CCEAGRI debate aerolevantamento, Sigef e sensoriamento

Reunião da CCEAGRI, na Mútua, em Brasília
Reunião da CCEAGRI, na Mútua, em Brasília

Brasília, 18 de agosto de 2022.

A obtenção de imagens para a sistematização de dados cartográficos por drones ou aviões é o objeto do aerolevantamento. Para discutir as atribuições e normativos da atividade, a Coordenadoria de Câmaras Especializadas de Engenharia de Agrimensura (CCEAGRI) esteve reunida nesta quarta (17/8) com o gerente-geral da Seção de Geoinformação, Meteorologia e Aerolevantamento (Segma) do Ministério da Defesa, eng. cartog. Capitão de Mar e Guerra Mario Orlando de Carvalho Júnior, e com a Coronel e coordenadora de Geoinformação, eng. cartog. Linda Soraya Issmael, no último dia de sua terceira reunião ordinária. 

Iniciada nesta segunda-feira (15/8), na sede da Mútua – Caixa de Assistência dos Profissionais, em Brasília, a reunião foi marcada também pela participação do chefe da Divisão de Geomensura do  Incra, eng. cartog. Edaldo Gomes. “Ele abordou a atualização do Sistema de Gestão Fundiária (Sigef), o banco de dados do Incra, reunindo informações sobre os proprietários e profissionais que atuam no meio rural, em atividades como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) e no georreferenciamento de imóveis rurais”.

Chefe da Divisão de Geomensura do  Incra, eng. cartogr. Edaldo Gomes
Chefe da Divisão de Geomensura do Incra, eng. cartog. Edaldo Gomes

Entre outros temas discutidos pela área, destaque ainda para a palestra do coordenador de Recursos Naturais e Ambientais da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEI, geog. Anderson Gomes. “Ele fez uma importante explanação sobre as novidades tecnológicas relacionadas ao sensoriamento remoto, aquele feito por imagens de satélites, apresentando o andamento do projeto de atualização dos limites territoriais municipais do estado”, descreve o coordenador da CCEAGRI, eng. agrim. Marcos Almeida, informando que a área é normatizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

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Atribuição profissional no Aerolevantamento
Na visita ao Ministério da Defesa, o coordenador esteve acompanhado pela vice-presidente do Crea-BA, geógrafa Aline Correia, pelo coordenador da Câmara de Engenharia de Agrimensura do Crea-SP, eng. cartog. Paulo de Oliveira Camargo, e pelo gerente de Relacionamentos Institucionais do Confea, eng. amb. Renato Muzzolon Júnior.

Segundo Marcos Almeida, “foi uma reunião bastante proveitosa com o Ministério da Defesa, onde recebemos muitos esclarecimentos sobre os normativos da área de aerolevantamento, que abrangem também outros órgãos com atuações mais específicas como o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes),  Dcea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) e Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Percebemos que o ministério tem muita preocupação tanto com a parte técnica, como com a legislação”. 

Em relação à atribuição profissional para atuar com aerolevantamento, Mario Carvalho afirmou que “a Segma atua com o mesmo espírito prático de vocês. Não nos envolvemos diretamente com a questão da atribuição, que fica com os conselhos envolvidos. Mas se o profissional não tiver essa formação, não é ele que tem que fazer aquilo. Prezamos pela competência, mas não entramos em debate sobre o exercício das competências, que fica com vocês”, enfatizando aspectos como a análise da legalidade da demanda. 

“Hoje, estão habilitados para aerolevantamentos apenas os profissionais devidamente habilitados no Crea”, disse, citando a Resolução 218/1973, que estabelece as atribuições profissionais do Sistema, e ressaltando que o Ministério da Defesa considera a capacitação profissional e o atendimento à legislação nacional como principais referenciais. “Claro, fazemos uma gerência mais direcionada às áreas de interesse da Defesa”, ressalta.

Coordenador Nacional da CCEAGRI, eng. agrim. Marcos Almeida; coordenador da CEAGRI do Crea-SP, eng. cartogr. Paulo Camargo, e vice-presidente do Crea-BA, geograf. Aline Correia, em reunião no ministério da Defesa com a coordenadora de Geoinformação, eng. cartogr. Coronel Linda Soraya Issmael, e gerente geral da Segma, ng. cartogr. Capitão de Mar e Guerra Mario Orlando de Carvalho Júnior
Coordenador Nacional da CCEAGRI, eng. agrim. Marcos Almeida; coordenador da CEAGRI do Crea-SP, eng. cartog. Paulo Camargo, e vice-presidente do Crea-BA, geog. Aline Correia, em reunião no Ministério da Defesa com a coordenadora de Geoinformação, eng. cartog. Coronel Linda Soraya Issmael, e o gerente-geral da Segma, eng. cartog. Capitão de Mar e Guerra Mario Orlando de Carvalho Júnior


O Capitão de Mar e Guerra também informou que a legislação da atividade passou por muitas modificações nos últimos três anos. Nesse sentido, houve a preocupação de instruir as empresas que solicitam cadastro em Geoinformação para efetuar o aerolevantamento que elas precisam conter essa atividade em seus regimentos internos. “O objetivo é garantir o melhor para a sociedade”, enfatizou. “A imagem aérea é uma questão de segurança nacional, aprendemos isso na escola”, comentou o coordenador da CCAGRI do Crea-SP.

Política de Governança Cartográfica 
Um dos pontos principais da discussão, segundo o coordenador da CCEAGRI, foi constatar a preocupação do governo com o exercício legal dessas atividades, a ponto de discutir a regulamentação de uma política nacional de governança cartográfica. “Foi criado um Grupo de Trabalho com o ministério e formado ainda por órgãos como Inpe, IBGE e Agência Espacial Brasileira. Esperamos poder contribuir mais para esta regulamentação oportunamente”, comentou o coordenador.

Segundo o Capitão de Mar e Guerra Mario Orlando de Carvalho Júnior, as ações do ministério relacionadas à área envolvem análises que vão além do aerolevantamento em si, abrangendo aspectos como sensores, pilotos, área de voo e áreas de interesse militar. “Os acervos sobre essas atividades não devem ser arquivados em nuvem e devem ser mantidos porque são de propriedade do Estado brasileiro, só podendo ser repassados com a autorização expressa da Defesa”, citou, informando que repassa essas informações sobre legislação em eventos, como a Drone Show, realizada em São Paulo, em maio último.

Encerramento da reunião da CCEAGRI
Encerramento da reunião da CCEAGRI

Licitações


Em relação à participação de empresas em processos licitatórios, o gerente-geral da Seção de Geoinformação, Meteorologia e Aerolevantamento do Ministério da Defesa considera que “o setor tem que se autorregulamentar”, mas ressalvou que as empresas precisam ter profissional habilitado e cadastro no Ministério da Defesa. "Estamos orientando as prefeituras a exigir esse cadastro".

Segundo Mario Carvalho, o ministério atua sob orientação jurídica permanente. “Primeiro é observado esse cadastro em nosso sistema, depois se verifica se o escopo da licitação é realmente o aerolevantamento, em seguida, repassamos as informações à Conjur, que as leva ao Ministério Público, caso esta documentação esteja pendente. Hoje, não se pode fazer investimentos de vulto sem a análise de geoinformação por parte do ministério. A empresa que ganha a licitação vai ter que apresentar os projetos aqui”, disse, aceitando o convite do gerente de Relacionamentos Institucionais a promover uma apresentação no Confea.

A atuação do ministério envolve ainda a análise de itens como a descrição do projeto, as aeronaves utilizadas, os pilotos e operadores de sensores, verificando ainda a intercessão com áreas de fronteira e com áreas militares, inclusive em seus domínios aéreo e marítimo. “Isso apenas para dizer que pode voar”, ressalta, apresentando o Sistema de Cadastro de Levantamentos Aeroespaciais do Território Nacional – Sisclaten, cujo acesso é disponível ao público (clique aqui).
 

Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea

Fotos: André Almeida/Confea