“Quem vive o associativismo de forma consciente, participativa e atuante descobre que estar em uma entidade de classe, não é apenas se fazer presente nas reuniões ordinárias, extraordinárias e assembleias gerais. É, acima de qualquer coisa, um modo de vivenciar a cidadania. Portanto, contribuir para que sua organização profissional seja enriquecida, desenvolvida, ousada e participativa é o que uma associação de classe pode e deve fazer, valorizando o exercício profissional e a cidadania.”
Essa mensagem de incentivo foi assinada em artigo por Ésio do Nascimento e Silva. Esse registro, na verdade, representa o legítimo engajamento vivido por um engenheiro agrônomo que abraçou o trabalho associativo no Sistema Confea/Crea e Mútua, até os últimos dias que dispôs de saúde.
Natural de Mombaça (CE), Ésio nasceu em 7 de setembro de 1952 e construiu a trajetória profissional na Engenharia Agronômica. “Organizado e dedicado a tudo que fazia, ele se formou muito jovem e, já aos 22 anos começou a trabalhar na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará, onde foi servidor de carreira. Ele era muito apaixonado pela profissão. E fazia tudo que podia por essa Agronomia”, conta a mãe, Antônia Betisa Nascimento Silva.
Especializado em Pré-Serviço de Extensão Rural; Elaboração, Análise e Avaliação de Projetos de Irrigação; e Gestão Pública, além de pós-graduado em Aproveitamento de Recursos Naturais no Semiárido, Ésio desempenhou também cargos de diretor e secretário no governo cearense, desenvolvendo trabalhos nas áreas de agricultura, recursos hídricos e meio ambiente.
Essa experiência em atividades públicas voltadas para a valorização da engenharia agronômica e o progresso do Estado do Ceará, Ésio levou para o Sistema Confea/Crea e Mútua, como lembra o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia cearense. “Ele alimentava um grande sonho, motivado pelo trabalho que ele fez, como, por exemplo, organizou o Congresso Nacional e Internacional de Agronomia, e estava organizando o primeiro Seminário da Engenharia Agronômica na região do Cariri. E isso é só uma amostra de como o Ésio era um visionário, que gostava de trabalhar em prol da Associação de Engenheiros Agrônomos do Ceará”, ressaltou o engenheiro civil Victor Frota Pinto em março de 2015, durante solenidade de nominação da sala da Aeac, em homenagem a Ésio, que faleceu em 14 de fevereiro do mesmo ano.
Conhecido como vibrante defensor da categoria agronômica, Ésio foi eleito pelos profissionais do Crea-CE para a vaga de conselheiro federal, em 20 de novembro de 2014, para o triênio 2015-2017. Porém, um obstáculo que não pôde ser transposto por esse batalhador e guerreiro dificultou a efetivação desta nova missão de Ésio. Devido ao agravamento de seu quadro de saúde, ele não chegou a tomar posse no Confea. “Na época das eleições, ele estava se recuperando de uma cirurgia de aneurisma cerebral. Tinha recém voltado do hospital para casa. Quando soube de sua vitória nas eleições, ficou emocionado e chorou muito”, lembra o irmão Marcos Antônio Nascimento Silva.
A reabilitação seguia. “Todos estavam muito impressionados com a recuperação de Ésio. Embora estivesse ainda com algumas dificuldades para falar e caminhar, os avanços eram visíveis. Estávamos todos com muita fé”, conta Marcos.
No entanto, em dezembro, ao relatar um desconforto estomacal para um amigo médico, Ésio voltou para o hospital e fez uma bateria de exames. O resultado revelou câncer no estômago. “Foram acionados médicos no Ceará e também no exterior. Uma semana depois ele foi operado. A recuperação novamente foi um sucesso. Logo saiu da Unidade de Tratamento Intensivo para o quarto do hospital. Ficamos animados com a boa reação e, em homenagem, criamos um apelido para ele. Dissemos que seu nome passaria a ser Ésio do ‘Re’Nascimento. Mas a rápida melhora dele durou apenas até o quarto dia pós-cirúrgico, quando uma súbita febre agravou o quadro de saúde, fazendo com que ele permanecesse hospitalizado até fevereiro”, conta Marcos, que lamenta a falta que faz o irmão motivador e companheiro.
Com a ausência de Ésio, o mandato da modalidade Agronomia do Estado que, em 2015, recebe a 72ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea) é cumprido pelo conselheiro federal Célio Moura, com quem Ésio elaborou e defendeu uma plataforma eleitoral marcada por propostas de abrangência nacional destinadas ao fortalecimento das entidades de classe, à responsabilidade social e à melhoria do nível de emprego e da renda dos profissionais. “Ésio preparou-se durante muitos anos para ser conselheiro no Confea. Ele estudava os Projetos de Lei relacionados à área e buscava defender os interesses da Agronomia junto ao poder legislativo. Para mim, ele era um grande exemplo de profissional dinâmico, integrador e bem relacionado com todos os setores, em âmbito nacional, inclusive. Aceitei a proposta de ser suplente dele para a vaga de conselheiro federal por acreditar na atuação de Ésio enquanto liderança dedicada às causas profissionais. Agora, assumi uma grande responsabilidade”, afirma o engenheiro agrônomo Célio Moura, que tem o amigo de ofício como referência viva na memória.