Código de ética é discutido nacionalmente

quinta-feira, 26 de setembro de 2002. O Sistema Confea/Crea realizou hoje (26/09) discussão nacional sobre o novo Código de Ética. Por meio do Sistema de Comunicação Corporativa (Dtcom) os profissionais participaram dos seus Creas com sugestões e questionamentos da última versão do novo código, cuja elaboração está sendo coordenada pelo Colégio de Entidades Nacionais (Cden), através da Copece - Comissão Permanente de Estudos do Código de Ética. A teleconferência foi aberta às 14h50 do estúdio da TV Record em Curitiba, pelo presidente do Confea eng. Wilson Lang, que disse esperar resultar do evento um arcabouço básico para gerar o novo Código de ética que contemple as ansiedades dos profissionais. A primeira exposição foi do professor da USP e consultor Alípio Casali que iniciou falando da diversidade cultural como produto da história do homem. "Antagônica e paralela à essa diversidade foi sendo desenvolvida a convergência. Gerada, aliás, pelos atritos da produção da diversidade", explicou, ressaltando que o aspecto positivo da convergência é a consciência dos direitos universais. "Apesar das diferentes características culturais temos (povos) pontos comuns", esclareceu. O ponto de convergência chegou ao seu apogeu em 1948 depois de duas guerras mundiais devastadoras. "Nesse momento configurou-se que a ética é a única fonte de valores que dá a humanidade condições de sobrevivência", disse, lembrando que o ser humano tem necessidade de viver em grupo, ser membro de uma sociedade, que ultrapassa a local e chega até a universal. Outro aspecto que Casali abordou, relacionado à ética, foi a forma econômica como a humanidade se organizou nos últimos quatro séculos: a chamada economia de mercado. "Hoje a globalização esbarra no limite ético porque é um sistema econômico que sobrevaloriza a vantagem de uns sobre os outros e está calcado no individualismo que bate de frente com a ética", esclareceu. "Realizar um Código de Ética hoje é algo vital para qualquer corporação. É tempo dos profissionais se darem conta que têm uma responsabilidade cultural e social diante da humanidade, que é contribuir para o desenvolvimento", concluiu. A palestra de Casali foi seguida pela do assessor do Confea, eng. eletricista Edison Macedo que contextualizou historicamente o Código de Ética. Ele explicou que de 1892 a 1933 ocorreu uma pressão para a adoção da regulamentação da atividade profissional. Em 1966 o Sistema Profissional Confea/Crea foi consolidado com a Lei 5.194, e cinco anos depois, o Conselho adotou o Código de Ética través da Resolução 205/71. Macedo enfatizou que a ética é assunto constante em todos os Congressos de Profissionais dos Área Tecnológica e no IV CNP, realizado o ano passado, aconteceu a decisão de se fazer um novo Código. A palestra seguinte foi do eng. civil José de Barros Ramalho Ortigão, que lembrou, endossando a posição de Casali, que o homem é essencialmente um elemento de sócio ligação. "Ele procura seu semelhante para desenvolver-se e a engenharia é fruto dessa sistemática. Qualquer que seja a atividades do engenheiro tem que ser baseada na ética", declarou. Na seqüência, o arquiteto Jaime Pusch explicou a forma como vem sendo formatado o novo código de ética dos profissionais da área tecnológica, metodologia utilizada, dificuldades, motivações e novidades do novo texto. "Procuramos desde o início fundamentar o Código em valores fundamentais da ética. Tivemos fatores complicadores como a pluralidade profissional do Sistema. Procuramos com cautela manter a identidade individual das profissões e inserimos valores morais atuais sem prejuízo dos tradicionais", informou. A grande novidade da novo código, segundo Pusch, é o capítulo inédito dos Direitos dos profissionais. "Esclarecidos e proclamados eles contribuem para a segurança profissional", justificou. A teleconferência contou com grande participação do público que acompanhou nos Creas. Entre outras, ocorreram intervenções dos Creas DF, MS, SP, RS, MT e PE. Os coordenadores do CDEN, arquiteto Eduardo Bimbi e a enga. de alimentos Márcia Nori, explicaram que todas as contribuições expostas na teleconferência foram registradas, mas devem ser enviadas por escrito para o e-mail cden@confea.org.br . Disseram ainda que a partir de 4 de outubro a próxima versão do texto do Novo Código, que já deve conter essas contribuições, estará disponível no site do Confea. Porém, o prazo para contribuições se estende até o dia 15 de outubro. A plenária final sobre o assunto deve acontecer nos dias 5 e 6 de novembro. Bety Rita RamosDa equipe da ACS