidos do artigo 75 da lei 5.194/1966 – cancelamento do registro profissional”.

Também especialista em mediação e arbitragem, Claude tratou das diferentes interpretações – a depender da cultura - sobre má conduta pública, escândalos praticados pelo profissional ou sob sua coordenação e sobre o crime considerado infamante.

São conceitos subjetivos e abertos que dificultam o cancelamento de um registro profissional:

“Para uns, escândalo, por exemplo, pode ser numa situação normal e para outros, não”, destacou. “No caso da cassação de um registro, seria permanente ou não? Após a Constituição de 1988 não haverá pena de caráter perpétuo”, ensinou para alertar: "a penalidade deve ser razoável e proporcional à gravidade da falta”.

Dedicados às reuniões de grupos temáticos, os participantes do 4º Enaj dedicaram a tarde da sexta-feira a debater sobre a instrução e elaboração de resoluções e atos normativos, sobre o processo eleitoral do Sistema Confea/Crea e ainda sobre o desligamento dos técnicos do Sistema Confea/Crea, como determina a Lei 13.639/2018. Acordos e cobranças de débitos fiscais também fizeram parte das discussões.

 

Considerado dinâmico, encontro de assessorias jurídicas gera expectativas para 2019. Confira algumas opiniões.

"Zuelma: enciclopédia"

 

 

Como todos os fatos marcantes que quando acontecem pela primeira vez, ninguém esquece. Para Silva, o Enaj 2018 “trouxe muita informação, revelou a necessidade de atualização constante e proporcionou um olhar diferenciado para que os Regionais busquem eficiência e eficácia em sua atuação. O saldo do Enaj é uma enciclopédia de conhecimento”, resumiu a advogada do Crea de Tocantins.

 

 

 

 

"Cintia Takemura: universo novo"

 

A 4ª edição do Enaj, realizada em Brasília, em 2018, também foi a primeira na vida profissional de Cintia Merlo Takemura Canto, advogada e procuradora do Crea do Pará. “Por ser o primeiro é muito significativo, mas independente disso, o encontro permite integração dos procuradores que auxiliam nas divergências que são muitas e várias com relação ao entendimento da própria legislação e nos conflitos entre resoluções e leis federais”.

Confessando estar diante de “um novo universo”, Cintia – que agora atua na advocacia pública depois de 17 anos de atuação em advocacia privada - confessa também que “participou para aprender”.

 

 

 

"Eliane: apesar das dificuldades"

 

 

Advogada, assessora da presidência do Crea-PA e participante do 4º Enaj, Eliane Silva concorda com a colega de trabalho: “Estamos diante de um mundo novo e encantador, apesar de todas as dificuldades”.

 

 

 

 

 

 

"Gustavo: novas interpretações"


Gustavo Eugênio Barroca, advogado e procurador do Crea da Paraíba, achou interessante a filosofia ser tratada logo na primeira palestra do Encontro, aberto na terça-feira (21).

“A filosofia vem sendo cada vez  mais utilizada nos processos éticos, principalmente porque provoca e instiga novas interpretações sobre a mesma situação”. Para ele, “é uma ferramenta que ajuda a proteger a sociedade nos cuidados com a coisa pública na medida em que busca soluções”. Ao contrário das colegas, Gustavo participa do Enaj pela segunda vez.

 

 

 

 

"Claude: o 1º Enaj ninguém esquece"


Participante desde a primeira edição do Enaj – realizada em 2010 – Claude Pasteur de Andrade Faria, engenheiro eletricista, advogado e procurador do Crea de Santa Catarina, homenageado entre os procuradores mais antigos do Sistema Confea/Crea, conta sobre o dia em que ingressou no Crea, “03 de janeiro de 2000”.

Para ele, o Enaj “melhorou bastante”. “Em 2018 tivemos uma programação mais densa com muita informação e conhecimento e exemplos práticos, e mais extensão também, três dias completos”.

Claude saudou o Enaj como “a única oportunidade de nos encontrarmos pessoalmente, sem ser através de uma máquina. A maioria dos nossos problemas são comuns e com a troca de informações é possível e mais fácil encontrar soluções”.

 

 

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Maria Helena de Carvalho

Equipe de Comunicação do Confea

Fotos: Marck Castro/Confea