Lapidário: uma profissão promissora para Mato Grosso

Cuiabá, 25 de abril de 2011
 

Lapidário é o profissional que se utiliza de equipamentos para modelar, lapidar, pedras brutas. É ele quem dá o brilho e fascínio às pedras que a natureza produz. Sem o trabalho do Lapidário a pedra não teria um centésimo do brilho que vemos. É ele quem "desnuda" a gema, para que se mostre por completo.

O mercado de lapidação de pedras ornamentais, tanto as preciosas como as semi-preciosas, é muito atraente, tornando a profissão do lapidário rentável, exigindo baixíssimo investimento inicial. Somada a estas características a riqueza mineral do Estado de Mato Grosso torna a profissão de lapidário muito promissora.

Pensando nisso a Companhia Matogrossense de Mineração (Metamat) está investindo na qualificação dessa mão-de-obra com os objetivos de fomento econômico do setor mineral e uma atração para a Copa de 2014.

A primeira turma do curso de Lapidação de Pedras ocorreu entre os meses de agosto de dezembro de 2010. O Núcleo de Lapidação de Pedras Coradas foi inaugurado em junho e funciona anexo à Metamat vinculada à Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme).

"Estamos fazendo o trabalho social da empresa e futuramente temos a intenção de interiorizar este projeto", explicou o diretor presidente da Companhia, João Justino.

Segundo o coordenador do Núcleo de Lapidação Mineral da Metamat, Wanderlei Magalhães de Resende, a primeira turma formou 16 lapidário mas a meta é de que até à Copa 180 pessoas estejam capacitadas.

Os cursos são gratuitos com duração de cinco meses. Todos os equipamentos e matérias serão fornecidos pela Metamat.

As pedras trabalhadas serão as coradas classificadas em joias e semi joias. Elas já estão em estoque na Metamat. Antes da realização do curso foi feito um estudo geográfico dos municípios matogrossenses para saber onde estão localizadas as pedras. De acordo com as pesquisas os minerais foram encontrados nas cidades de Pontes e Lacerda, Aripuanã, Alta Floresta, Rondolândia e na Baixada Cuiabana as Ametistas, o Cristal de Rocha e o Quartzo Mutilado, todos provenientes da exploração de ouro e diamantes.

O professor Ednilson Martins Santos, natural de Minas Gerais, estado considerado destaque mundialmente no setor de lapidação, trabalha na área há mais de 20 anos. Segundo ele, uma pedra lapidada agrega mais de 500 vezes o valor da pedra bruta. "Depois de lapidada, a pedra gera mais lucro que o ouro".

TÉCNICA - O primeiro passo é conhecer as máquinas e equipamentos utilizados na lapidação de pedras preciosas e o seu manuseio, os fundamentos da lapidação, além de fazer um exame visual detalhado da pedra preciosa.

Além de aprender a lapidar pedras preciosas nas suas formas mais usuais, o curso atenta para o Artesanato Mineral, que inclui a lapidação de minerais para peças decorativas.

"O curso no qual temos professores aposentados, ex-garimpeiros e filhos de pessoas que já trabalharam com a exploração mineral, participam da quebra de um paradigma porque é um trabalho atraente e a mão de obra aqui na região é restrita", observa o coordenador do núcleo.

Como é o trabalho de quem dá forma às joias?

Há quem diga que joias e diamantes são os melhores amigos das mulheres. A verdade é que essas preciosidades sempre fascinaram mulheres e homens mas, se as pessoas tivessem uma pequena ideia de como a pedra bruta é transformada numa beleza única ou como se produz uma joia diria-se que os diamantes são os melhores amigos dos ourives e lapidários: os profissionais que estão por trás das pequenas obras de arte que reluzem.

Esses habilidosos artesãos trabalham em plena sintonia. Enquanto o lapidário esculpe as pedras preciosas, o ourives dá formas ao ouro, à platina ou à prata com seus delicados maçaricos, pinças e equipamentos de alta precisão. O conhecimento deve ser vasto. Existem mais de 80 tipos de acabamento em ouro: martelado, fosco, brilhante e assim por diante. Cada fase do processo é meticulosa. Tome-se como exemplo a filigrana, técnica da ourivesaria que confecciona os fios de ouro utilizados na ornamentação das joias. É preciso obter a espessura de um fio de cabelo a partir de uma barra de ouro com a grossura de um centímetro. Nada pode dar errado.

Nesse mundo da joalheria, a perfeição não deve ser atingida, mas sim ultrapassada. Algumas pedras são estudadas demoradamente antes de serem lapidadas. É assim que a joia começa a nascer. A pedra bruta é analisada pelos lapidários que visualizam em quantos pedaços ela deve ser cortada. Todo cuidado é pouco para que o corte não mude a sua coloração. Se a gema for grande, os designers projetam a joia em cima dela. Caso contrário, o desenho é feito antes da lapidação.

Todas as pedras, com exceção do diamante, são cortadas manualmente por uma pequena serra de cobre envolta em pó de diamante. O próximo passo é colocar a pedra no esmeril, um equipamento que dá a forma arredondada ou quadrada para a peça. Depois disso, o lapidário faz as facetas. A peça é levada a um disco de estanho e esculpida. O profissional tem apenas três ferramentas para igualar os lados: a visão, audição e a sensibilidade. Por fim, o polimento feito em um disco de estanho com chumbo.

O valor da joia vai depender desse amplo processo. Não adianta ter uma pedra com ótima coloração e pureza se a lapidação for mal feita. Se a lapidação for perfeita, mas o encaixe da gema estiver mal acabado, tudo vai por água abaixo. "É preciso ter tranquilidade, paciência, capricho e senso crítico", revela o professor Ednilson.

Rafaela Maximiano
Gecom/Crea-MT