Seminário realizado pela Sobrade debate Gestão Ambiental de Mananciais

Engenheiro florestal Maurício Balensiefer, organizador do Seminário e presidente da Sobrade

Brasília, 17 de outubro de 2023.

A seca nos rios do Amazonas e as enchentes dos estados da região Sul demonstram a importância do Seminário Nacional sobre Gestão Ambiental em Mananciais, a ser realizado no Centro da Juventude da cidade paranaense de Piraquara nos próximos dias 19 e 20 de outubro. Promovido pela Sociedade Brasileira de Recuperação de Áreas Degradadas – Sobrade, o evento abordará o tema “indiretamente”, segundo o presidente da entidade, eng. ftal. Maurício Balensiefer, com palestra de abertura “Estratégias para a Sustentabilidade de Mananciais”, a ser proferida pelo também engenheiro florestal Silvio Ferraz (Esalq-USP). 

“O Confea sempre nos apoiou em eventos como esse. Quando você fala em recuperar áreas degradadas, chegamos tarde. Temos que fazer uma boa gestão para evitar ou no mínimo reduzir a degradação ambiental, como em obras de mineração, na agropecuária e outras tantas relacionadas às atividades que tantas vezes degradam. Isso reduz impactos e custos da recuperação”, considera o organizador do evento, presidente da Sobrade e professor aposentado da Universidade Federal do Paraná – UFPR, reforçando seus ensinamentos em disciplina sobre o tema da recuperação de áreas degradadas, hoje desenvolvidos pelo eng. ftal Álvaro Berghetti, um dos palestrantes do segundo dia do evento. 

Em sua programação, o seminário traz ainda mesa redonda sobre “Meio Ambiente, Responsabilidade Social e Governança – ESG em áreas de Mananciais”, com os arquitetos e urbanistas Milton Luiz Brero de Campos e Raul de Oliveira Gradovski da AMEP (Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná) e ainda representantes de prefeituras municipais da Região Metropolitana de Curitiba, além de debates sobre temas como “Legislação nacional e estaduais que regem o tema”, com o promotor do Ministério Público do Paraná Diogo César Porto da Silva e a advogada ambientalista e climática Maude Nancy Joslin Motta. “Existe aqui o ICMS Ecológico, tema de uma palestra do eng. civ. João Samek, que integra a diretoria de Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos do Instituto Água e Terra (IAT). Essa medida pode contribuir para a sustentabilidade de todo o ambiente local”, comenta o organizador do seminário.



“Medidas preventivas a contaminações e enchentes: drenagem e destinação de resíduos”, também a cargo do gerente de saneamento do IAT, eng. civ. Carlos Alberto Galerani. Já a professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), eng. ftal Dainela Biondi, encerra o primeiro dia da programação com a palestra “Ocupação racional de espaços urbanos”, enquanto no segundo dia podemos destacar temas como “Ocupação racional de espaços no meio rural: sistemas agroflorestais”, a ser desenvolvido pelo eng. ftal. da Embrapa Floretas Carlos Eduardo Seoane. Confira toda a programação do Seminário Nacional sobre Gestão Ambiental em Mananciais.

Do local ao global
A escolha do local do evento representa a preocupação dos organizadores com a temática. “Piraquara e o vizinho Pinhais contribuem com 70% do abastecimento de água de Curitiba, o que demonstra a importância da gestão adequada deste bem natural. As duas cidades abrigam as nascentes do Rio Iguaçu, de indiscutível importância para o Paraná e para o Brasil, em seu longo caminho até a sua foz, passando pelas famosas cachoeiras.  São municípios que têm muita limitação de uso de suas florestas, onde mais de 90% são áreas de proteção por conta da presença dessas nascentes e cursos de água”, descreve Maurício Balensiefer.

Seminário sobrade

A preocupação com o uso correto das áreas de mananciais do país e a recuperação de áreas degradadas é destacada pelo organizador. “Defendemos uma ocupação racional dos espaços urbanos e rurais para evitar a erosão que possa levar material para os córregos e nascentes, inclusive o lixo, de maneira geral. As Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) poderiam usar, teoricamente os recursos disponíveis, mas são impedidas legalmente pela necessidade da preservação das nascentes e córregos, como a que acontece em Piraquara e Pinhais. Precisamos de outros projetos para manter as coberturas originais”, ressalta o engenheiro florestal.

“Hoje temos muitas áreas degradadas, como frequentes casos de prefeituras que exploram cascalhos e os prefeitos que assumem depois dizem que não o fizeram e não farão a recuperação. Muitas vezes, empresas degradam e não têm dinheiro para recuperar. No entanto, Santa Catarina avançou em uma legislação que exige que, na medida em que vai avançando na degradação, a empresa faça concomitantemente a recuperação”, comenta o organizador do Seminário Nacional sobre Gestão Ambiental em Mananciais, para quem as atuais secas na Amazônia e enchentes no Sul “comprovam como a floresta tem um peso na manutenção do equilíbrio climático. Defendemos a revegetação com florestas, assim estamos contribuindo para que esse impacto seja menor com a manutenção da floresta que é indispensável para o equilíbrio climático”. 

Maurício Balensiefer considera ainda que “questões ambientais devem ser levadas a sério pela sociedade, nas diferentes esferas e para as atividades que promovem a degradação. Tem que haver maior rigidez na cobrança para que seja cumprida a lei, que é boa. O Código Florestal avançou porque está obrigando toda propriedade que não tenha 20% da reserva legal, aqui no Sul, a plantar e recuperar, além de manter uma área de preservação permanente. Embora tenha um prazo longo para tal, a medida é adequada para termos um melhor ambiente. Em 2025, o país sediará a COP 30, e a nossa responsabilidade aumenta. Eles têm que ver coisas boas, desenvolvidas no país em torno da conservação ambiental”.

Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea