Engenharia leva os cinco prêmios e o Destaque Nacional do Projeto Bolsa IEL-Sebrae-CNPq

Brasília, quinta-feira, 24 de julho de 2003.

A engenharia marcou "muitos gols" no Projeto Bolsa
"Meiry Gláucia e Dércio Fabiano: Destaque Nacional
- Dalmi Rodrigues"
IEL-Sebrae-CNPq para Apoio Tecnológico às Micro e Pequenas Empresas, cuja premiação foi entregue ontem (23/07) à tarde na sede da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), principal promotora do evento, com a presença do Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan.

Os cinco projetos premiados foram de autoria de estudantes de engenharia e orientados por professores de cursos de engenharia. O concurso contou com 406 projetos inscritos.

O prêmio Destaque Nacional foi dado ao Projeto "Reciclagem de Polietileno com Eliminação do Excesso de Porosidade", de autoria do estudante Dércio Fabiano Papafanurakis, que cursa o segundo período de Engenharia de Materiais, da Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba. Ele foi orientado pela professora Meiry Gláucia, engenheira química graduada em Campina Grande, com mestrado na Universidade Federal de São Carlos e doutorado na Universidade de Poutie, na França.

Confira entrevista que os dois concederam, com exclusividade, para a Assessoria de Comunicação do Confea.

Professora Meiry Gláucia Freire Rodrigues

ACS - Do que trata o Projeto que recebeu o prêmio Destaque Nacional, elaborado com a sua orientação?

Meiry Gláucia - Reciclagem de polietileno para eliminar o excesso de porosidade, significa o seguinte: quando produzem sacolas plásticas elas saem com defeito, a idéia inicial do projeto era eliminar esses defeitos. O projeto foi desenvolvido para a empresa Incoplast Ind´sutria e Comércio de Plásticos, que trabalha com reciclagem de lixo, na verdade eles catam garrafas pets, garrafas plásticas e outros tipos e fazem uma separação, uma seleção do material. A etapa seguinte é a lavagem e é nessa lavagem que existia o problema. Ficava muita gordura incorporada ainda no plástico. Então, adicionamos alguns produtos, por exemplo, detergente, para em seguida encaminhar para a produção, onde misturamos o material reciclado com o material virgem, e aí conseguimos uma sacola de melhor qualidade.

ACS - Quanto tempo de pesquisa?

Meiry Gláucia - Seis meses de pesquisa. É um tempo muito curto, uma das minhas sugestões é que o CNPq estenda o prazo para um ano, que é um tempo razoável.

ACS - Como foi realizado o trabalho, a relação orientadora/estudante?
Meiry Gláucia - Na realidade o trabalho não é só de duas pessoas, mas de uma equipe, um grupo maior na verdade. Eu como orientadora e mais dois colaboradores, a professora Djane Fátima de Oliveira da Universidade do Estado da Paraíba e o professor Guilhermino Festim, da USP. Todos trabalhamos no atendimento ao Dércio.

ACS - Como a Sra. avalia essa iniciativa de premiação?

Meiry Gláucia - É algo extremamente positivo, não só a quantia que recebemos, que é uma coisa também a nível de Brasil extremamente fantástica, mas eu vejo como principal ganho a interação entre as indústrias e as universidades, que no Brasil ainda é muito difícil. Penso que quanto mais forem ampliadas as relações escola/mercado de trabalho, melhor.

ACS - Nas sua opinião, como os estudantes absorvem isso?

Meiry Gláucia - É extremamente importante colocarem o aluno dentro da empresa, porque na universidade ele tem só a teoria e dentro da empresa está vivendo a realidade, que vai ser o futuro dele. Os estudantes absorvem muito bem essa iniciativa, na realidade quando são colocados à prova para atividades práticas, ou eles se apaixonam pelo que fazem, ou verificam que não é bem isso que gostariam de fazer. A maioria das vezes acontece a primeira situação.

Dércio Fabiano Gonçalves Papafanurakis

ACS - Como foi desenvolver esse trabalho?

Dércio Fabiano - Este trabalho surgiu de uma idéia advinda do próprio Sebrae/CNI. Esse projeto envolve muita coisa, ele mesmo dá idéias para que possamos começar um trabalho, sugere temas. A partir dessa abertura inicial a gente decide com o quê tem mais afinidade, o quê para nós é de maior interesse pesquisar. A partir daí forma-se o grupo, busca-se um orientador um professor. Entrei em contato com as empresas e o projeto foi surgindo. Achamos o problema da Incoplast que era um problema de muitas outras empresas, que trabalham com reciclagem de plástico. E falamos vamos em frente quem sabe Deus nos abençoa e nos faz descobrir uma solução e foi o que ele fez, abençoou o trabalho e aconteceu.

ACS - Qual sua opinião sobre essa iniciativa de premiar estudantes pesquisadores?

Dércio - É importante porque é motivador. O incentivo que esse prêmio está dando estava nos faltando. Trabalhamos com pesquisa porque nós precisamos ousar, sairmos de meros receptores de conhecimento e ousar produzi-lo. A motivação que esse prêmio nos dá, que o próprio Ministro nos dá ao entregar a premiação e nos dirigir uma mensagem de incentivo, é algo incrível. Eu como estudante pensei assim: "Pôxa eu estou fazendo um trabalho que gosto, que é bem visto, bem aproveitado e ainda sou premiado por isso". Acho isso maravilhoso, é uma atitude louvável e que deve ser ampliada.

ACS - Você disse que esse é o primeiro prêmio que recebe, a partir dele o que vai levar aos estudante da Paraíba, aos seus colegas?

Dércio - Em nível de Nordeste também é o primeiro nacional de pesquisa recebido. Acredito que seja um dos maiores prêmios que estamos recebendo lá. Com relação aos meus colegas eu digo à eles que trabalhem, trabalhem e trabalhem acreditando no que estão fazendo. Porque não é só a instituição, que é séria e faz um trabalho respeitoso, mas eles também não vão se arrepender do esforço num trabalho de pesquisa, porque é muito gratificante receber uma premiação como essa, ver o resultado do seu esforço reconhecido.

Bety Rita Ramos - Da equipe da ACS