Carlos Alonso Alencar Queiroz

Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em 1984; Especialista em Metodologia de Avaliação em Impactos Ambientais, em 1990, Engenharia de Segurança do Trabalho, em 1995, ambas pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Perícia Criminal e Ciências Forenses (2017) e Avaliações e Perícias (2019), ambas pelo Instituto de Pós-Graduação e Graduação (Ipog)

Nascimento: Belém (PA), 11 de maio de 1959

Falecimento: Manaus (AM), 10 de fevereiro de 2021

Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Amazonas (Crea-AM)

Muitos profissionais do Sistema estão entre as mais de 676 mil mortes decorrentes da pandemia de Covid-19 no país. No Amazonas, com uma demanda diária de 70 mil metros cúbicos de oxigênio em janeiro de 2021, a crise ceifou quatro mil pessoas nos três primeiros meses do ano. 

Entre elas estava um personagem estimado em todo o Sistema, o engenheiro agrônomo Carlos Alonso Alencar Queiroz, ex-conselheiro regional, conselheiro federal, diretor da Mútua Nacional e chefe de gabinete do Confea, nas gestões do engenheiro civil Marcos Túlio de Melo.

Alonso chegou a Manaus com 16 anos, com parte da família que acompanhou o pai, sargento da Aeronáutica. “Estudou no Colégio Militar de Manaus e fez o vestibular para engenheiro agrônomo”, conta o engenheiro civil Carlos Malom Alencar Queiroz, um dos nove irmãos de Alonso. “Parte da família ficou em Belém, sempre em contato”, descreve.

O maranhense Sebastião Moura Queiroz e a comerciante piauiense Leandra Alencar Queiroz logo veriam a transformação na vida do rapaz. “Mas a maior inspiração dele foi a esposa, que foi sua professora da universidade. E ele me incentivou a ir para a engenharia. Éramos grandes amigos”, conta Malom.

A bióloga Maria Sílvia de Mendonça Queiroz acabara de integrar o corpo docente do curso de Agronomia da Universidade Federal do Amazonas. “Estava no primeiro ano que cheguei e ele foi meu aluno de Botânica. Era extremamente inteligente e muito envolvido com o movimento estudantil”, comenta. 

Os pais do estudante Marauê e da fisioterapeuta Mayara Sílvia começaram a vida juntos com Alonso trabalhando como funcionário público na Secretaria de Agricultura do Estado. “Ele ainda fazia Medicina quando nos casamos. Gostava, mas o lado prático não fazia bem a ele. Ele dizia, brincando: ‘Já que eu não pude resolver o problema de saúde do Brasil, quero resolver o problema da fome’”, relata Sílvia.

Alonso deixou a Medicina no quinto ano, ainda cursando Agronomia.  “Ele se realizava com o produtor rural e fez pós-graduação e monografia nessa área. Ele gostava de estar com as pessoas do campo”, conta a esposa, que recebia o apoio do marido para cuidar dos filhos. “Sempre muito presente, lavando fraldas, não tinha essa história de pai estar longe”, diz. 

Alonso projetou uma trajetória política, candidatando-se a vereador. “Era muito ligado ao sindicalismo. Desde a universidade, tinha aproximação com a política. Era muito conciliador”, diz o irmão, sócio com ele na empresa Vegetart Engenharia Ltda., onde desenvolveram diagnósticos, estudos e relatórios ambientais, hidrológicos e hidrodinâmicos, desde a Arena Amazonas à proposta de construção do Gasoduto Juruá no polo petrolífero de Urucu, além de rodovias e emissários fluviais. “Também fomos fundadores do Ibape-AM, que ele recuperou recentemente como presidente”, diz Carlos Malom. 

O atual chefe de gabinete do Confea, eng. agr. Luiz Antonio Rossafa, descreve sua amizade com Alonso. “Eu o conheci em 1997, ambos conselheiros federais com lutas em benefício da sociedade, da categoria profissional e em defesa da ciência que transforma o Brasil. Compartilhamos o mandato em clima de muito respeito e debates de muita profundidade, em relação às questões éticas e legais das nossas profissões”.

“Para a esposa, os filhos e os três netos, a morte de Alonso foi terrível.  Como irmão, foi terrível também. Era uma referência para nós, não só como profissional, mas como irmão”. Carlos Malom descreve que apenas um mês após a perda, Manaus recebeu suas primeiras doses de vacina. “Foi um choque muito grande”, diz.

“Não tinha oxigênio. Tínhamos que virar a noite numa fila para conseguir o cilindro. Havia dificuldades de hospitalização e ele ficou 20 dias em casa, mas no dia 20 de janeiro, ele foi internado com a filha acompanhando. Estava na expectativa de ser entubado, mas nunca foi”, narra Sílvia.

Para ela, a homenagem ao Mérito é “mais do que justa”. Segundo Sílvia, “ele se dedicou ao Confea com o presidente Túlio e quando voltou sempre foi muito entrosado. Não fazia nada que não fosse integralmente”, diz, destacando que um marco da atuação profissional do marido foi a autoria e organização da série Legislação Profissional, com 11 livros sobre as profissões do Sistema, publicada em 2017 com patrocínio do Confea.

“Perder Carlos Alonso de forma precoce causou comoção em todos nós e em particular no meu coração, porque é um grande amigo. A ele, sempre as glórias de quando profissionalmente nos destacamos na sociedade e o respeito àqueles que com seu comportamento ético deixam marcas para ser referência aos jovens que saem dos cursos de Agronomia todos os anos. Nossas saudades”, comentou o chefe de gabinete do Confea.

“Propus essa homenagem ao Crea porque Alonso merece, fez muito pelo Sistema, trabalhou muito em prol das nossas instituições, como pela emancipação do Crea Roraima.  É uma homenagem muito justa. Tudo o que a gente fizer ainda é pouco pelo muito que ele contribuiu”, diz Carlos Malom, lembrando que o irmão por duas vezes foi segundo colocado nas eleições para a presidência do Confea.

Trajetória profissional

Engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura do Amazonas (1982-2021); Candidato a vereador de Manaus pelo PCdoB (1988); No Crea-AM/RR, conselheiro regional (1988-1991; 1992-1994), 2º secretário (1991) e 1º vice-presidente (1992); No Confea, conselheiro federal (1995-1997) e chefe de gabinete (2006-2011); Sócio-proprietário e presidente da Vegetart Engenharia Ltda. (1995-2021); No Crea-AM, 2° vice-presidente (2002), conselheiro regional (2013-2015), presidente em exercício e diretor-administrativo (2014); Na Mútua Nacional, presidente provisório (2000) e diretor executivo (2006);  presidente da Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de Amazonas – Aeaea-AM; Sócio-administrador e diretor da Cooperativa de Trabalho dos Engenheiros, Arquitetos, Tecnólogos e Técnicos do Estado do Amazonas – Cooptrasenge (2017); Autor e organizador da série Legislação Profissional (2017); No Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias – Ibape-AM, presidente (2018-2020) e vice-presidente (2021); No Sindicato dos Engenheiros do Estado do Amazonas – Senge-AM, segundo tesoureiro (2013) e presidente de honra (2019-2021).