João Pessoa, Natal e Salvador somam pouco mais de 4 milhões de habitantes. Essa é a quantidade de vidas com cujo direito de ir e vir Carlos Alberto Batinga Chaves muito contribuiu. Engenheiro civil especialista em transporte, desenvolvimento urbano e gestão pública, Batinga foi responsável pelos planos diretores das três capitais nordestinas.
Mas foram os 30 mil moradores da cidade paraibana de Monteiro – a natal de Batinga – as pessoas que mais foram afetadas pela liderança e gestão pública do engenheiro. Depois de se formar em João Pessoa, passar pelas prefeituras e secretarias de transporte de diversas capitais nordestinas e prestar consultoria pela América Latina, acumulando 14 anos de experiência em gestão pública, em 1997 Batinga regressou a Monteiro como prefeito e ajudou a mudar a realidade do Cariri Paraibano. “Foi uma pequena revoluçãozinha”, brinca modestamente, aplicando o diminutivo duas vezes.
A região do Cariri Paraibano é a mais seca do país. À época que assumiu a prefeitura de um dos municípios que integra a região, Batinga realizou, com apoio do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), uma pesquisa censitária que detectou as potencialidades e vocações de Monteiro, para trabalhá-las e aumentar esse potencial. Um exemplo é que, a partir do estudo, o município se tornou um grande produtor de leite de cabra.
A administração de Batinga também estruturou o abastecimento de água e o saneamento da cidade, com construção de barragens subterrâneas, açudes e cisternas. Foi ao longo daqueles oito anos o período em que mais se perfuraram poços na cidade. “O saneamento da cidade, feito por administração direta [o que é raro no Brasil], passou de 35 a 86%”, conta. Também foi naquela administração que se construíram, na região do Cariri, os campi do Instituto Federal da Paraíba, da Universidade Estadual da Paraíba e da Universidade Federal de Campina Grande. “Em 1997, tínhamos em Monteiro 70% da população com até três anos de escolaridade. Isso em escola ruim, de interior”. Dessa fatia, 40% eram analfabetos. “Por isso entrei nessa luta de levar educação de qualidade para a região”, conta, ressaltando que o mérito da conquista foi de muitos agentes que se envolveram no processo.
Tudo começou em João Pessoa, onde cursava faculdade. Lá, era estagiário da prefeitura e, quando recém-formado, foi convidado pelo secretário de Planejamento para atuar como diretor de Planejamento Urbano da capital paraibana. Dali, passou pelos planejamentos de transporte e mobilidade urbana de Salvador e de Natal. Após ocupar o primeiro cargo de secretário de Transportes de Natal, participou da coordenação, por meio do Pnud, dos planos diretores de Bogotá, na Colômbia, e Caracas, na Venezuela.
Atualmente morando em João Pessoa, Batinga atendeu a equipe do Confea em uma sexta-feira, dia que, do alto de seus 64 anos, define como “dia dos relacionamentos”. “Hoje já caminhei duas horas na praia, conversando com as pessoas”, conta às 9h da manhã. Nos outros dias, Batinga presta consultoria em planejamento de transporte urbano em Salvador, Natal e Belém.
Quando perguntado sobre a vida familiar, Batinga brinca: “aí a confusão é grande!”. Pai de cinco filhos, cada plano diretor rendeu-lhe um casamento: um em cada uma das capitais habitadas por Batinga. O último casamento foi o de João Pessoa, com Tarciana Muniz Carneiro, que comemora bodas de prata em setembro de 2015.
Equipe de Comunicação do Confea