UFSC pesquisa maneiras de reaproveitar conchas de ostras

Brasília, 10 de novembro de 2006

Em busca de maneiras que possam reaproveitar conchas de ostras cultivadas no Ribeirão da Ilha, professores do Laboratório de Gestão Ambiental na Indústria e do Laboratório de Materiais, ambos da UFSC, junto com o Departamento de Engenharia de Produção da Unisul, firmaram parceria com maricultores do local. O objetivo da pesquisa é dar destino aos resíduos de ostras.

De acordo com o professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (ENS) Fernando Soares Pinto Sant’Anna, as conchas poderiam ser reaproveitadas, uma vez que 90% de sua massa é composta por carbonato de cálcio (CaCO3), matéria-prima utilizada na fabricação de produtos como complementos alimentares, plásticos, cerâmicas, ração animal e cal para construção civil. “Os antigos moradores do litoral catarinense aqueciam conchas para transformá-las em cal”, diz.

O Ribeirão da Ilha é a maior região produtora do marisco no estado. Apenas nessa região, são geradas cerca de 15 toneladas de concha por mês, quantidade que pode triplicar no verão. “Estamos fazendo um levantamento da produção de resíduos nos cultivos e restaurantes do lugar e analisando a melhor forma de recolhê-los e levá-los a uma unidade de beneficiamento, controlada pelos próprios maricultores”, explica Santa’Anna.

O grande desafio do projeto é tornar o beneficiamento das conchas economicamente viável. Isso porque o carbonato de origem mineral chega ao mercado com preços muito baixos – que variam entre R$0,40 e R$0,60 por quilograma, vindos de Minas Gerais. “Para tornar a atividade viável, é preciso oferecer produtos competitivos, produzidos a partir do carbonato de origem orgânica, extraído das conchas”, diz o professor.

Danos ambientais
A prática de descartar resíduos no mar ou em terrenos vazios pode prejudicar o meio ambiente em longo prazo. O acúmulo das conchas no fundo do mar pode tornar as baías mais rasas e impedir a circulação de água, prejudicando a própria maricultura. No caso dos resíduos descartados em terrenos baldios, a matéria orgânica pode atrair roedores e outros vetores de doenças.

Fonte: Universidade Aberta