Brasil expõe experiência de manejo sustentável na Rio+10

Joanesburgo, África do Sul, quinta-feira, 29 de agosto de 2002. Oportunidades econômicas baseadas no uso sustentável das florestas representam a principal alternativa para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. A afirmação é do Ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, na Cúpula Mundial Rio+10, nesta terça-feira (27/08), durante Fórum sobre manejo florestal, organizado pela International Tropical Timber Organization, ITTO. O diretor executivo da organização, o brasileiro Manoel Sobral, coordenou o evento.Vários projetos e experiências de manejo sustentável em florestas tropicais, financiados pelo ITTO, como os desenvolvidos nas Filipinas, cidade do Congo e Brasil, foram apresentados durante o Fórum. O projeto brasileiro está sendo realizado na floresta estadual de Itimari, próximo ao municípios de Sena Madureira e Jari, no Acre.José Carlos Carvalho informou que o Brasil está executando o Plano Nacional das Florestas, conjuntamente com o Programa Piloto das Florestas. Segundo ele, isto significa um grande esforço de desenvolvimento sustentável do País. No contexto deste Plano está a ampliação da rede de uso conservado, principalmente quanto às reservas extrativistas, "medida que assegura às comunidades locais o uso da floresta e a sua preservação", ressaltou.Segundo o ministro, o Brasil está ampliando suas florestas nacionais para aumentar a oferta sustentável de madeira. Ao mesmo tempo, está acelerando e tornando muito mais rigoroso e efetivo o Programa de Controle de Desmatamento. O ministro citou como exemplo de resultado das ações de fiscalização a apreensão feita pelo Ibama, com apoio do Programa Piloto de Florestas, que acumulou 800 mil metros cúbicos de madeira, dos quais 254 mil são de mogno. "Semana passada o Governo editou Medida Provisória determinando que a madeira ilegal apreendida seja leiloada. Isso tudo está inserido num maior esforço para o estabelecimento de uma política sustentável das florestas", explicou.José Carlos Carvalho informou ainda que o governo brasileiro lançou linha de crédito para projetos extrativistas e de silvicultura associada às áreas degradadas da Amazônia. "São iniciativas nacionais, dependentes de iniciativas internacionais, que favorecem a criação de um mercado de commodities para a remuneração do custo ambiental", disse. O Ministro renovou o apoio do governo brasileiro à ITTO, afirmando que organizações como ela têm papel fundamental nesse mercado. Projeto Brasileiro - A experiência de manejo florestal brasileira financiada pela ITTO é um projeto do eng. florestal Zenóbio Silva Pedrosa. "Venho trabalhando neste projeto há 14 anos no Acre, e atualmente beneficia cerca de 86 famílias, totalizando 640 pessoas entre seringueiros e extrativistas. Hoje no Acre as pessoas têm condições de explorar melhor a borracha e a castanha com um grau maior de tecnologia, agregando à sua renda receita oriunda da exploração madeireira num nível sustentável. Isto permitirá que, dentro de 30 anos a área explorada tenha o mesmo volume madeireiro que tem hoje, causando o menor impacto possível para a biodiversidade da floresta", esclareceu Pedrosa.Nos três primeiros anos o projeto custou US$ 1 milhão. Desde 1993 até hoje, absorveu US$ 1.800 mil, recursos do ITTO, mais uma contrapartida de R$ 1.500 mil do Estado do Acre. A execução é da Funtac (Fundação de Tecnologia do Estado do Acre) na floresta estadual de Itimari, em local próximo aos municípios de Sena Madureira e Jari. Ocupa uma área de 77 mil hectares de floresta, com 99% do total, preservado.Para o eng. florestal é de grande importância para a Amazônia e o Brasil ter sido possível a apresentação de um projeto como esse num Fórum de status mundial como a Rio+10. "O Acre a partir do próximo ano, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BIRD), vai criar um milhão de hectares de floresta estadual. Itimari está servindo como modelo para a concessão das áreas, de como realizar o manejo florestal, enfim como modelo de uso sustentável da floresta", esclareceu.Confea - Na avaliação da chefe da comitiva do Confea que participa da Rio+10, eng. civil Neuza Trauzzola, o projeto aplicado à floresta do Acre mostrou que atingiu seu objetivo. "Está claro que é possível o uso da floresta gerando emprego, educação, melhor qualidade de saúde para a população local. A iniciativa, como vimos na apresentação do eng. florestal brasileiro, gera bons resultados e será muito importante usá-la como projeto piloto em iniciativas maiores. Esses bons resultados são formas, sobretudo, de incentivar que organizações como o ITTO continuem financiando projetos e manejo sustentável na Amazônia". Bety Rita Ramos - Da equipe da ACS