Crea participa de seminários sobre sistema de transporte e mobilidade na Assembleia

Salvador, 06 de maio de 2011.

O Crea-BA foi uma das instituições que contribuiu com as discussões nos dois eventos sobre sistema de transporte e mobilidade urbana na Região Metropolitana de Salvador realizado ontem (05) na Assembleia Legislativa da Bahia. Propostos pelos deputados Álvaro Gomes (PCdoB) e Maria Del Carmem (PT), os encontros chamaram a atenção para o impasse que ainda existe em relação à opção a ser implantada até 2014 (BRT ou VLT) e as ações executadas pelo Estado e municípios no sentido de melhorar o acesso das pessoas.
O presidente do Crea-BA, Jonas Dantas, alertou para a questão do fortalecimento das bases sociais para que a população possa intervir e ajudar na decisão, pois até então era excluída do processo. Chamou a atenção para a integração dos modais, afirmando que Salvador tem 35 km de costa navegável que pode ser utilizada para a melhoria do deslocamento dos baianos. Citou a importância da Copa e também dos benefícios sociais, culturais e físicos que podem ser deixados e informou que a última intervenção feita em favor da mobilidade urbana em Salvador já possui mais de 40 anos, a Avenida Paralela.
Destacou a falta de controle social nas discussões em torno da implantação do metrô de Salvador e denunciou o estado em que se encontra a Estação da Lapa e o Terminal Rodoviário. Lembrou que nada foi feito até agora em favor da mobilidade não motorizada e sugeriu implantação de ciclovias e de infraestrutura para que as pessoas tenham a oportunidade de andar a pé em determinados trechos da cidade. “Mais do que discutir, precisamos apresentar projetos e operacionalizá-los para melhorar nossa vida. Salvador se tornou mercadoria - para quem tem dinheiro o melhor. A Copa é oportuna, mas a sociedade precisa tomar responsabilidade para si para que tenhamos a cidade que queremos”, ressalta.

PMI - Representando a Secretaria de Planejamento do Governo do Estado, Antonio Alberto Valença, explicou a opção pelo Procedimento de Manifestação de Interesses (PMI), mecanismo novo que permite as empresas a apresentarem projetos sem custos para o erário público. Ele informou que sete empresas interessadas em gerir o sistema de transporte e mobilidade na RMS estão concorrendo e detalhou como será firmada a parceria entre o capital público e o privado.  “As propostas são analisadas por um núcleo governamental permanente composto por integrantes das secretarias de Planejamento, Fazenda e Desenvolvimento Urbano, além da Procuradoria Jurídica e Casa Civil. Serão feitos estudos preliminares e depois apontado o vencedor ”, acrescenta.
Antonio Valença citou dados da pesquisa do Ipea que revelou a insatisfação dos brasileiros em torno do transporte público. Conforme o estudo 54% dos entrevistados em cerca de 150 cidades do País estão descontentes. Ele não deixou clara sua opção (BRT ou VLT), mas defendeu que a alternativa escolhida para Salvador seja tarifária e sustentável.

BRT - O representante da Secretaria de Transportes e Infraestrutura da Prefeitura de Salvador, Ernani Orrico Neto, embora não tenha declarado oficialmente a preferência pelo BRT, citou os benefícios do sistema de transporte. Fugindo um pouco da disputa entre o BRT e VLT, reforçou a questão da saturação da Avenida Paralela, afirmando que passam por faixa pela via mil veículos por hora em horário de pico. “A Paralela foi descaracterizada como via expressa, pois é a atual possibilidade de ligação entre o Norte e o Sul da cidade”, disse.
Ele sugere a construção de duas vias expressas (Linha Viva  liga Norte ao Oeste e Recôncavo e Avenida Atlântica  une a Paralela e Otávio Magabeira) e implantação de vias complementares (Gal Costa, 29 de Março e Via Expressa).  “Com essas adequações a Paralela receberia cargas laterais e seria basicamente via de transporte coletivo”, comenta.

Trens - Em favor do VLT, metrô ou qualquer outro sistema sobre trilhos, o representante do sindicato dos Metroviários, Wagner Farjado, lamentou a falta de recursos no PAC para ampliar o sistema de transporte. Citou a escolha pelo BRT em várias cidades brasileiras e enfatizou que o Brasil é o país do mundo com menos sistema sobre trilhos. Denominou como “aberração” os metrôs de Salvador e Fortaleza e manifestou-se contra a “solução privatista”, que segundo ele, vem acontecendo em estados como São Paulo e Recife. Apontou como solução para situação a devolução da responsabilidade da gestão do sistema de trens, que está com a prefeitura, para a União. 

Em tempo  O secretário da Secopa, Ney Campello, informou que serão investidos recursos, por meio do PAC 2, na ordem de R$ 40 milhões para a construção e requalificação de 200km de ciclovias na RMS.

Nadja Pacheco
Fonte: Ascom Crea-BA