Brasília, 27 de setembro de 2023
No lado oeste da ilha, próxima ao Aeroporto Internacional de Florianópolis, existe uma escola de fachada colorida em tons pastéis, de 5,4 m2, chamada Escola Básica Municipal Tapera – Escola do Futuro. O “futuro” do nome da escola faz referência à metodologia de ensino adotada pela equipe pedagógica da instituição, mas também poderia ser alusiva ao método de construção utilizado para erguer o edifício que hoje sustenta as salas de aula – o BIM (Building Information Modelling ou Modelagem de Informações da Construção).
Inaugurada em fevereiro de 2020, a escola levou apenas um ano para ser construída, metade do tempo previsto no início da obra. Isso graças ao projeto e à compatibilização feitos por meio do BIM, que reduz não apenas custo, mas também tempo da obra. “O fato de conseguirmos entregar essa obra na metade do tempo foi um benefício gigante para a comunidade”, celebrou o engenheiro e consultor técnico da prefeitura de Florianópolis Júlio César da Silva.
A tecnologia BIM permite criar digitalmente modelos virtuais precisos para uma construção e fiscalizar a obra em todas as etapas, inclusive antes que ela comece a ser executada. O que era manual e depois feito em 2D, agora é modelado em 3D, identificando inconsistências e erros que tendem a retardar e aumentar o custo do projeto. Na obra da escola do bairro florianopolitano da Tapera, por exemplo, na etapa do projeto em BIM, foram encontrados 286 erros na etapa do projeto, que foram solucionados em 3D antes de se enfrentar a obra. Os modelos gerados por computador contêm geometria e dados necessários para o apoio às atividades de construção, fabricação e aquisição por meio das quais uma obra é realizada.
O BIM está cada vez mais presente no setor da construção, principalmente por sua capacidade de solucionar problemas enfrentados há muitos anos nessa indústria. Ele integra todos os dados em um único local e facilita o compartilhamento do projeto entre diferentes profissionais durante o processo de construção, como arquitetos, engenheiros, projetistas, fornecedores de materiais, gerentes ambientais e clientes. Assim, todos podem interagir com o projeto de um edifício, gerando maior valor agregado.
“O investimento em BIM é um investimento em inteligência no processo construtivo e na elaboração de projetos. O case da Escola da Tapera é um marco na administração pública de Florianópolis e uma experiência que podemos compartilhar com outros municípios”, afirmou Luciano Formigheri, que foi o secretário adjunto de Educação de Florianópolis durante a construção da escola.
“O grande diferencial que o BIM traz na construção civil é você ter uma construção virtual da sua obra, simular os cenários, saber como será sua obra nos mínimos detalhes, deixando margem de erro quase que zero. No setor público vamos ter mais transparência, vamos evitar aditivos, vamos ter cronogramas precisos, um planejamento virtual. O principal foco do projeto é o atendimento a normas técnicas de segurança e desempenho. Ao alinhar a tecnologia BIM com as normas, você tem um produto de extrema qualidade. O BIM é uma revolução na indústria da construção civil e, para isso, o projetista tem que estar capacitado em uma nova metodologia”. Esse é depoimento de Francisco de Assis Araújo Gonçalves Jr, engenheiro eletricista e especialista em BIM da AltoQI – Tecnologia Aplicada e Engenharia, empresa que construiu a escola da Tapera.
“O BIM acarreta num projeto entregue com mais qualidade, além de gerar um custo reduzido para os clientes finais. O conceito BIM já está muito concreto no mercado. A gente só precisa de ferramentas que facilitem o seu uso”, pondera Bruna Maria Morosini Bogoni, engenheira eletricista da AltoQI – Tecnologia Aplicada e Engenharia.
Assista ao pequeno documentário sobre a construção da escola da Tapera
Escola do Futuro
Com uma proposta quadrilíngue, dentro do currículo de ensino da Escola da Tapera estão aulas de múltiplas linguagens, como Português, Inglês, Língua Brasileira de Sinais (Libras) e Letramento Digital - que é relativo a modos de ler, escrever e interpretar informações, códigos e sinais verbais e não verbais com o uso de dispositivos digitais.
São 12 salas de aula, com cinco turmas dos anos iniciais em tempo integral e oito turmas dos anos finais em tempo parcial e atendimento no contraturno por meio de oficinas e projetos.
A construção, com 5.455,20 m², tem diversos laboratórios, espaço maker, sala de artes, sala de música, sala de tecnologias, sala multimeios, biblioteca, além de um ginásio de esportes. A escola conta ainda com 3 quadras esportivas e refeitório. O investimento total foi de quase R$ 11,8 milhões.
Assista ao pequeno documentário sobre a Escola do Futuro
Próximas escolas BIM
Teresina se prepara para também construir suas escolas municipais utilizando-se da metodologia BIM. O Núcleo de Tecnologia BIM, da Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação (Semplan), está desde abril em articulação com a Secretaria Municipal de Educação, por meio da Prefeitura, para garantir visitas técnicas a prédios públicos que já contaram com a tecnologia em suas construções.
Beatriz Leal
Equipe de Comunicação do Confea
Com informações da Alto QI, da Prefeitura de Florianópolis e da Prefeitura de Teresina