Gramado, 10 de agosto de 2023.
“A Engenharia de Explosivos é uma atividade que faz parte da nossa profissão e que fascina as pessoas”, destacou o engenheiro de minas Manoel Jorge Diniz Dias, também conhecido como “Manezinho da Implosão”, referência nacional no assunto, durante palestra realizada nesta quarta-feira (9/8), no auditório Barbaridade, na 78° Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea).
Manezinho abordou as transformações urbanas que a implosão permite, destacando principalmente grandes trabalhos que ocorreram no Brasil desde a primeira implosão, que foi a do Edifício Wilson Mendes Caldeira na Praça da Sé em 1975, feita pelo engenheiro e pioneiro das implosões Hugo Takahashi, em que foram utilizados na ocasião 500 kg de explosivos para expansão das malhas ferroviárias.
Outra implosão para reestruturação urbana citada por Manezinho foi a do Complexo Penitenciário do Carandiru onde foram utilizados 250 kg de explosivos, dando lugar atualmente ao Parque da Juventude. O engenheiro destacou ainda implosões pós-tragédias como a do Edifício Palace II no Rio de Janeiro, que apresentava problemas estruturais em sua construção, sendo necessária a ação para evitar riscos de acidentes. Neste caso em específico foram utilizados 50 kg de explosivos e após a implosão do prédio foi constatado que os métodos construtivos não foram executados conforme as normas técnicas indicam.
Dando sequência ao assunto, o engenheiro de minas Enrique Munaretti, professor do Departamento de Engenharia de Minas (UFRGS), falou sobre explosivos como ferramentas de desenvolvimento e novas tecnologias, dando o exemplo de desmonte com uso de explosivos, que é uma ferramenta de engenharia para fragmentar rochas e concretos. De acordo com Munaretti, o setor está bem organizado no Brasil. “Estamos no mesmo nível internacional dos melhores países e temos um desafio maior que é o de ampliar a produção e a eficiência da mineração hoje em nosso país com a mudança da matriz energética, pois teremos novos materiais para minerar e vamos precisar ser muito mais eficientes nesse novo mundo que tá surgindo”, afirmou.
O engenheiro citou ainda os tipos de explosivos utilizados como o ANFO e a emulsão. Frisou que atualmente “no momento da perfuração já é possível entender parâmetros que serão utilizados para o projeto de detonação e, com o uso de inteligência artificial e sensores, é possível analisar a energia da rocha e entender de que forma vamos ter um projeto bem otimizado, o que chamamos de plano de fogo. Desta forma estamos atentos a como o setor está se organizando para que se tivermos desmontes com explosivos, cada vez mais eficientes e seguros, gere o mínimo de incômodo para a sociedade no sentido de vibração, ruído ou problemas de lançamento de material; e para tudo isso, existem técnicas e existe a engenharia por trás”, finalizou.
Após o encerramento das palestras, houve momento de interação com os participantes, com perguntas e respostas. As mediações foram feitas pelos conselheiros federais: eng. civ. Carmen Lúcia Petraglia e eng. civ. Neemias Barbosa.
Suelen Viana (Crea-RO)
Edição: Julianna Curado (Confea)
Equipe de Comunicação da 78ª Soea
Fotos: Studio Feijão e Lentilha e Marck Castro/Confea