Engenheiro Agrônomo pela Universidade de Passo Fundo (UPF), em 1977; Mestre em Entomologia Agrícola pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 1980; Cursou Controle Biológico de Pragas na Universidade da Califórnia – EUA, em 1982; Estudou Pragas de Solo na Lincoln University, na Nova Zelândia, entre 1986 e 1991
Nascimento: Santa Rosa (RS), 25 de março de 1953
Falecimento: Passo Fundo (RS), 03 de setembro de 2018
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea-RS)
“Viver, pensar e agir como planta”, assim falava Dirceu Gassen aos produtores rurais, enquanto demonstrava a importância da integração ao ambiente agrícola. Disso entendia o engenheiro agrônomo conhecido como “amigo das abelhas, do solo e da produção de alimentos”.
Foi na infância em Santa Rosa (RS) que aprendeu com o pai a manejar e respeitar o espaço rural.
Arnaldo Gassen era atuante no desenvolvimento de tecnologias em agricultura. Na década de 1960, participou dos primeiros testes de uso de calcário para correção de terrenos empobrecidos: a revolucionária Operação Tatu, que permitiu dobrar o crescimento vegetativo da soja. Dirceu viu de perto pesquisadores norte-americanos chegarem à região para discutir procedimentos e operar equipamentos especiais. Outro momento extraordinário de inspiração foi a testagem de novas cultivares de soja na propriedade da família, realizada por associações e a Secretaria da Agricultura.
Mais velho de seis irmãos, acompanhava o pai nas atividades do sindicato rural e de exposições sobre agricultura, onde conviveu com pessoas inovadoras e de coragem que tornaram o Brasil referência mundial de produção de alimentos, como ele costumava lembrar.
A rica experiência na juventude despertou em Dirceu o interesse pela proteção de plantas, manejo integrado de pragas e controle biológico.
Na graduação foi monitor da disciplina de Entomologia, sob instrução do professor Augusto Paiva Neto. O tema teve desdobramento no mestrado orientado pelo professor Elio Corseuil.
Dirceu era entusiasta também do Sistema de Plantio Direto (SPD) – processo de semeadura em solo não revolvido capaz de reduzir a erosão e melhorar propriedades da terra. O engenheiro agrônomo atuou com os pioneiros desse método no país, na década de 1970. Foi gestor da área técnica da Cooperativa dos Agricultores de Plantio Direto no Rio Grande do Sul, por 12 anos, e publicou dezenas de livros e informativos sobre SPD.
Difundir informação, por sinal, era a marca de Dirceu, que por mais de 20 anos desenvolveu estudos para a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Trigo). Aos produtores e alunos de Agronomia, afirmava que “a produtividade é o conhecimento acumulado por hectare". Defendia que “a evolução da agricultura está nos hábitos de compartilhar conhecimentos e aprender com as práticas dos que experimentaram as mudanças que elevam a produtividade com renda”, como ressaltou certa vez em entrevista. Entre os colegas de profissão era reconhecido pela capacidade elevada de simplificar questões complexas e transmiti-las com clareza em visitas a lavouras, grupos de discussão, redes sociais e veículos de comunicação. A eloquência e o raciocínio rápido foram atributos que o tornaram distinto e renomado internacionalmente, tendo propagado técnicas e ideias em 22 países.
Tamanha era a disposição para compartilhar informações que, nos meses em que esteve doente antes de falecer, ainda debatia e planejava trabalhos sobre agricultura com colegas e agricultores do Brasil e exterior.
Esse era Dirceu, perspicaz investigador de solo e micro-organismos sempre munido de enxada, lanterna e câmera fotográfica para diagnosticar problemas nas plantações. Mais do que isso: dedicava tempo, energia e conhecimento para desenvolver métodos produtivos e promover melhorias no meio rural, como evidenciam a esposa e as três filhas: “Ele foi generoso, ele viveu!”.
Trajetória profissional
Pesquisador em manejo integrado de pragas de fruteiras pela Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária – Empasc (1979-1981); Pesquisador em manejo integrado de pragas de trigo, insetos de solo e controle biológico de pragas na Embrapa Trigo em Passo Fundo – RS (1981-2003); Realizou estudos com insetos de solo, citando espécies novas para a ciência, por exemplo o coró-do-trigo – Phytalus sanctipauli – que mais tarde foi definido como Phyllphaga triticophaga (1982); Coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado, em Porto Alegre – RS (1995-1998); Gerente da área técnica da Cooperativa dos Agricultores de Plantio Direto Ltda. (2000-2012); Sócio da empresa Vértice Agrícola – Agricultura de Precisão; Em reconhecimento ao trabalho na área de Entomologia agrícola, foi homenageado com o nome científico – Centistes gasseni – para espécie que parasita adultos de Diabrotica speciosa, cujas larvas são pragas de diversos cultivos (1995); Autor de mais de 200 livros e informativos sobre proteção de plantas, controle biológico, plantio direto e evolução na agricultura; Editor técnico da Revista Plantio Direto; Consultor em boas práticas agrícolas e manejo para alto rendimento de lavouras; Consultor técnico para a Bayer por sete anos; Membro do Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB); Professor convidado na graduação e pós-graduação de diversas faculdades de Agronomia do Brasil.