Brasília, 17 de fevereiro de 2023.
A regulamentação do Crea Júnior e a inserção dos futuros profissionais do Sistema com as iniciativas desenvolvidas pelo Confea nos últimos anos foram temas da primeira reunião do ano entre os coordenadores do Programa, o presidente do Confea, eng. civ. Joel Krüger, e assessores. Nesta quinta (16), no Confea, a coordenadora nacional, eng. quim. Ingrid Luíza Reinehr, e o coordenador adjunto, eng. civ. e acadêmico de Engenharia Mecânica Carlos Fortunato, aprofundaram ainda discussões sobre a mobilidade profissional, a uniformização da nomenclatura e a aproximação com estudantes e jovens profissionais. Entre os principais avanços da área, está o Projeto de Lei nº 1.024/2020, que inclui o Programa na estrutura do Sistema, por meio da atualização da Lei 5.194/1966. A discussão possibilitou que a reportagem fizesse junto aos coordenadores do Programa um breve balanço sobre os 23 anos de sua atuação no Sistema.
“O PL 1.024 faz inclusão do Programa na nossa estrutura, isso tende a trazer o Programa para dentro do Sistema. Também destaco a importância da participação do Crea Júnior na discussão sobre a mobilidade profissional, onde temos desenvolvido várias iniciativas e que possibilitam que o jovem profissional inicie sua atuação já com uma experiência internacional. Também estamos muito atentos à inovação, bem como a aproximação dos estudantes e futuros profissionais das entidades de classe, entre elas, inclusive as associações de mulheres, tendo em vista a nossa preocupação com o Programa Mulher, voltado à inserção feminina no mercado de trabalho, o que tem muito a ver com a mentalidade dos jovens. Por outro lado, também estamos incentivando as entidades a promoverem a associação dos estudantes, pensando na inserção de futuros profissionais”, destacou o presidente Joel Krüger.
Essa relação entre as entidades e o Confea foi vivenciada pela assessora da presidência responsável pela interface entre o Confea e o Crea Júnior, a engenheira civil Mariana Costa. “A porta de entrada no Sistema são as entidades onde os participantes do Crea Júnior podem vislumbrar uma participação mais atuante como conselheiros ou inspetores”, comentou. Além dela, participaram da reunião; o procurador jurídico do Confea, Igor Garcia; o gerente regional do Sudeste, Evandro Martins; o gerente de Comunicação, Felipe Pasqualini, o assessor da presidência Samuel Ribeiro e o assessor parlamentar José Maria Soares.
Tendo atuado na Associação de Engenheiros e Arquitetos de São José dos Campos, ela considera que a aproximação do Confea com o Crea Júnior, em todas essas atividades, é uma prioridade da gestão, inclusive buscando a efetivação de regras de seu funcionamento. “Acredito que o Confea poderá contribuir ainda mais para apoiá-lo melhor”, acrescenta Mariana, considerando que a aprovação do PL 1.024 possibilitará o fortalecimento do Crea Júnior em todos os estados.
Manual e 1.024
A construção de um manual que esclareça as atribuições e as unifique, inclusive em relação à sua nomenclatura, é uma das preocupações da atual coordenação do Crea Junior. Hoje, o grupo está presente em 22 estados e no Distrito Federal (as exceções são os estados do Pará, Amapá e Mato Grosso do Sul, além de São Paulo, onde a denominação é de Crea Jovem, atingindo o jovem profissional recém-formado). “Na verdade, há outras indefinições, sobretudo em relação a quantos anos os outros Creas irão nquadrar os jovens profissionais, que precisam ter uma proximidade maior do Sistema, independente disso. Estamos discutindo”, diz Ingrid. Segundo a coordenadora nacional do Crea Júnior, a participação no 12º Encontro de Líderes, de 28 de fevereiro a 2 de março, contará com representantes de todas as unidades da federação para discutir sobre a agenda 2023, Encontro Nacional do Crea Jr (Enac), entidades de classe, inovação e outros temas relevantes para o desenvolvimento acadêmico e profissional..
“Definindo a nomenclatura (Crea Júnior, ficando Creajr apenas na logomarca), a hierarquia das coordenações nacionais e estaduais e outras questões, vamos poder auxiliar os estados que estão começando na implementação do programa, trabalhando sempre de forma alinhada com o Confea e com os Creas. Além disso, esse manual ou outro documento equivalente nos daria uma legalidade maior, alcançando estudantes na graduação e no ensino médio para fomentar o interesse pelas engenharias e pelo Crea, destacando a importância da valorização e da ética profissional desde o primeiro semestre”, diz Ingrid.
Sobre a participação do Crea Júnior nas discussões sobre o Projeto de Lei 1024, considerado por Ingrid como um instrumento para a legalidade do Programa, a coordenadora considera que ele possibilita a inclusão dos acadêmicos na Lei 5.194. “Ele envolve a questão dos programas e projetos para aproximar os acadêmicos, que são os futuros profissionais. Além disso, o projeto de lei tem outras alterações para a inovação do Sistema”, diz.
Trajetórias
A coordenadora nacional descreve seu envolvimento com o Programa, desde que participou de um curso desenvolvido pelo Crea-SC, denominado ART Júnior, ainda na graduação. “Saí mais preparada para conhecer a questão profissional. Na universidade, a gente praticamente não tem acesso à ART e ao Sistema, algo sobre o que sou demandada até hoje pelos colegas de graduação que não fizeram parte do programa. Então, essa plataforma, ARTjr, possibilitava vários encaminhamentos para aprender. Saí do curso mais preparada para atuar como engenheira. Mas essa parte legislativa a gente não aprende. O que faz com que muitos profissionais errem em questões éticas, causando danos à sociedade e ao meio ambiente. A ideia é trazer para os outros estados para que todos tenham esse acesso, implementando a plataforma que foi elaborada por uma Ex-Crea Jr e agora assessora da presidência do Crea-SC, a engenheira civil Caroline Burtet”, descreve.
Ingrid começou a atuar ativamente no Programa em 2019. “Fui membro corporativo, membro dirigente, primeira-suplente de coordenação regional em 2020, coordenadora regional, em 2021, e coordenadora estadual no ano passado, quando fui eleita, durante a Soea de Goiânia, para o mandato que começou no início do ano”, conta.
Para a coordenara nacional, a contribuição do Crea Júnior, ao longo de seus 23 anos de atuação, está relacionada tanto à formação individual dos profissionais, como para a sua contribuição para o Sistema. “Não só a questão do jurídico, mas de oratória, escrita e demais 'softskils'. A gente tem uma comunicação maior com outros estados, outras culturas, vê a sociedade como um todo”.
Já o coordenador adjunto do Programa, conta que “quando saiu da faculdade em Sergipe, ainda não sabia muito sobre o Sistema. Apenas que tinha que ter o registro, mas não sabia que era importante. Através desse contato, ao tirar a carteira profissional, a gente conversou, entrei no Crea Júnior. Eu me formei em 2019 e em 2020 entrei”. Ele diz que o contato mais efetivo se faz pelo boca a boca. “Com conversa, diálogo informal, diariamente, a gente foi se informando”.
Hoje estudante de Engenharia Mecânica em São Paulo, Carlos Fortunato considera que nesse estado o Crea Júnior também está em fase de implementação. “Alguns adotam a nomenclatura Jovem, e Júnior abrange não só os estudantes, mas os recém formados. A gente vai permanecer Júnior e quem sabe incluir o Jovem, mas ainda está em construção atualmente. Isso varia com a formação. Mas para nós, a nomenclatura não tem tanta importância, o importante é que o Programa ande conciliado com o Confea, sem interferência externa, definindo as diretrizes”.
Cultura da inovação
A partir dessas percepções individuais, conhecemos um pouco mais sobre a estrutura e o atual momento do Crea Júnior, o que envolve, claro, um importante diálogo de gerações. O próprio Carlos Fortunato considera que as alterações no colegiado e suas regras de funcionamento foram aprovadas pelo corpo de colegiados. “Assim, recebemos também o posicionamento do Confea, não em plenária, considerando sugestões para uma possível aprovação dessas regras de funcionamento”, diz, ressalvando que a aprovação de um regimento demandaria a aprovação pelo plenário.
Ingrid informa que já passaram pelo Programa mais de 100 mil profissionais. “São dados de 2021. ,as destes acredita que já tenha bastantes formados e outros que entraram após a coletada dos dados. Agora, estamos trabalhando na melhoria na captação dos dados, juntamente à comissãode gestão estratégica do programa”. Essa participação passa por critérios definidos em cada estado. “Depende do estado. No Crea-SC, esses dados estão em fácil acesso do Crea. Outros estados fazem processos seletivos e uma inscrição manual, mas, se o curso estiver ok no Crea e se o aluno estiver com matrícula ativa, ele pode vir a se tornar um membro corporativo inscrito no Programa”, informa.
O passo seguinte, conforme o grau de atuação, envolve a efetivação como membro dirigente, responsável pela eleição da coordenação estadual. Já a coordenação nacional é eleita entre esses coordenadores estaduais. No próximo Encontro de Líderes, acrescenta Ingrid, haverá a definição do regulamento da próxima eleição e a definição da agenda do ano.
Segundo a coordenadora, as ações dos Creas Júniores sempre são feitas em conjunto com os Creas. “Conselheiros, inspetores, diretores, assessores e a presidência, sempre o Crea está ciente do que a gente demanda e das atividades realizadas”. Para ela, o balanço desses 23 anos é saudável, inclusive porque muitas lideranças atuais passaram pelo Programa. “Estamos começando a colher frutos. Temos vários diretores de Crea, assessores, conselheiros federais que são egressos do Programa. Em Santa Catarina, conforme dados recentes, 47% dos registros eram de pessoas que já passaram pelo Crea Júnior. Assim, o jovem profissional está mais próximo do Sistema, mudando o pensamento de que o Sistema é só pra cobrar. Assim, a gente valorizar a profissão e impede que tenham maus profissionais”.
As contribuições desta singela renovação cultural proporcionada pela integração ao Crea Júnior abrangem outros aspectos, em um diálogo de gerações que pode ser ainda mais fomentado. “A gente como jovem acaba tendo mais contato com questões não só de internet, software que talvez a gente consiga aprender um pouco mais rápido, trazendo também inovações com mais facilidade. Quando conhece, vê o trabalho que não é para fazer festa é para trazer as melhorias, trazendo questões inovadoras para implementar com empresas júniores, entidades de classe, algo que o Crea Júnior acaba trazendo, inclusive de forma virtual. Para nós, a cultura de inovação talvez seja mais forte do que para alguns profissionais. A comunicação é primordial para essa integração, e precisamos da abertura dos conselheiros e profissionais para receberem essa troca de informações entre gerações”.
Ainda segundo Ingrid, algumas universidades apoiam o Programa como um projeto de Extensão. Caso de uma universidade de Santa Catarina que criou um projeto de Extensão, oferecendo inclusive uma bolsa para participar. “Temos muitos bolsistas da Capes e do CNPQ, por isso a gente vê a importância dessa retomada das bolsas que muitas vezes auxiliam os futuros profissionais até mesmo no pagamento das universidades”, diz, ao comentar os reajustes das bolsas de estudo, anunciados pelo governo federal no mesmo dia da reunião.
O coordenador adjunto do Programa Crea-Júnior considera também que a aproximação dos acadêmicos com o Sistema tinha se perdido, nas gestões anteriores. “Agora, temos uma aproximação direta com a presidência do Confea, o que atende anseios mútuos. É importante ser uma via de mão dupla para plenejarmos as nossas ações em 2023. Como se deu em relação ao norteamento sobre o PL 1024, que é um dos focos do Confea também. Para o Crea Júnior, são 23 anos construindo esse processo que agora poderá ser legitimado, validando toda essa história, perante o Sistema. Um reconhecimento de todo esse avanço”, comenta Fortunato.
Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea
Fotos: Marck Castro (Confea)