Engenheiro Civil e Militar pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), onde fez o curso de fortificação e construção, em 1962; pós-graduado em Engenharia Rodoviária pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, em 1963.
Nascimento: Blumenau/SC, 23 de junho de 1934
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Distrito Federal (Crea-DF)
Aos 84 anos de idade, 56 deles dedicados ao trabalho e à uma família numerosa, - nove filhos do casamento de 61 anos com Roberta Lopes Zeredo, 81 anos, professora do ensino fundamental-, Walmor Zeredo mantém-se na ativa, “me divertindo”, diz.
Para receber a Medalha do Mérito, em Maceió, Walmor deixa de acompanhar, por alguns dias, o andamento de obras em Brasília. São dele os cálculos da estrutura e fundações do complexo de viadutos, túneis e pontes do chamado de Trevo de Triagem e que está em construção.
Com seu nome como calculista em obras em Goiás, Tocantins, Santa Catarina e Recife, seu maior acervo se concentra em Brasília e seus arredores. Passear pela cidade é como trilhar o caminho profissional de Walmor. São mais de 200 obras de arte – como são chamadas as pontes e viadutos. O trabalho meticuloso do engenheiro está presente nos prédios das embaixadas da Itália, projeto do arquiteto Pier Luigu Nervi; da Espanha e do Paraguai. Os cálculos que sustentam as sedes do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Conselho da Justiça Federal (CJF), entre centenas de outros trabalhos, levam sua assinatura.
Sem perceber e como que seguindo o caminho “acidental”, como diz, ou natural das coisas, Walmor começou sua trilha profissional quando, ainda menino, 12 anos, se interessou por tudo o que acontecia na reforma que o pai comandava na casa da família, em Blumenau (SC). Mais tarde, na adolescência, decidiu: seria engenheiro. Mas isso exigia um plano especial: “Em Blumenau não havia escola de Engenharia, e naquela época, os melhores empregos eram oferecidos pelo Banco do Brasil. A ideia então, era fazer o Científico e um curso de Contabilidade, ser aprovado em concurso para o banco e pedir transferência para uma cidade onde houvesse escola de Engenharia”.
O plano seria executado não fosse a interferência de um amigo da família, na época, oficial do Exército. Ao saber do plano do rapaz, sugeriu que simplesmente entrasse para o Exército que oferecia cursos na área de Engenharia Civil. E assim aconteceu. Walmor entrou para Exército, formou-se e no Instituto Militar de Engenharia (IME), onde foi aluno com nota média 9,5, alcançando o maior grau de aprovação. “Meu projeto era o de uma ponte em arco, muito bonita. Como prêmio, o IME me deu a ponte para construir. Está lá, sobre o rio Pelotinhas, em Lajes, Santa Catarina. É uma ponte ferroviária em arco, muito bonita. Construí-la foi uma experiência fantástica”, confessa.
Walmor servia em Lajes como 1º Tenente, quando foi convocado para servir na nova capital federal. Em Brasília, alcançou a patente de Capitão, mas se desligou do Exército passando a se dedicar aos cálculos das centenas de projetos que cuidadosa e meticulosamente se acomodam em pastas colocadas nas estantes do seu escritório, onde diariamente trabalha das 10h às 16h, com um pequeno intervalo para o almoço.
“A Engenharia nos proporciona muitas coisas boas. Às vezes pequenas em tamanho, mas gigantes e importantes pelos desafios que nos apresentam".
"Um bom exemplo é a Ponte das Garças, na capital federal. Foram seis meses entre projeto e construção. Foi uma coisa interessante.
São obras emblemáticas. Muitas vezes não pelo tamanho, mas pela particularidade”, conta Walmor, sobre as artes de seu ofício,
Mesmo diante de um currículo invejável, o engenheiro disse não ter feito nada de extraordinário para receber o reconhecimento do Sistema Confea/Crea. “Deve ter muitos engenheiros merecedores. Fiz apenas o que tinha que ser feito na profissão”. Mesmo assim, achando que não fez nada de “fantástico”, Walmor coleciona méritos desde a universidade.
Se comeu “muita poeira” no início de Brasília, esse também foi o período marcante na vida de Walmor. Enquanto calculava, cravava seu nome na história da cidade, inclusive sendo parceiro de Oscar Niemeyer, que o escolheu para colocar em pé cerca de 30 de seus projetos arquitetônicos, além dos anexos da Esplanada dos Ministérios. Assim como Jaime Lerner, autor do projeto do edifício-sede da Polícia Federal, e sua única obra em Brasília. “Quando se trabalha com gênios, você tem desafios e não dificuldades”, resume.
Entre tantas obras, Walmor tem um sonho não realizado: “Quando cheguei em Brasília, queria construir um laboratório de pesquisa de Engenharia. Seria muito interessante para o Brasil. Aqui temos muitos mestrados doutorados, mas esses assuntos não se fecham até mesmo em função da evolução da Engenharia”.
“Não escolheria outra profissão. Fiz uma boa escolha e tive boas oportunidades. Eu me sinto realizado”.
Enquanto liderança do Sistema Confea/Crea, o engenheiro foi conselheiro no Crea-DF e coordenador de Câmara Especializada de Engenharia Civil, Minas, Geologia e Agrimensura. No balanço sobre sua atuação, Walmor aconselha os mais jovens: “estudar sempre”, diz o “rato de biblioteca”, apesar da internet. Uma realização que se completa com a família, que além dos 9 filhos, soma 22 netos e seis bisnetos.
Trajetória Profissional
Projetos Estruturais - Obras do Arquiteto Oscar Niemeyer: STJ (Superior Tribunal de Justiça); TSE (Tribunal Superior Eleitoral); CJF (Conselho da Justiça Federal);
Espaço Oscar Niemeyer; Instituto Israel Pinheiro; Igreja Ortodoxa São Jorge; Anexos da Esplanada dos Ministérios; Passarela de ligação do Itamaraty. Embaixadas da Itália, Espanha e Paraguai. Obras especiais: Viaduto Ayrton Senna; Ponte das Garças Todas as pontes da EPTG (Estrada Parque Taguatinga), via que liga Brasília à cidade satélite de Taguatinga; Trevo de Triagem Sul; Várias pontes e viadutos construídos em Brasília, Goiás, Tocantins e Santa Catarina. Edificações: Edifício-sede da Polícia Federal em Brasília; Terminais de carga em vários aeroportos do Brasil; Edifícios residenciais em Brasília e Florianópolis; Edifício-sede da Polícia Federal em Recife; Edifício-sede II do Banco do Brasil no Setor Bancário Sul. Entre os cargos ocupados: Conselheiro do Crea-DF; Membro da Câmara Especializada de Engenharia Civil, por dois mandatos - 2011 e 2012/2014, e Coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Civil, Minas, Geologia e Agrimensura do Crea-DF.