III FSM "O mundo está em guerra" Bautista Vidal diz que escassez de petróleo é a razão dos ataques norte-americanos e que III FSM serve de contraponto a Davos.

Porto Alegre (RS), segunda-feira, 27 de janeiro de 2003. "A área tecnológica, o desenvolvimento social e econômico dos países membros do Mercosul e a relação com outros mercados", foi o tema da primeira oficina promovida pelo Sistema Confea/Crea - em Porto Alegre , Sexta-feira 24/01, dentro da programação oficial do III FSM - . Os três palestrantes escalados para desempenhar a tarefa foram o governador Ronaldo Lessa ((PSB/AL), engenheiro, Bautista Vidal, engenheiro, físico nuclear, escritor e ex-secretário do ministério de Ciência e Tecnologia, e Ciro Laurenza, também engenheiro e diretor do Sinaenco (Sindicato Nacional das Indústrias de Engenharia e Arquitetura Construtiva).Prestigiada pela presença de Frederico Antunes, eng. agrônomo e secretário estadual de Obras e Saneamento, representando o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, a oficina teve nas colocações de Bautista Vidal seus momentos mais marcantes. "O III FSM, disse, serve de contraponto a Davos - cidade suíça que sedia o Fórum Econômico Mundial reunindo representantes dos países mais ricos do mundo - um grupo tenebroso, que coloca no dinheiro o poder de tudo, destroçou a Argentina e ameaça nosso país". Potência - Recém saído de uma cirurgia cardíaca, aproveitou para anunciar "que o meu coração está novo e hoje volto para a briga. Não perdoarei os inimigos do Brasil".Ele acredita que um futuro mais promissor para o Mercosul, depende do aprofundamento na inter-relação dos países membros e preferiu fazer sua apresentação criticando o clima bélico que paira no ar em função da iminência de um ataque dos EUA contra o Iraque."O mundo está em guerra e a escassez de petróleo é a razão dela, seja no Afeganistão ou na Venezuela"-. Em seu discurso anti-belicista, o ex-ministro justificou as investidas norte-americanas contra países produtores de petróleo, como o país de Sadam Hussen, na razão direta da escassez de suas reservas, que só fornecerão a matéria-prima por mais quatro anos. Chamou a atenção para a insuficiência de minerais na União Européia e no Japão, afirmando que a nova solução vem dos trópicos. "A frissão nuclear é uma barbaridade. O Sol, um reator natural, por sua alta incidência no país, transforma o Brasil em potência nuclear do planeta".Bautista Vidal, como a totalidade dos participantes do III FSM, quer mudanças, logo. "Precisamos urgentemente de um projeto concreto de nação, considerando nosso território, nossas riquezas e a dignidade dos cidadãos brasileiros para não trilharmos o caminho da Argentina. Nós temos minérios. Temos 24% da água doce do mundo e a certeza de que o medo não pode engolir a esperança".Benefícios - Laurenza, por sua vez, falou sobre o desenvolvimento tecnológico e a situação da engenharia na sociedade global. "A tecnologia precisa franquear a entrada das comunidades mais pobres num mundo melhor", afirma. Para ele, dentre todas as engenharias a "da computação é a que está mais próxima de nós e traz benefícios inegáveis para a melhoria da qualidade de vida, já que apresenta soluções técnicas com bons resultados na saúde, economia e meio ambiente". Ronaldo Lessa focou a importância da presença de técnicos nos governos e a diminuição de índices importantes como o da mortalidade infantil. Para o público formado por profissionais da área tecnológica que lotou o plenário do Crea-RS, destacou que "oito engenheiros, inclusive o vice-governador, Luiz Abílio (PSB) e nove mulheres estão à frente de órgãos estaduais". Criticou a série de privatizações de empresas que nunca deram prejuízo", realizadas pelo governo anterior, e afirmou que "é preciso colocar a tecnologia a serviço da humanidade e não trabalhar a ciência pela ciência". O governador que defende a parceria com universidades e garante a aplicação de 2% da arrecadação estadual em pesquisas, acredita que o Fome Zero "é um projeto fantástico pela indignação que revela", mas disse que é preciso tomar cuidado e lembrar do poeta Luiz Gonzaga: "se você dá esmola vicia ou mata de vergonha o cidadão". Maria Helena de Carvalho - Da equipe da ACS