Brasília, 05 de março de 2024.
Mulheres têm desafiado estereótipos e expandido os limites das profissões. Desde as pioneiras que abriram caminho até as líderes contemporâneas, a presença feminina tem sido fundamental para a diversidade e o progresso do setor.
É fundamental reconhecer e homenagear as mulheres pioneiras, como Edwiges Maria Becker Hom’meil e Enedina Alves Marques, cujas trajetórias marcaram profundamente a história. Em 1917, Edwiges concluiu o curso na primeira Escola Politécnica da UFRJ, mais de um século após a fundação da primeira Escola de Engenharia no Brasil. Por sua vez, Enedina Alves Marques é um símbolo de inspiração para mulheres negras que almejam trilhar carreiras nas áreas tecnológicas. Em 2006, foi estabelecido o Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques (IMNEAM), dedicado à luta contra a discriminação racial e pela promoção da igualdade de direitos.
Vale destacar também a figura da agrônoma e cientista Johanna Döbereiner, cujas pesquisas demonstraram que a fixação biológica de nitrogênio poderia competir com os fertilizantes minerais. Seu trabalho foi fundamental para elevar o Brasil ao posto de segundo maior produtor mundial de soja, logo atrás dos Estados Unidos. Indicada ao Prêmio Nobel de Química, Döbereiner era reconhecida pela comunidade acadêmica internacional, embora permanecesse desconhecida para a maioria dos brasileiros até seu falecimento, em outubro de 2000, aos 75 anos.
A engenheira agrônoma Ana Maria Primavesi é considerada referência mundial em agroecologia e pioneira do tema no Brasil, além de responsável direta por boa parte dos avanços sobre as ciências do solo e seu manejo. A pesquisadora foi fundadora da Associação da Agricultura Orgânica (AAO) - uma das primeiras associações de produtores orgânicos do Brasil, além de professora da Universidade Federal de Santa Maria, onde ajudou a organizar o primeiro curso de pós-graduação em Agricultura Orgânica. Primavesi faleceu em 2020, ano em que seria celebrado seu centenário.
Na atualidade, temos como destaque na geologia, Fernanda Avelar Santos, que é responsável pela descoberta de rochas formadas por plástico na Ilha da Trindade (ES). Geóloga doutora, integra clube internacional de cientistas descobridores. Ao lado de outros quatro membros com endereço no Brasil, ingressou na turma de 2024 do Explorers Club, sociedade criada nos EUA em 1904 que se propõe a destacar gente que atua pelo avanço científico, exploratório e de conservação de recursos.
A meteorologista Josélia Pegorim, do Climatempo, tem sido uma figura proeminente na popularização da meteorologia no Brasil ao longo dos últimos 35 anos. Nos últimos anos, com o aumento do calor e eventos climáticos extremos, seu trabalho tornou-se ainda mais relevante e difundido. Além de sua atuação na comunicação da previsão do tempo, Josélia é reconhecida por seu engajamento como produtora de conteúdo e divulgadora científica
Mulheres no Sistema
Atualmente, 223.711 mulheres integram o Sistema Confea/Crea, o que representa cerca de 20% dos profissionais. Nas últimas eleições gerais, houve um aumento significativo na representação das mulheres nos cargos eletivos dos Creas, do Confea e da Mútua. Oito presidentes de Regionais, duas novas conselheiras federais e ainda cinco diretoras-gerais e oito diretoras administrativas das Mútuas – Caixas de Assistências dos Profissionais dos Creas e do Confea foram eleitas. Houve ainda as eleições para as diretorias financeiras da Mútua com cinco eleitas.
Em termos de Sistema Confea/Crea, o pioneirismo pode ser atribuído a eng. civ. Carmem Eleonôra Amorim Soares que, em 1992, foi a primeira engenheira a tomar posse como conselheira federal no Confea aos 33 anos. Zélia Maria Juvenal dos Santos, também foi precursora ao ser eleita primeira presidente de Crea no Rio Grande do Norte, em 1994.
Maria Edith dos Santos é uma figura emblemática responsável por transformar uma realidade no Crea-SP. Em 1985, enquanto atuava como auxiliar administrativo na instituição, Edith se deparou com um concurso para agente fiscal restrito apenas a candidatos do sexo masculino. Ela liderou uma iniciativa para que a oportunidade fosse estendida às mulheres também, assim Edith foi uma das primeiras a integrar o corpo de agentes fiscais e atualmente é superintendente de Fiscalização do Regional, responsável por recordes na fiscalização.
Essas mulheres personificam não apenas a luta por igualdade de gênero, mas também a capacidade das mulheres de se destacarem e liderarem em qualquer área que escolham. Elas são fonte de inspiração e motivação para todas as mulheres que aspiram a alcançar seus sonhos e fazer a diferença em suas profissões.
Fernanda Pimentel e Julianna Curado
Equipe de Comunicação do Confea