Engenheiro Agrônomo pela Universidade de São Paulo (USP), em 1981; Mestre em Nutrição e Produção Animal pela Universidade de São Paulo (USP), em 1988; Doutor em Ciências Biológicas (Biologia Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), em 1992
Nascimento: São Paulo (SP), 30 de agosto de 1959
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP)
Idealizador do Programa Balde Cheio, responsável pela transferência de tecnologia que, desde 1998, já beneficiou milhares de propriedades produtoras de leite em todo o país, o engenheiro agrônomo Artur Chinelato de Camargo é pesquisador aposentado da Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP). Ali ficou por mais de três décadas, embora tenha iniciado sua trajetória na Embrapa Gado de Leite, em Juiz de Fora (MG).
“Não conheci um ser humano com a bondade, o conhecimento do Artur. E a vontade de ajudar o pequeno produtor. Só quem convive com ele sabe como ele atuava como um verdadeiro terapeuta para os produtores”, comenta Maurício Salles, parceiro da implantação do programa no estado do Rio de Janeiro, há 20 anos.
Vice-presidente do Sistema Faerj/Senar Rio, que envolve a Federação de Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio de Janeiro e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, Maurício coordena o programa no Rio de Janeiro desde 2003, chegando a levá-lo de forma autônoma também para o estado do Espírito Santo.
“Inicialmente, ele foi no interior do Rio, mostrando que o leite poderia ser uma atividade de sucesso. Os produtores queriam saber quem iria ajudar. Não tinha nenhum profissional que pudesse aplicar. E voltando à Embrapa, ele criou o programa”. Em 20 anos, mais de 1000 propriedades seriam atendidas no estado.
“Nesses 20 anos, treinamos em um sistema, idealizado pelo Artur, de produção intensiva de leite em que você capacita técnicos das ciências agrárias, usando a pequena propriedade rural como sala de aula. Foi um aprendizado único, o profissional saía preparado para atuar na assistência técnica”, diz Maurício Salles, lembrando que Artur coordenava o trabalho ao lado do engenheiro agrônomo André Novo, também pioneiro do programa. “Eles vinham quatro vezes por ano”.
Em live realizada em 2020 com o tema “Pecuária Sustentável e de Precisão”, o chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Agropecuária Sudeste, eng. agr. Alexandre Berndt, afirmou que o programa “impacta milhares de famílias no Brasil, aumentando a renda no campo, produzindo leite com sustentabilidade”.
Criado naquela unidade da Embrapa que então fazia 45 anos, o programa era lembrado ainda pelo presidente da Embrapa, eng. agr. Celso Moretti, como então “presente em 13 estados e em mais de 1.200 propriedades”. Até 2022, Artur levara pessoalmente o Balde Cheio a 638 municípios e 3.678 propriedades, além de capacitar mais de 850 técnicos. O programa já alcançou 19 estados brasileiros, além da Colômbia e Equador.
Com alguns exemplos apresentados por Artur na ocasião, entre as tantas histórias de vida compartilhadas com os pequenos e médios produtores, o programa de transferência de tecnologia para pecuária leiteira melhora a produção de leite e a qualidade de vida do produtor rural, atentando ainda para a qualidade de vida do animal. “O Balde Cheio não se limita a trabalhar com vacas leiteiras. Nós não olhamos simplesmente os números, nós queremos resgatar as pessoas”, disse, citando casos de produção orgânica e uso de búfalas e cabras leiteiras.
“Artur é um dos maiores pesquisadores e extensionistas de pecuária de leite no Brasil. Extensionista com orgulho, pois dar aulas e capacitar técnicos e produtores é sua grande paixão. Tem o dom de encantar plateias por horas a fio, transmitindo toda essa emoção na linguagem do produtor de leite. Não dá para ficar indiferente às suas ideias quando transmitidas por meio dos infinitos ‘causos’ que ilustram sua fala. Histórias pedagógicas, coletadas ao longo de suas infinitas viagens, que deixavam qualquer técnica absolutamente simples de ser compreendida e aplicada”, descreveu o amigo e parceiro na implantação do Programa Balde Cheio, eng. agr. André Novo.
Atual chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária Sudeste e hoje à frente do programa, André lembra ainda que Artur descreveu todo o processo de intensificação da atividade leiteira em “Sítio Esperança”, uma “novela técnica”, publicada em 30 “capítulos” a partir de 2004 na revista “Balde Branco” e reunida em livro a partir de 2008.
“Era o meu anseio, partindo de um cenário de total desalento existente em muitas propriedades leiteiras, em especial as de tamanho reduzido, mostrar os caminhos para a mudança da situação e, por fim, alcançar a realização plena depois de um processo de transformação lento e longo”, descreve na apresentação da edição mais recente de sua publicação, cujos 10 mil exemplares se somam aos 13 mil das edições anteriores.
Ao longo de sua trajetória profissional, diz ainda André Novo, “essa paixão pelo trabalho e pela transferência de tecnologia iluminou o caminho de milhares de famílias, assim como deu um propósito de vida a centenas de técnicos participantes do Programa Balde Cheio, a sua grande obra”, destacando a atuação de outras unidades da Embrapa no programa e descrevendo ainda sua paixão pelo Corinthians.
“Esta é uma homenagem mais do que justa. Artur recebeu muitos agradecimentos e homenagens, das grandes entidades, aos pequenos produtores que tiveram suas vidas impactadas. Esse é mais um reconhecimento que valoriza sua atuação”, afirma.
Trajetória profissional
Pesquisador da Embrapa Gado de Leite, em Juiz de Fora-MG (1985-1990); Na Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos-SP, pesquisador (1991-2023), coordenador do Programa Balde Cheio (1998-2023) e supervisor (2004-2008); Autor do livro “Sítio Esperança” (2008), disponível na internet.