Olavo de Freitas Machado

Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1949.

Nascimento: Pão de Açúcar, Alagoas, 13 de dezembro de 1926
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL)

Perfil
“Cheguei a ser membro do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, onde atuei em torno do problema da cultura, mas os meus trabalhos foram bem mais vinculados à natureza". Para o engenheiro agrônomo Olavo de Freitas Machado, a aproximação com a natureza vem desde Pão de Açúcar, lugarejo às margens do São Francisco, na divisa com Sergipe, hoje com 23 mil habitantes. Emancipado em 1877, o município do sertão alagoano tem mais de 400 anos de história, quando ainda era conhecido como Jaciobá, “Espelho da Lua”, no idioma tupi-guarani. “Nos anos 1920, era uma cidade muito pequena. Meu pai não terminou o curso de Direito. Era produtor rural e passamos a viver em fazenda. Aquilo me deu um espaço na vida. Sempre gostei muito da natureza e trabalhei lá nos dois primeiros anos da formatura, pelo Ministério da Agricultura”, enfatiza.

"Acho que quando Deus criou o ser humano, criou para ser feliz. Devemos sempre viver pensando nas coisas boas. Temos que viver o dia presente, e o futuro é o presente”.

No hino da cidade natal, de Pedro Lúcio Rocha e do Padre José Nascimento, a alusão aos “montes circundantes”, cuja denominação se tornaria famosa no Rio de Janeiro, se une a uma ode à terra: “Eia! Avante, pãodeaçucarenses/À procura do porvir/Pois o solo em que nascemos/Terá que subsistir”, dizem os primeiros versos.

Olavo preferiu descortinar essa sua relação com a natureza entre cursos de aperfeiçoamento em Botânica e Conservação de Solo.  Marcante foi a atuação, até sua aposentadoria, em 1984, no Horto Florestal e depois no Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF, que dariam origem ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama. 

Um dos fundadores e diretor de um dos primeiros colégios de Pão de Açúcar, Olavo “sempre teve uma atuação muito bem-sucedida, em tudo o que passou”, diz a filha Ceres, garantindo sua liberdade para seguir a Arquitetura e Urbanismo, e não os caminhos da divindade romana, símbolo da Agronomia, que deu origem a seu nome.
“Ele sempre foi muito dedicado a todos nós. E hoje é muito querido pelos netos. Ainda continua liderando a família”, acrescenta a filha, que atribui seus êxitos à sua integridade moral. Família que começou a ser constituída há mais de 60 anos junto a Gilka Melro Machado, filha do engenheiro Aloysio Freitas Melro, fundador da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Alagoas – Ufal: os filhos Aloísio (administrador), Ceres (arquiteta) e André (historiador), seus netos e bisnetos. 

Com intimidade, fala da sua atuação no Sistema Confea/Crea como conselheiro e segundo presidente do Crea-AL e da Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia:

“Eu chamaria de um exercício de autoestima, quando o Sistema mostra, em nível nacional, que está vivo e quer se renovar, como se renovam as coisas. Essa autoestima pode se transformar em uma autorreflexão para procurar o melhor cada vez mais, analisando o que é positivo e anulando o que é negativo”. 

Um certo saudosismo e leituras literárias e filosóficas alimentaram o seu vigor intelectual. “Além de caminhar muito durante toda a vida, mais pelo prazer e pelo ofício, ele sempre gostou de exercitar a mente, jogando xadrez e lendo”, comprova Ceres. 

“Acho essa premiação fundamental para a Engenharia e a Agronomia de modo geral. Quando a gente presta um serviço relevante, no sentido honorífico, a gente vê que é uma contribuição de vida que a gente dá, sobretudo àqueles que não têm oportunidade de chegar ao nível superior”.

E mais não fala, feito um capiau de Guimarães Rosa: “Fico acanhado, acho que a simplicidade deve fazer parte da vida da gente. Devemos pensar com o coração e fazer com a razão”. 


Trajetória profissional

Engenheiro agrônomo no Instituto Agronômico do Leste/ Bahia; Assistente técnico do Ministério da Agricultura, em Pão de Açúcar (1950-1951); Cofundador e primeiro diretor do Ginásio Dom Antônio Brandão, da Companhia de Educandários Gratuitos, em Pão de Açúcar; Membro das comissões de escolha do Horto Florestal de Maceió e da presidida pelo embaixador Artur Hehl Neiva que resultou na Colônia Pindorama (1953); Autor de obras como “Ensaio de Monografia Geográfica” (1954), “Planejamento Conservacionista da Granja Conceição” e “Indicação Técnica de Proteção da Fauna Nacional”; Participou, em São Paulo, do curso de Engenharia Rural e Conservação de Solos (1954) e de especialização em Administração Rural no IICA, Chile (1954); em Rizicultura, na Universidade de Milão, Itália (1958); em Tecnologia Agrícola, na Universidade da Califórnia, Estados Unidos (1966); e no Sistema de Educação da Califórnia, em San Diego, Estados Unidos (1972); Instalou e dirigiu a Comissão do Vale do São Francisco, em Penedo-AL (1956-1961); Diretor do Fomento Agrícola de Alagoas (1962); Diretor da Agência de Recursos Naturais e do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal - IBDF (1963-1984); Coordenador da Pesquisa Florestal no Nordeste; Realizou em São Paulo o curso de Engenharia Rural e Conservação de Solos; Professor examinador de bancas de concursos de Fisiologia Vegetal e Botânica Sistemática da Universidade Federal de Alagoas – Ufal; Conferencista da Fundação Brasileira para Conservação da Natureza, no Rio de Janeiro; Conselheiro (1968-1969) e presidente do Crea-AL (1970-1971);  Presidente do Conselho Estadual de Educação de Alagoas (1972); Consultor da Casa de Penedo (2000 – Atual); Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas – IHGA (2000-2016).