Especialistas debatem a descarbonização e o hidrogênio verde (H2V)

Gramado, 10 de agosto de 2023.

Barreiras não tarifárias e desafios da Agronomia no Contecc

 

Na tarde de quarta-feira (09), os participantes da 78ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea) lotaram o auditório Entrevero para assistir ao painel "A Descarbonização e o Hidrogênio Verde (H2V) no Brasil - Perspectivas para o Mercado da Engenharia", moderado pelo conselheiro federal eng. agr. Daniel Galafassi. A primeira palestra abordou os "Desafios Tecnológicos do Hidrogênio", ministrada pelo professor da Poli/USP eng. eletroquím. Thiago Lopes.

Durante sua exposição, Lopes ressaltou que o cenário mundial está se tornando cada vez mais crítico. "No que diz respeito às emissões, estamos vendo um aumento constante em várias fontes, o que é preocupante. Precisamos encarar essa realidade, uma vez que os impactos estão se manifestando." O palestrante enfatizou a dívida histórica da humanidade com o meio ambiente. "Estamos em débito com o planeta, é como se tivéssemos uma conta bancária que está constantemente no vermelho em termos de emissões. Como sociedade, precisamos zerar essas emissões para então reverter essa situação e retornar aos níveis de antes da Revolução Industrial."

O segundo palestrante do painel foi o diretor do Fraunhofer Liaison Office Brazil, Eng. Mec. Rodrigo Pastl Pontes, que apresentou os destaques da Fraunhofer-Gesellschaft e suas tecnologias desenvolvidas para o governo alemão. Pontes ressaltou o foco dos estudos conduzidos pela empresa e o benefício econômico que eles proporcionam. "Nosso objetivo é conduzir pesquisas altamente inovadoras e baseadas em soluções para beneficiar a sociedade e impulsionar as economias alemã e europeia. Cada euro investido em nosso orçamento resulta em um crescimento de 21 euros no PIB, o que justifica o apoio do governo alemão a nossos projetos", declarou o conferencista.

O último painel foi apresentado pela secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul, eng. ftal. Marjorie Kauffmann, com a palestra "Descarbonização e Hidrogênio Verde (H2V) no Brasil", na qual foram apresentados dados do Brasil e do governo gaúcho. A secretária compartilhou informações sobre o estado gaúcho, onde 81% da potência instalada e da energia gerada têm origem em fontes renováveis, destacando a importância do hidrogênio verde como um dos principais impulsionadores da descarbonização. "O hidrogênio verde desempenha um papel crucial como um dos principais catalisadores da descarbonização em diversos setores da economia", afirmou a palestrante. Kauffmann também destacou que a produção de hidrogênio verde no Rio Grande do Sul depende da competitividade das energias renováveis, compromisso com agendas sustentáveis e diferenciais locais de demanda e infraestrutura, e ela compartilhou as expectativas para o estado. "A previsão é que o Rio Grande do Sul possa receber até R$ 62 bilhões em investimentos voltados para iniciativas relacionadas ao hidrogênio verde. Até 2040, espera-se que essas iniciativas e investimentos resultem em até 41 mil empregos diretos e indiretos."

Sobre o Hidrogênio Verde

A crescente preocupação com as mudanças climáticas e a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa têm impulsionado a busca por soluções sustentáveis e inovadoras. A descarbonização, que envolve a redução ou eliminação das emissões de carbono provenientes de atividades humanas, tornou-se uma meta crucial para governos, indústrias e sociedades em todo o mundo, gerando uma corrida tanto para expandir a utilização do hidrogênio como fonte de energia quanto para desenvolver tecnologias que reduzam o uso de carbono, simultaneamente à redução dos custos.

Nesse contexto, o hidrogênio verde (H2V) surge como um elemento-chave na transição para uma economia de baixo carbono. O H2V é produzido por meio da eletrólise da água, utilizando energia renovável. Esse processo não emite carbono e proporciona uma fonte versátil de energia e combustível limpo. O hidrogênio verde tem o potencial de revolucionar setores como transporte, indústria e geração de energia, substituindo gradualmente fontes de energia mais poluentes.
 

Reportagem: Daniel Lobato  (Crea-AC)
Edição: Fernanda Pimentel (Confea)
Equipe de Comunicação da 78ª Soea
Fotos: Studio Feijão & Lentilha