Brasília, 8 de dezembro de 2023.
“Essa história também é sua”. Com esse slogan, o Confea celebrou nesta sexta-feira (8/12) a passagem pelos seus 90 anos. Estabelecida pelo Decreto 23.569, de 11 de dezembro de 1933, a regulamentação das profissões de Engenharia e a fundação do Sistema Confea/Crea deverão ser comemoradas ao longo de todo o próximo ano. Com as presenças de ex-presidentes do Confea, de presidentes de regionais e de ex-conselheiros e de conselheiros federais, inclusive a serem empossados no próximo dia 13/12, a cerimônia no Clube do Exército, em Brasília, acolheu uma história que se integra ao desenvolvimento do país. “Devemos reverenciar e olhar para o futuro”, destacou o presidente Joel Krüger, no encerramento da cerimônia.
Em um momento condizente com a importância da data, a cerimônia reuniu o presidente e o vice-presidente do Confea, eng. civ. Joel Krüger, e eng. eletric. Evânio Nicoleit, respectivamente, aos ex-presidentes do Federal eng. eletric. Frederico Bussinger; eng. civ. Henrique Luduvice; eng. civ. Wilson Lang e eng. civ. José Tadeu da Silva. A conselheira federal eleita e presidente do Crea-RN, eng. civ. Ana Adalgisa, o coordenador do Colégio de Presidentes, eng. agr. Ulisses Filho; e a secretária da presidência do Confea, Sandra Padilha, também estiveram no dispositivo de honra. O conselheiro federal eleito eng. prod. Daniel Robles representou o presidente eleito do Confea, eng. telecom. Vinicius Marchese. Os ex-presidentes do Confea repetiram um encontro inédito, realizado em maio deste ano.
Em clima de confraternização e com a apresentação das novas campanhas publicitárias desenvolvidas pelo Confea, valorizando o exercício profissional com uma linguagem moderna, os convidados conheceram um pouco da história do Sistema, em texto que descreveu a criação e os principais estágios da atuação do Sistema. Outros passos como a Lei 5.194/1966, que regulamentou o exercício profissional, foram citados. A inédita eleição geral do Sistema pela internet, no último dia 17 de novembro, representa o mais recente ponto disruptivo dessa história.
“90 anos de muito trabalho”, definiu o presidente Joel em sua fala, lembrando que continuará sua atuação a partir de janeiro como conselheiro federal eleito representante das instituições de ensino de Engenharia. Referindo-se às falas como a do ex-presidente Bussinger, Joel destacou a mudança tecnológica vivenciada pelo país. “Quem construiu, quem constrói, quem faz tudo isso é a Engenharia, a Agronomia, as Geociências. Os profissionais e empresas fazem um trabalho maravilhoso para o desenvolvimento tecnológico e científico do país. Precisamos garantir o espaço democrático de todos, pois participamos da sociedade e temos uma visão plural, técnica, que não pode ser apropriada por ninguém”, considerou.
“Além de olharmos os 90 anos, esse passado representado por esse dispositivo de honra, precisamos olhar para o futuro, nossos próximos 30 anos. Tenho certeza de que teremos grandes entregas para resolver os nossos problemas crônicos e nos aproximarmos da qualidade de vida desejada pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU”, considerou, valorizando a certificação e a acreditação profissional para esse novo estágio.
Ao mencionar o valor da eleição profissional e da diversidade no Sistema, Joel destacou o Programa Mulher. “Tenho orgulho de haver implementado esse programa que está trazendo excelentes resultados”.
Joel destacou ainda a participação dos deputados federais e senadores no Encontro de Líderes de 2023, em destaque à assessoria parlamentar do Confea. “Temos uma Frente Parlamentar inédita do Sistema que discute as nossas profissões, é um legado como as nossas ações com os ministérios, os órgãos de controle, e ainda a federalização efetiva da atuação dos Creas, por meio do Programa Fortalece”, disse, destacando que, com a gratidão ao passado, aos profissionais e às empresas, é preciso reverenciar, mas também olhar para o futuro.
Complexidade e comprometimento
A complexidade do Sistema foi destacada pelo coordenador do Colégio de Presidentes, eng. agr. Ulisses Filho. “As decisões têm forte atuação do colegiado e têm sua democracia reconhecida pelos profissionais, embora questionadas. Essa fórmula coloca uma transparência muito evidente. Os ex-presidentes aqui presentes, deixaram sua marca para que o Conselho crescesse até hoje”, descreveu.
Daniel Robles comentou que a gestão atual venceu diversos paradigmas como a eleição pela internet. “Nada mais democrático do que isso”. Destacando o legado dos presidentes do Confea, ele considerou que “se chegamos aos 90 anos, esse é um mérito de todos. Que todos os que cheguem tenham esse compromisso para com o Sistema”, disse, registrando a capacidade e o comprometimento da atuação do presidente eleito do Confea.
História
Em nome dos conselheiros federais eleitos, a presidente do Crea-RN, eng. civ. Ana Adalgisa, afirmou que a experiência de ser presidente do Crea representa a força-motriz do país. “Vivemos em um Sistema em que houve guerras jurídicas nas eleições. E o senhor encerra seu mandato em uma eleição democrática e sem atritos. Os profissionais aumentaram a nossa representatividade, com economia e participação. Os profissionais fazem o Sistema e enquanto conselheiros precisamos ter isso muito claro, precisamos ter sempre o Sistema de portas abertas para aqueles que fazem essa história, assumindo seu papel como grande motor de desenvolvimento”, disse, desejando vida longa ao Confea.
O ex-presidente do Confea entre 2012 e 2017, eng. civ. José Tadeu da Silva, manifestou que o momento histórico do Sistema possibilita refletir sobre a sua atuação. A regulamentação das profissões, durante o governo Getúlio Vargas; a regulamentação inicial dos engenheiros agrônomos; o decreto de formação do Sistema e a criação da Federação Brasileira de Associações de Engenheiros (Febrae) foram alguns dos estágios destacados pelo ex-presidente. “Passamos por um momento para desregulamentar as profissões, que resultou nas eleições diretas para presidente do Confea. Esse é o maior conselho de profissões regulamentadas do país sem as quais não há desenvolvimento de qualquer país. Sentimos isso na pele com um processo para extinguir a ART e a redução da anuidade que poderia resultar em prejuízos ao Sistema. Ganhamos esses dois processos no STF com repercussão geral”, lembrou, destacando ainda as prerrogativas legais e normativas que garantem a atuação do Sistema, voltada para o “social”.
Pensar as políticas públicas
O engenheiro civil Wilson Lang, que presidiu o Confea de 2000 a 2005, apontou que os 90 anos do Conselho levam a pensar o que será feito nos próximos 90 anos. “Muitas coisas já foram feitas, muito ainda teremos por fazer. Precisamos enfrentar de frente e ter cada vez mais uma inserção no debate das políticas publicas da nação. Precisamos pensar um projeto para o Brasil. O maior sistema profissional do planeta e mais democrático precisa ter essa participação debatida, que não se resume ao plenário do Confea e aos plenários do Crea. É preciso ir às entidades, ao interior do país”, disse, destacando a necessidade de redesenhar a participação da academia no Sistema para discutir os rumos do país. “Isso precisa ser estimulado”. Ele também considerou a necessidade de instrumentalizar um processo de educação continuada a distância com qualidade. “Somos tecnológicos e não podemos praticar uma inversão de valores. Essas nossas atitudes são escolhas”, enfatizou.
Legado e mudanças
O também engenheiro civil Henrique Luduvice (presidente de 1994 a 1999) destacou o legado dos profissionais e gestores que “fizeram” o Sistema, com 30 segundos de silêncio. “Agradeço a oportunidade de mais uma vez conviver e manifestar nosso ponto de vista sobre o Sistema”. Luduvice apontou que defender essa história é defender o desenvolvimento do país e sua soberania, através de suas políticas públicas. “Cada obra, cada história construída demonstram o comprometimento desse país com a área tecnológica e a perspectiva de gerar o bem-estar nacional. O Sistema sempre teve forças internas para se posicionar em momentos históricos, como a redemocratização do país”, destacou, citando outros fatos históricos. A participação feminina no Sistema também foi ressaltada pelo ex-presidente. “Nem sempre foi assim. Não havia sequer banheiro feminino no plenário quando assumi. Essa história passa necessariamente pela participação de todos e de todas”, disse, ressaltando a importância do Sistema para o desenvolvimento integrado do país.
Tecnologia e incertezas
O engenheiro eletricista Frederico Bussinger (presidente do Confea entre 1988 e 1993) considerou que nos 30 anos que distanciam sua saída do Sistema não havia “telerreuniões”, inteligência artificial, internet, fax, apenas o telex. “Não se falava em transição energética, nem de licenciamento ambiental. Nem de licitação. O TCU estava longe do papel que tem hoje. Os arquitetos e técnicos faziam parte do Sistema. Nesses 30 anos, mudou o mundo, o Brasil, o Sistema. Mas estamos sempre em um momento de inflexão, estamos sempre com os olhos no futuro”. Lembrando da participação dos profissionais das estatais, do processo de privatização e de globalização, e suas mudanças econômicas e sociais decorrentes, Bussinger apontou a internacionalização do mercado de trabalho dos profissionais do Sistema. “Estamos respondendo à sociedade”, ponderou, referindo-se ainda às incertezas dos tempos atuais.
Valorização profissional
Em representação ao plenário do Confea, o vice-presidente do Confea, eng. eletric. Evânio Nicoleit, comentou que a história coloca as profissões do Sistema como agentes de transformação da sociedade. “Nesses 90 anos em que alcançamos 1 milhão e 200 mil profissionais, 400 mil empresas, centenas de entidades profissionais e instituições de ensino, que representam a Engenharia, a Agronomia e as Geociências do país, precisamos estar próximos das entidades do Sistema. Tudo o que o Confea faz é pela valorização profissional, como esta cerimônia pelos 90 anos do Confea e cada reunião do Confea ou dos Creas”, disse, agradecendo a parceria com o presidente Joel, aos que contribuem para o desenvolvimento do país e ainda saudando a credibilidade internacional das profissões do Sistema.
Em “ato de coragem”, Sandra Padilha representou os funcionários do Confea, descrevendo a importância do Conselho. “O Confea continua firme para zelar pela defesa da sociedade e do desenvolvimento sustentável e ético do país”, considerou. Homenageando os colegas que partem e saudando os que chegam para a nova gestão, agradeceu ao presidente do Confea. “O sucesso de uma organização é uma conquista coletiva”, afirmou, entregando uma homenagem ao presidente.
Também funcionária, a engenheira civil Águeda Avelar agradeceu ao Confea a participação dos 90 anos. “Sou engenheira e funcionária e pude participar dos últimos 50 anos do Confea. Eu me sinto homenageada como funcionária e como engenheira”.
Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea
Fotos: Mark Castro/Confea