Transposição do rio São Francisco começa em quinze dias

Brasília (DF), 28 de setembro de 2005.

“A transposição do rio São Francisco começa na segunda semana de outubro”, garantiu hoje o chefe de gabinete do Ministério da Integração Social, Pedro Brito que, representando o ministro Ciro Gomes, participou, pela manhã, do fórum que trata da Revitalização da Bacia e Transposição das Águas do Rio Francisco promovido pelo Confea em sua sede, em Brasília.

Pedro Brito disse que só aguarda a licença de instalação, a ser liberada pelo Ibama nos próximos dias, para que o Exército inicie a primeira etapa das obras que, segundo ele, “não trará nenhum prejuízo ao meio ambiente e beneficiará 12 milhões de pessoas nos estados de Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Ceará”.

O chefe de gabinete disse também que o custo global da obra está orçado em R$ 4,5 bilhões  e destacou ainda a “importância de debater o tema na casa que representa as profissões diretamente ligadas à obra”.

A mesa dos trabalhos, comandada pelo presidente do Confea, Wilson Lang, reuniu autoridades e técnicos com opiniões  favoráveis  e contrárias a transposição do rio São Francisco o quê, para Lang, “reflete a disposição do Confea em debater até a exaustão um tema candente que desde 2000 recebe atenção especial do Conselho, preocupado com a análise técnica e política de uma obra do porte da transposição”.

Lang lembrou que em geral, obras de grande porte carregam “forte carga de emoção” e esta em especial “um conjunto de polêmicas que os gestores públicos têm que levar em consideração, sob pena de fracassar em seus objetivos”.

“Seremos julgados por esta participação”, disse ele antes de afirmar que é a favor da transposição. “Não podemos segregar boa parcela da nossa sociedade que sofre com a falta de água, à exemplo de outras que em outras regiões semi-áridas do mundo têm melhor qualidade de vida”.

Para ele, se existirem questões ambientais que impeçam ou dificultem a obra, a engenharia tem a obrigação de resolver. “O esforço do Confea, enquanto instituição, disse, é reunir o maior número de pessoas possível para debater e tentar ajudar a aprimorar o projeto, considerando seus os aspectos políticos e técnicos visando o desenvolvimento integrado do país”.

Lang defendeu ainda um projeto estratégico para administrar os recursos da obra. “Não temos o direito de desconhecer o momento histórico que vivemos. É preciso debater à exaustão e tentar fazer o melhor”.

Para a eng. agrônoma Maria Higina do Nascimento, coordenadora adjunta da CAN (Comissão de Assuntos Nacionais) do Confea, “o fórum busca encontrar um contra-ponto para a discussão referente a transposição. Esse é o nosso objetivo”.

Contrária à transposição, Higina afirma que “não é necessário uma obra desse porte para dar água à quem tem sede”.

Para Ricardo Alves, técnico industrial e coordenador adjunto do Cden (Colégio de Entidades Nacionais), “a solução ideal para cada questão surgirá pelo debate,  com menos emoção e mais razão”.

Elequicina Maria dos Santos, engenheira civil que na qualidade de presidente do Crea-RN e secretária de Transportes de Natal também compôs a mesa dos trabalhos, afirmou que “é inegável a carga de emoção que cerca o tema”.

Ela, natural do Rio Grande do Norte e  que passou boa parte da vida vendo e convivendo com a seca diz que “o povo tem sede e já houve discussão demais sobre a seca. Precisamos ter solução agora, hoje. A população quer ações concretas”, enfatizou, cumprimentando o governo Lula pela iniciativa da obra.

Por Maria Helena de Carvalho
Da equipe da ACOM