A cidade paulista de Sertãozinho sedia desde desta terça (18/7) o 15º Congresso da Aviação Agrícola do Brasil (AvAg 2023). Promovido pelo Sindicato Nacional da Aviação Agrícola – Sindag com apoio institucional do Confea por meio de locação de estandes com investimento de R$ 30 mil, até esta quinta-feira (20/7), o evento realizado anualmente é considerado o maior do setor em nível mundial, com previsão de quatro mil participantes entre profissionais, acadêmicos e ainda representantes de empresas de fornecimento da aviação e de produtos utilizados pela área. Ano passado, foram comemorados os 75 anos da aviação Agrícola no país. Minicursos, cursos, painéis e palestras com abordagens que vão de Comunicação e Marketing à participação da Agência Nacional de Aviação Civil – Anac se integram a congresso científico, feira com 200 expositores do Brasil e do exterior e demonstrações aéreas. Confira a programação.
Em seu discurso ao representar o presidente do Confea, eng. civ. Joel Krüger, na abertura do evento, o conselheiro federal eng. agr. Luiz Lucchesi o considerou extremamente importante para a agropecuária e a grandeza do Brasil. “Um evento que traz conhecimento, traz soluções para a utilização desta ferramenta fundamental que é a aviação agrícola. A Comissão de Educação e Atribuição Profissional que coordeno busca, em parceria com o MEC, o aprimoramento da formação profissional. E um evento como esse é um exemplo da interdisciplinaridade das nossas profissões, temos aqui serviços da engenharia mecânica à engenharia agronômica. No Confea, abrigamos também a Comissão Temática de Meio Ambiente, tema que precisa ser melhor compreendido principalmente pela comunidade urbana e por todos os que cuidam da sustentabilidade dos nossos setores”, disse, colocando a comissão também coordenada por ele à disposição dos participantes do Congresso para a discussão de temas como a defesa sanitária vegetal, a conservação ambiental e as queimadas.
“Esse congresso representa a tecnologia de ponta para várias ações do agronegócio, da área ambiental, que vão do controle de queimadas até a proteção de culturas contra pragas e doenças, passando pela reforma de açudes, levantamentos aerofotogramétricos etc. É um evento maravilhoso com representantes interinstitucionais, com várias profissões, em que destaco o papel do engenheiro agrônomo principalmente na questão das tecnologias de aplicação de ingredientes pesticidas. O evento foca muito no treinamento, na qualidade, na responsabilidade técnica e na autoridade profissional. É um evento que vem ao encontro dos objetivos do Confea em que a educação se coloca como uma das chaves para o desenvolvimento do Brasil e para o aperfeiçoamento do exercício profissional da Engenharia, da Agronomia e das Geociências”, acrescentou o conselheiro federal, em depoimento exclusivo para o Confea.
Conselheira estadual do Crea-SP, a engenheira agrônoma Waleska Del Pietro representou o presidente do regional, eng. Vinicius Marchese. “O Brasil é o segundo lugar do mundo em número de aeronaves, trazendo ciência e tecnologia para o desenvolvimento das nossas lavouras e o crescimento do agronegócio do nosso país. Em 2016, o setor da aviação agrícola se tornou signatário do pacto global da ONU, pois apresentou diversas ações sociais, econômicas e ambientais, trazendo cada vez mais o desenvolvimento sustentável para o nosso agronegócio”, comentou também em depoimento ao Confea, referindo-se a uma frota de mais de 2.300 aviões, que torna a aviação agrícola brasileira a segunda maior do mundo.
“Está sendo um evento muito prestigiado, com uma programação diversificada com palestras e minicursos muito assistidos. O público também está comparecendo bastante ao nosso estande, estamos recebendo muitos profissionais e estudantes que estão muito identificados com essa parceria entre o Confea e o Sindicato da Aviação Agrícola. Acredito que a visibilidade do Sistema só tem a ganhar com essa integração inédita”, considera a assistente do Setor de Patrocínio e Promoção (Sepat), do Confea, Alessandra Porto, que atua como fiscal do contrato com o Sindag.
O diretor-executivo do Sindag, Gabriel Colle, explica que o Sindag abrange cerca de 290 empresas de aviação agrícola no Brasil. “Conseguimos atingir quase 90% das empresas de aviação agrícola como associadas. Aumentando esse alcance, aumenta também a dinâmica para o trabalho chegar na ponta da operação em campo”, comenta. Na entrevista a seguir, ele descreve os principais aspectos do Congresso, falando ainda sobre a parceria com o Confea, considerada por ele “uma virada de página” na história do evento.
Confea - Quais são as principais áreas envolvidas com a atuação dos profissionais do Sistema Confea/Crea no Congresso?
Gabriel Colle - São principalmente os engenheiros agrônomos, já que cada empresa de aviação agrícola e cada operador privado de aviação agrícola, que é o pessoal de fazenda que tem os seus próprios aviões, eles são obrigados a ter um engenheiro agrônomo como coordenador das operações, após a realização de um curso dessa área para se inteirar melhor das operações aeroagrícolas, suprindo uma lacuna da faculdade. Cada equipe em terra tem que ter um técnico agrícola, também com curso de executor em aviação agrícola que fica em campo no local da operação, e tanto ele como o piloto seguem as orientações que são passadas pelo agrônomo no planejamento da operação. O agrônomo é responsável pela operação, mas cada um tem sua responsabilidade, todos assinam o relatório que vai para o ministério da Agricultura.
Confea - Qual a importância do apoio do Confea ao evento?
Gabriel Colle - O apoio do Confea vem justamente reforçar toda essa aglutinação. É um novo patamar na abrangência e na consolidação na comunicação da aviação agrícola. De um lado a comunicação com a sociedade, de outro lado, a qualificação porque, além dessa questão de comunicar com a sociedade e com o público interno, de afinar a segurança, o treinamento, a capacidade das operações, tem também essa questão de busca de tecnologias, o que exige busca de conhecimento. Então, eles têm que estar sempre com essa sede de qualificação contínua e, como a aviação agrícola cresceu e é um setor muito técnico, tem que ser com entidades que também têm esse alcance para qualificar tecnicamente a ajudar a passar para um novo patamar técnico na aviação agrícola. Isso tudo tem a ver com o viés do Confea porque tem toda essa preocupação com a melhoria contínua dos profissionais, dos métodos. A gente vê muito que o Confea se preocupa muito com a comunicação com a sociedade. Não basta apenas ser íntegro, tem que se mostrar íntegro, tem que mostrar que está se modernizando, que está se qualificando. Então, isso é uma convergência de forças muito importantes para o setor. O Sindag, o Ibravag (Instituto Brasileiro da Aviação Agrícola), como viés educacional do setor aeroagrícola, a parte de qualificação, e agora com o Confea se completam muito. Está todo mundo muito animado com isso porque a ideia é levar a aviação agrícola brasileira, que já é uma das melhores do mundo, a um patamar de exemplo para o mundo. Mostrar para o Brasil a importância, a qualificação, a segurança, como a aviação agrícola se reflete no dia a dia de cada um e o quanto ela se esforça para isso. Essa parceria é uma virada de página, um novo tempo para a aviação agrícola.
Confea - Esta é a 15ª edição do Congresso. A que você atribui o seu sucesso?
Gabriel Colle - O Congresso da Aviação Agrícola do Brasil tem esse nome desde 2018, mas congressos da aviação agrícola acontecem desde a década de 1970, quando o ministério da Agricultura começou a fazer encontros de aviação agrícola. Ele fez um ou dois, depois teve a Federação Nacional de Aviação Agrícola – Fenag fazia os eventos, alguns deles junto às associações estaduais. Aí em 1991, quando veio o Sindicato Nacional da Aviação Agrícola – Sindag, começou a se unir isso tudo e começou a ter a forma dos congressos que a gente tem hoje. Então, eles começaram meio esparsos nos anos 1970, daí foram aglutinados e têm agora essa dimensão que têm hoje.
Confea - É uma programação bem diversificada, que vai de palestras da Anac a cursos sobre comunicação. Como é conciliar essas atividades?
Gabriel Colle - A programação atende a demandas. Conforme a aviação agrícola vai crescendo, vai aparecendo, vão crescendo as demandas, principalmente porque a aviação agrícola é pouco conhecida da sociedade e até de órgãos oficiais. Por isso essa preocupação muito forte que envolve a Anac, o ministério da Agricultura, que envolve principalmente um trabalho forte de comunicação com as comunidades e a visita à imprensa onde o Congresso é realizado. Por outro lado, tem também essa preocupação com o público interno. Como é o momento em que toda a aviação agrícola se reúne em um ponto, é o momento em que a gente pode ter todas as conversas necessárias e aí também já aproveitar para afinar da máquina no Brasil, vamos dizer assim. Por isso, as palestras com a Anac sobre segurança para a gente reforçar, que isso é uma coisa que precisa estar sempre reforçada; os cursos de comunicação, não é só a entidade que tem que se comunicar com a sociedade, cada operador tem que saber o seu papel na sociedade porque, na verdade, é uma operação que, como todo mundo está olhando, ele se comunica, queira ou não queira. Então, ele tem que saber que da atitude de cada um depende a reputação de toda a aviação agrícola brasileira.
Confea - Fale um pouco sobre esses minicursos.
Gabriel Colle - Os minicursos são uma novidade na programação e abrangem a questão de gestão financeira, gestão jurídica da aviação agrícola e comunicação e marketing. Eles são mais ou menos interrelacionados. Por exemplo, a gestão financeira faz parte de um processo de qualificação dos empresários da aviação agrícola com foco nos aspectos de melhoria da gestão, o pessoal é incentivado a buscar ferramentas para melhorar a gestão, aprender mais profundamente sobre a influência dos índices no preço do próprio avião agrícola. Eles têm que saber exatamente qual a despesa deles, eles têm que ter uma reserva para uma manutenção ou alguma coisa assim e para isso eles têm que entender e também explicar isso para os clientes deles porque às vezes o preço do serviço sobe. Não é porque custou caro, ele continua valendo bastante. Existe um limite para absorver muitos custos, o que vai acabar prejudicando a qualidade do serviço e a própria segurança da operação. É isso que é importante que eles aprendam e saibam passar para os clientes. E daí ser mais atentos à saúde financeira da empresa no médio e no longo prazos. A questão jurídica traz os vários aspectos onde eles precisam tomar cuidado porque a legislação muitas vezes depende da interpretação dos juristas, então eles têm que estar mais atentos a essa questão, não é simplesmente achar que estão fazendo o certo ou o errado. É pra ter esse aprofundamento das consequências que pode ter a não observância disso. Mais ou menos como se fosse a lógica do financeiro, mas voltado para o jurídico, os mecanismos onde ele pode ser co-responsabilizado por alguma coisa, além, é claro, de saber o que pode ou não fazer. E a questão da comunicação social, nem se fala, é o foco principal, até pela necessidade de explicar, mostrar os predicados para a sociedade, e isso se reflete nas próprias redes pessoais. Para o público de fora, não existe uma separação entre as suas redes privadas como empresário da aviação agrícola, piloto ou profissional, das redes sociais das empresas ou da instituição. As pessoas olham muito o que o indivíduo faz, que reflete, é claro, em toda a cadeia. Então, é para o pessoal ficar atento a isso e saber se comunicar com sociedade, comunicando-certinho, sabendo explicar a segurança da atividade, sabendo como reagir aos vieses apresentados pelas pessoas.
Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea
Com a colaboração e fotos de Alessandra Porto (Setor de Patrocínio e Promoção do Confea - Sepat) e da assessoria de comunicação do Sindag