Presidente do Confea fala sobre a sustentabilidade das cidades amazônicas

Rio Branco (AC), segunda-feira, 20 de setembro de 2004.

Tem início na próxima quinta-feira (22) a VII Semana de Engenharia Arquitetura e Agronomia do Estado do Acre, às 08h, no auditório do Serviço Brasileiro de Apoio ás Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O tema da semana é “Engenharia Pública no Contexto Regional” e, para suscitar o debate, a assessoria de comunicação do Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia do Acre (Crea-AC) entrevistou o Presidente do Conselho Federal do Sistema, Wilson Lang e disponibilizou para a coluna publicar.

JC- Qual a importância dos profissionais do sistema para o desenvolvimento e implementação de cidades sustentáveis?

Lang - Considerando que os profissionais de engenharia, arquitetura e agronomia são os agentes de transformação dos recursos naturais para atender as expectativas da sociedade, é absolutamente evidente que esse processo de transformação tenha relação direta com a implementação do conceito de sustentabilidade ora em debate, razão pela qual os profissionais têm uma importância não só relevante, mas sem sombras de dúvidas, imprescindível. Sem eles não existe cidades sustentáveis.

JC- O Sistema Confea agrega profissionais que dão importante contribuição ao setor público para a implementação e desenvolvimento de políticas públicas relevantes para a população. Nesse contexto, o salário mínimo profissional é uma antiga reivindicação da categoria que nem todos os chefes de executivo respeitam. Qual a posição do Confea sobre esta questão?

Lang - O Confea entende que é lamentável que num país como o Brasil existam legislações que valham para determinados segmentos e não valham para outros como é o caso da Lei 4.450. Ela vale para o setor privado, mas não vale para o setor público. Cremos que o Brasil deva ter um compromisso de resolver essas assimetrias legais, caso contrário nós certamente continuaremos tendo problemas sérios com a suportabilidade jurídica das nossas legislações. Ressalvamos também que o salário mínimo profissional é um salário previsto na legislação para o profissional iniciante e na prática do mercado. Isso em determinados momentos tem funcionado ao contrário, o que não é muito bom para os profissionais.

JC - O desenvolvimento sustentável na Amazônia requer uma intervenção séria dos profissionais do Sistema Confea. Muitas ações de madeireiros no Acre não atendem aos critérios de certificação florestal. Outras ações buscam mascarar possíveis falhas. Como o Confea analisa as questões referentes à exploração de madeira nativa sem a devida reposição florestal e sem o tão propalado desenvolvimento dos segmentos sociais envolvidos neste processo?

Lang - O desenvolvimento sustentável, tanto na Amazônia como em qualquer parte do país que esteja ancorado em alguma legislação existente parte do princípio de que o governo, como agente invisível da sociedade, deve fazer o seu papel. E estamos absolutamente convencidos de que, se existe explorações predatórias, é porque os sistemas de fiscalização disponíveis pelo governo não estão sendo acionados ou não estão funcionando. Portanto, no dia em que o governo for capaz de garantir a aplicabilidade da lei nada disso vai acontecer.

JC - Os conselhos regionais, historicamente formam e são presididos por profissionais com cursos tradicionais. No Acre, o Crea é presidido por um tecnólogo. Como o senhor analisa a gestão de José Carlos Sopchaki à frente do Crea-AC?

Lang - Nós entendemos que os conselhos regionais são dirigidos pelos profissionais que foram eleitos para tal. No caso do Acre temos a presença do tecnólogo José Carlos Sopchaki que tem demonstrado uma preocupação muito grande com os destinos da entidade que dirige e não há nenhum tipo de diferenciação que se possa fazer com relação a ele ou qualquer outro tipo de profissional. O que nos entendemos, pelo trabalho desenvolvido, pela preocupação que o tecnólogo Sopchaki tem demonstrado na direção do Crea do Acre buscando evento, buscando a participação e a inserção social na gestão pública do sistema profissional, é que ele vem fazendo um bom trabalho.

JC- Qual sua mensagem aos profissionais que atuam no Acre que participarão da VII Semana do Crea-AC?

Lang - A participação dos profissionais na Semana de Engenharia é efetivamente um momento de muito importância, é preciso que os profissionais entendam de que estes são mecanismos aonde são criadas as condições para que eles se manifestem, para que eles participem do processo construtor das decisões e dos cenários futuros da organização. Não há como se construir profissões fortes se as estruturas organizacionais e sociais que são compostas por estes profissionais não tiverem uma efetiva participação. E que essa participação seja contributiva do ponto de vista da viabilidade de como esses profissionais podem alterar os modos de ver das sociedades nas quais estão inseridos. A participação deles é importante, é fundamental e sem ela a organização com certeza não cresce .Por conseqüência, também os profissionais não terão respaldo legal e social e político que uma organização desse porte vem desenvolvendo nos últimos tempos e que certamente hoje tem um significado especial na inserção dos profissionais e da organização nos destinos da cidade, do Estado e do país.

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Redação do Jornal O Rio Branco online