Profissionais consertam ventiladores mecânicos danificados em Fortaleza

Profissionais do Sistema envolvidos em iniciativa do Senai-CE para a recuperação de ventiladores mecânicos do Estado: eficiência de 75% dos aparelhos danificados

 

Brasília, 24 de abril de 2020.


Gerente da unidade Senai Jacarecanga, em Fortaleza, o engenheiro de produção Elias Pedrosa considera que os serviços prestados pelos profissionais do Senai e por voluntários “são gratificantes porque cada ventilador pode ajudar a salvar até três pessoas por mês durante a pandemia da covid-19”. Além dele, a equipe é formada pelo também eng. prod. Clécio Carloto; eng. mec. José Heldenir Pinheiro Bezerra; eng. eletric. Luiz Daniel Santos Bezerra e eng. eletric. em eng.clin. David Guabiraba, o tecnólogo João Vitor Moaco, além de técnicos em mecatrônica e outras áreas, oriundos do Instituto Federal de Educação,  Ciencia e Tecnologia do Ceará – IFCE.
 
Desde 1º de abril, 60 equipamentos foram captados junto hospitais de todo o Estado. A iniciativa conta com o apoio da Escola Superior de Saúde Pública; Secretaria de Saúde do Estado - Sesa; Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Funcap;  Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH) e IFCE. “A Sesa faz a captação dos aparelhos que precisam de manutenção. Ela entra em contato com todos os municípios, faz o recolhimento. Depois, que a nossa central faz a desinfecção, começamos a manutenção por uma análise, diagnóstico e, finalmente, a recuperação do equipamento. Depois, todos eles vão para a calibração por fisioterapeutas de uma empresa especializada para que eles sejam liberados para os hospitais”, diz, informando que outro grupo do Senai está sendo responsável pela fabricação de  oito mil máscaras, 30 mil protetores faciais e 1000 aventais.

Parte da equipe liderada pelo engenheiro de produção Elias Pedrosa (de camisa escura), no Senai da unidade de Jacarecanga, em Fortaleza


Segundo Pedrosa, o estado dos aparelhos decorre da ausência de contratos de manutenção e da obsolescência tecnológica natural. “Entretanto, se bem mantido eles podem ser usados por muitos anos. Estimamos que em todo o país há  a necessidade de cerca de 2500 desses aparelhos, o que motivou essa mobilização do Senai em 25 estados”, descreve. A recuperação dos ventiladores depende de seus estados. “Os principais problemas são placas eletrônicas oxidadas, baterias e pneumáticos com vazamentos. Em alguns casos precisamos fazer o escaneamento e a confecção de peças em impressoras 3D, em outros, a troca da resistência.  Todos aqui fazem uma parte desse processo”, diz, informando que outras unidades das escolas profissionais Senai também estão envolvidas em processos de usinagem.

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75% de sucesso 
“O maior desafio foi ter preparado pessoas que não tinham conhecimento do que era esse aparelho, como o equipamento conversa com o paciente para que eles pudessem estar interpretando suas funcionalidades, os sinais que ele disponibiliza”, descreve o engenheiro eletricista David Guabiraba. “A segunda dificuldade foi a disponibilidade de peças e componentes. Como estamos recebendo equipamentos bastante antigos, eles estão descontinuados, então toda a parte pneumática estava comprometida, e a dificuldade foi refazer essas tubulações pneumáticas e encontrar componentes eletrônicos com tecnologia analógica que não são encontrados”, aponta.

Engenheiro eletricista e engenheiro clínico Daniel Guabiraba fala das principais dificuldades e da alegria de participar do projeto


Especialista em engenharia clínica e em usabilidade de tecnologias da área de saúde, Guabiraba considera ainda que havia carência de uma bibliografia técnica para esses aparelhos mais antigos, o que tornou necessário fazer um ‘benchmarching’ com outras unidades do Sesi. “Estamos com um sucesso de manutenção em torno de 75% porque alguns tiveram a subtração de peças importantes e era inviável continuar. Usando osciloscópio para habilitar novamente, e outros que tiveram que ser feitos pelo escaneamento e modelagem em 3D.  Algo que hoje tem uma tecnologia mais descartável, por meio de substituições de placa. Mas não basta só ter o conhecimento técnico, você tem que estar tocado porque essa é uma coisa que está muito próximo da gente, você precisa sentir muito amor pelo que faz. Sinto-me extremamente feliz em fazer parte desse time”, acrescenta.

Henrique Nunes 
Equipe de Comunicação do Confea