Brasília, 23 de novembro de 2020.
A partir de janeiro de 2021, o Crea Rio Grande do Sul inaugura uma nova fase ao ser presidido por uma engenheira ambiental: Nanci Walter traz em seu currículo uma multiplicidade de papéis, entre eles, o de ser mãe, de ter sido vice-presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano de Esteio (CMDU), presidente do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Esteio, inspetora-chefe e coordenadora das Inspetorias do Crea-RS.
Essa trajetória, marcada pela inovação, teve início ainda ao escolher a profissão: “a Engenharia Ambiental era um curso extremante novo, fiz parte da primeira turma de formandos do curso de Engenharia Ambiental do Rio Grande do Sul e a segunda turma do país”, relembra ao revisitar o percurso que a levou até a presidência do Regional.
Confira a entrevista em que ela compartilha um pouco da sua história, posicionamento e planos para o Crea nos próximos três anos.
1) Site do Confea: A senhora acredita que esse crescimento da representação feminina no Sistema já é fruto do Programa Mulher?
Nanci Walter – Acredito que toda ação/atividade/programa que incentive a maior participação da mulher no Sistema é válida. O Programa Mulher é recente no nosso Sistema, e espero que ele se desenvolva cada vez mais. As próximas presidentes de Creas, conselheiras federais e na Mútua poderão contribuir nesse sentido.
2) Site do Cnfea: Qual a importância de trabalhar essa equidade de gênero, principalmente no Sistema Confea/Crea?
Nanci Walter – É importante que o Sistema trabalhe fortemente desmistificando as áreas que ainda são predominantemente masculinas. Com essa predominância que se reflete nos números: neste pleito em nosso Sistema tivemos 06 mulheres (comigo) que assumirão a Presidência dos Regionais, temos ao todo 27 Creas em todo País. Imagino que para essas colegas não foi fácil chegar onde chegaram, e assim foi comigo também. Mas encaro os percalços até aqui como desafios superados. Trago comigo o seguinte: “não queremos ser melhores, queremos que respeitem as diferenças e que possamos superar essas diferenças para somar”.
3) Site do Confea: Neste triênio à frente do Crea, quais os principais desafios já mapeados que demandam esforço e atuação? Eles constam da agenda de prioridades, como serão tratados e quais resultados positivos irão gerar?
Nanci Walter – No nosso próximo triênio que iniciará em 01/01/2021 precisaremos, antes de tudo, trazer à tona o sentimento de pertencimento dos profissionais que fazem parte do Crea-RS. A nossa vitória foi uma conquista da coletividade, um movimento vindo da base do Sistema, e teremos muitos desafios na nossa gestão, mas todos voltados a um objetivo em comum: o de ressignificar o relacionamento com os profissionais, que é a razão de ser do Crea-RS.
Como todos devem ter acompanhado, nos últimos três anos tivemos, consecutivamente, três primeiros vice-presidentes no exercício da Presidência no nosso Regional gaúcho, por isso, nós profissionais estamos carentes de ver no Conselho ações e atitudes que nos representam, de se sentir como parte de algo maior.
Entre as prioridades, podemos citar a necessidade de atualização tecnológica, da modernização da prestação de serviços públicos, da simplificação no atendimento aos profissionais. Não podemos esquecer que a função finalística do Crea-RS é a fiscalização do exercício profissional, na nossa gestão teremos um olhar diferenciado para este departamento.
É fato que o distanciamento estimulou mudanças de comportamento, foi preciso migrar boa parte da burocracia do papel para o virtual, repensar e simplificar processos e há muito o que fazer sobre isso.
Não há outra maneira de prestar melhores serviços senão facilitando a vida do funcionário e do maior interessado nisso: o profissional.
4) Site do Confea: A senhora acredita que o Sistema Confea/Crea e Mútua demanda uma readequação de seus procedimentos? Por quê? Se sim, qual tipo de reestruturação é necessária e como a gestão do senhor irá atuar neste sentido?
Nanci Walter – Na minha trajetória no Crea-RS pude conviver com várias das nossas importantes lideranças, bons exemplos de governança e/ou gestão, e exemplos que não devemos seguir.
A nossa principal legislação, a Lei Federal nº 5.194, completará 54 anos no próximo mês em 24 de dezembro. Para nós, a Lei foi um marco para o exercício das profissões da Engenharia, Agronomia e Geociências abrangidas pelo Sistema Confea/Crea. A regulamentação dessas profissões deve garantir segurança à sociedade, interesse profissional e utilidade pública.
Nosso sistema profissional precisa ser mais dinâmico, a Lei Federal 5.194/66 precisa de revisão urgente, é preciso ter mais cuidado e atenção na elaboração das resoluções de modo que não traga insegurança jurídica às gestões. Como mencionado anteriormente, no Crea-RS tivemos três gestões interinas diferentes em 2018, 2019 e 2020, por óbvio, será necessária a revisão e readequação de procedimentos. E como já falamos em outras oportunidades, os bons exemplos e as boas práticas permanecerão! Não temos mais tempo e energia para perder em desavenças, precisamos nos unir e focar no que nos une.
5) Site do Confea: Acredita que a integração dos Creas dentro da região geográfica e de forma nacional é importante? Se sim, quais caminhos possíveis, dos pontos de vista institucional e político? Quais vantagens esse movimento pode gerar para o Sistema e para os profissionais do setor?
Nanci Walter – Enquanto Coordenadora das Inspetorias acompanhei reunião do Crea Sul (Crea-RS, Crea-SC e Crea-PR), e como a proximidade e muitas semelhanças entre os Estados propiciam maior interação entre ambos. É comum os profissionais gaúchos possuírem visto nesses Creas, e assim há necessidade das consultas de emissão de registros, cadastros de cursos e Instituições de Ensino, consultas de ARTs, profissionais, empresas, dentre outros serviços. A troca de informações e experiências é fundamental para a construção dessa integração.
O fluxo de informações entre os Creas pode trazer vantagens e padronização de alguns procedimentos que facilitam a vida do profissional, independentemente da região em que ele reside ou trabalha.
6) Site do Confea: Muito se fala na responsabilidade e habilidades dos profissionais registrados no Sistema Confea/Crea como contribuições diretas para o desenvolvimento do Brasil e para a implantação de políticas públicas que levem à retomada do crescimento nacional. Qual a opinião da senhora sobre essa viabilidade?
Nanci Walter – O ano de 2020 ficará na história, pela pandemia da Covid-19, causada pelo (SARS-CoV-2), os profissionais registrados no Sistema Confea/Crea precisaram fazer a rápida leitura do contexto tecnológico, social, ambiental e econômico e relacioná-lo a tendências do mercado. Em abril deste ano, o Governo Federal lançou o Programa Pró-Brasil, cuja meta foi de investir R$ 30 bilhões, ao longo de três anos, em obras de infraestrutura no país. É importante que estejamos preparados para contribuir e fazer parte da solução para este crescimento econômico. Nesse contexto, o Sistema Confea/Crea, principalmente o Crea-RS, por meio de seus profissionais, precisa ser o protagonista desta retomada da economia e do crescimento sustentável do nosso país.
No decorrer dos próximos dias serão divulgadas as entrevistas com todos os presidentes de Creas.
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Fernanda Pimentel
Equipe de Comunicação do Confea com colaboração de Jô Santucci (Crea-RS)