Joaquim Correia Xavier de Andrade Filho

Engenheiro Civil pela Escola de Engenharia de Pernambuco, em 1959

Nascimento: Vicência (PE), 23 de novembro de 1934
Falecimento: Recife (PE), 31 de dezembro de 2018
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE)

Há 27 anos, o engenheiro civil Joaquim Correia Xavier de Andrade Filho tornava realidade, ao lado do filho, o engenheiro civil Tibério Wanderley Correia de Oliveira Andrade, um objetivo de vida, a instalação da Tecomat – Tecnologia de Materiais Ltda., que, em 2006, conquistaria, como primeiro laboratório privado do Norte e Nordeste, acreditação junto ao Inmetro. A empresa presta serviços para construtoras do país e do exterior e chegou a ter 330 colaboradores e 30 engenheiros em seu quadro entre 2013 e 2015. 

“Era um grande sonho, dizia que foi a maior obra dele. Atravessamos a crise da década de 1990. Ele era um visionário, tinha uma visão holística da Engenharia. Em 2011, previa que faríamos normas de desempenho para a área imobiliária, e hoje somos referência na área em Pernambuco”, diz o filho, que foi seu aluno na Federal de Pernambuco e hoje dá aulas nas disciplinas que Joaquim Correia ensinava. “Nossa sorte é que tínhamos provisão para essa crise. Está equilibrada, apesar da queda de faturamento”, comenta, em relação ao momento atual.

"Ele era um visionário, tinha uma visão holística da Engenharia."

O feito veio após quatro décadas de atividades. No curso de Engenharia Civil, estagiou na Rede Ferroviária do Nordeste, dando início a uma trajetória profissional incansável.  “Ele foi monitor de cadeira sem ganhar nada por dois anos. O professor viu essa vontade e o incorporou ao quadro”. Logo ele, o filho do mesmo nome que o senhor de engenho da pequena Vicência, na Zona da Mata Pernambucana, havia escolhido para ser o médico da família. “Meu avô o designou entre os nove filhos para ser o médico. Mas meu pai diz que incorporou uma médica à família”. 

Tibério se refere à mãe, a pediatra Fernanda Wanderley, falecida em 2012, que o pai conhecera no científico do Colégio Oswaldo Cruz em Recife. O casamento se daria no dia 31 de dezembro de 1959. Na mesma data, seis décadas depois, o engenheiro não resistiria a um acidente vascular cerebral sofrido dias antes. Além de Tibério, o casal teve a psicóloga Fernanda Wanderley e a fonoaudióloga Tatiana Wanderley. 

Logo após o casamento, Joaquim Correia começaria a sua atuação acadêmica, na qual ficaria por 45 anos. O trânsito entre a universidade e o setor produtivo era visto naturalmente por seus alunos, que sempre o escolhiam como paraninfo. “Ele tinha um carisma muito grande. Além de ser um bom técnico, ele dizia que o consultor tinha que ter uma pequena boca e muito ouvido. Tinha muito diálogo. A gente gostava de conversar com ele sobre Engenharia”, diz o filho, que perpetua a obra do pai.

Dedicou-se também a duas outras paixões: o Sport Club do Recife e a pecuária. Vice-presidente de esportes amadores do Leão do Norte, ele atuou também como presidente da Federação Pernambucana de Patinagem, chefiando a delegação masculina brasileira de hóquei sobre patins no mundial do Chile, em 1980. E a partir de 1984, voltou-se à fazenda Sapucaia, para fazer o desenvolvimento genético do gado da raça pitangueiras no antigo engenho do pai. 

“Comecei a jogar hóquei, e ele começou a gostar do esporte. Ele promovia consenso até no hóquei.  E depois criou gado. Nunca se afastou da sua origem, sempre ia ao engenho, e aí ele se entusiasmou. Mas seu objetivo era só desenvolver a raça e o hóquei, sem vaidade”.

Foram várias homenagens, como a que o Sistema Confea/Crea lhe prestara em 2001. Tibério considera que o pai recebeu a Medalha do Mérito do Crea-PE “com muita simplicidade”. Pouco antes de sua morte, Joaquim Correia viu publicada sua trajetória, descrita pela jornalista Flávia de Gusmão, na biografia “Saber e Saber Fazer”, a cujo lançamento não pôde comparecer, já adoentado.

Sobre a principal homenagem do Sistema, o filho fala da satisfação em representar o pai. “É muito mais do que merecida. Devo tudo a ele. Amo a Engenharia e estou muito satisfeito por representá-lo nessa homenagem pelo que ele fez pela Engenharia de Pernambuco e do Brasil”.
 

Trajetória Profissional

Engenheiro da Oscar Amorim Comércio Ltda. (1960-1961); Engenheiro da Prefeitura de Recife (1961-1962); Professor e chefe da área de construção civil da Escola de Engenharia de Pernambuco, atual Universidade Federal do Estado - UFPE  (1960-2004); Professor do curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (1964); Engenheiro da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – Sudene (1962-1968); Engenheiro na Hadan – Engenharia Industrial Ltda. (1970-1983); Diretor de esportes amadores do Sport Club do Recife (1972-1984); Pecuarista (1984-2018); Engenheiro da Astep Engenharia Ltda., na  construção do metrô de Recife (1983-1984); Consultor independente na área de planejamento de obras imobiliárias na Região Metropolitana de Recife (1984-1992); Fundador da Tecomat - Tecnologia de Materiais Ltda. (1992 - 2018); Homenageado com a Medalha de Mérito no Centenário da Escola de Engenharia (1995); Homenageado pela Medalha do Mérito do Crea-PE (2001); Primeiro homenageado do Prêmio Odebrecht de Engenharia (2004); Homenageado com o prêmio Francisco de Assis Basílio, do Instituto Brasileiro do Concreto - lbracon (2005); Homenageado com o Top of the Year da construtora Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário, na categoria Projetos e Engenharia (2013); Um dos fundadores da Academia Pernambucana de Engenharia (2017); Lançada a biografia “Saber e Saber Fazer” (2018); Homenageado pelo Clube de Engenharia de Pernambuco (2019).