Criação de um órgão próprio de fiscalização deve ser discutida pelos arquitetos, segundo novo coordenador

Brasília, sexta-feira, 15 de março de 2002.

A fiscalização do exercício profissional e a criação de um
"Arquiteto André Müller, coordenador da Câmara
Especializada de Arquitetura - Dalmi Rodrigues de Moraes"
órgão próprio para esse fim, são as duas questões que merecem destaque nas discussões dos arquitetos este ano, na avaliação do arquiteto André Müller (Crea-RS), eleito para estar a frente da Coordenadoria Nacional da Câmara Especializada de Arquitetura durante este ano. A eleição ocorreu durante o Encontro Anual dos Corrdenadores Regionais de Câmaras Especializadas, realizado em Brasília, de 13 a 15 de março.

Na avaliação de Müller, o primeiro assunto é uma questão de ofício do próprio Sistema. Com relação ao segundo, ele diz: “Eu entendo que essa é uma discussão que tem que ser feita dentro do sistema. E, principalmente, dentro deste fórum, onde estão representadas todas as Câmaras Especializadas de arquitetura do país, e em cada uma delas estão representadas as instituições de ensino e as entidades regionais, estaduais e municipais. O que torna este fórum extremamente representativo. Não podemos desperdiçar a oportunidade para fazer esse debate e, principalmente, fazer com que os coordenadores regionais sejam elementos irradiadores desse processo de discussão, que eu tenho certeza deve se alastrar pelo Brasil inteiro antes que se tome uma decisão sobre a saída ou não dos arquitetos do Sistema Confea/Crea”.

O novo coordenador informou também que durante sua gestão deve continuar a sistemática, criada o ano passado, de Grupos de Trabalho (GTs), metodologia que favorece o adiantamento de discussões de questões específicas, já levando para as reuniões nacionais propostas prontas sobre esses assuntos.

Para exemplificar a eficiência do método ele destacou os trabalho do GT de Ensino de Arquitetura “neste Grupo tratamos de todo o relacionamento com as escolas e a política nacional sobre a criação de cursos e sua interface com o mercado de trabalho”. E do GT de Exercício Profissional, “aí está embutida a questão da fiscalização em áreas específicas da arquitetura que não são devidamente reconhecidas como as questões do patrimônio, arquitetura de interiores, paisagismo, que são ainda nichos de mercado ainda não bem definidos”.

André Müller tem como seu coordenador adjunto o arquiteto Néio Lúcio Archanjo (Crea-RN), eles substituíram José Wellington Costa (Crea-SE) e Alceglan Saldanha M. da Silva (Crea-MG).

Pé no Chão - A questão da saída dos arquitetos do Sistema Confea/Crea não é nova, já tem alguns anos de discussão. Sobre ela o ex-coordenador disse o seguinte: “Alguns colegas apostam que teremos que brigar na justiça. Não vejo a curto prazo que isso seja uma solução até pela própria diferença de encaminhamento que existe dentro das associações de arquitetura, uns acham que devemos sair logo, outros que não. Temos que tomar uma decisão com os pés no chão, com muita segurança. Eu acredito que não é uma coisa para ser resolvida de forma imediata”.

Para José Wellington Costa a grande questão nacional da arquitetura nacional hoje é a garantia da atividade profissional, garantia de mercado de trabalho. “Ter um espaço onde o arquiteto possa exercer sua profissão com dignidade tendo um comportamento ético que também seja aceito pela sociedade e não da forma que vem acontecendo. As escolas criando cursos e mais cursos de arquitetura colocando um número muitas vezes exagerado de profissionais no mercado”, explica.

Na avaliação de José Wellington se existissem políticas públicas existiria mercado de trabalho. “Estão aí planos diretores a serem elaborados, infra estruturas das cidades brasileiras onde tem espaço significativo para o profissional arquiteto. Essa é a grande preocupação, se afirmar enquanto profissão, tentar encontrar uma forma de resolver os conflitos com as demais categorias profissionais, questões de atribuições e sombreamentos”, diz.

Existem hoje em torno de 55 a 60 mil arquitetos registrados no Sistema e 120 escolas de arquitetura. Hoje o arquiteto atua na parte de ambientação, projetos de edificações, questão urbana e ensino.

Bety Rita Ramos - Da equipe da ACS