Geólogo pela Universidade de Fortaleza (Unifor), em 1988; Especialista em Administração de Empresas pela Escola Superior de Baleares, Espanha, em 1988, e pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 1990
Nascimento: Santos (SP), 20 de março de 1965
Indicação: Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (Abas)
A fascinação de José Paulo Godoi Martins Netto pelas rochas e minerais foi o ponto de partida na infância para uma carreira notável. “Nos passeios com meus pais, eu olhava com admiração as rochas em terra e no mar; tornando-me mais tarde um amante da Geologia”, conta. O que começou como uma coleção de pedras, aos oito anos de idade, logo se transformou em uma busca apaixonada por compreender os processos que moldam o planeta Terra.
Ao longo de três décadas e meia de profissão, ele protagoniza um papel inestimável, tanto técnica como socialmente, na comunidade geológica. Isso porque ainda muito jovem viu de perto a diversidade de contextos socioeconômicos e os impactos nos serviços de saneamento básico Brasil afora. “Trabalhei em 26 unidades federativas, conhecendo bem o interior do país e observando as dificuldades”, relata o motivo que despertou nele a determinação de lutar pela garantia de acesso à água de qualidade para todos.
A missão teve início na década de 1990, quando foi gerente de produção da Aguabrás, e, em 1995, ao fundar a Maxiágua, empresa destinada a oferecer soluções para poços e tratamento de água. Nesses dois empreendimentos, acompanhou mais de 3,5 mil obras de perfuração, manutenção e reabilitação de poços. Foi nessa experiência que ele desenvolveu o interesse pela hidrogeologia, ramo que estuda as águas que ficam abaixo da superfície e constituem os aquíferos, onde estão 99% das águas doces e líquidas do planeta. “Há 62,7 vezes mais água subterrânea do que toda a água doce superficial da Terra. 60% das águas subterrâneas são utilizadas na agricultura mundial, e 57% dos municípios brasileiros são abastecidos pelas águas subterrâneas ou pela mistura delas”, descreve.
Nessa trajetória, José Paulo se aproximou da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (Abas), em 2010, fortalecendo a atuação em prol da proteção de aquíferos e da regularização de poços. O firme compromisso com a causa ampliou a expressividade do geólogo, que já foi eleito quatro vezes consecutivas para o cargo de presidente da entidade, onde tem alcançado realizações significativas. Entre elas, a atuação por dez anos na revisão da Portaria de Água Potável no Brasil, que restringia o uso de poços em zonas urbanas. “Isso era inconcebível porque inúmeros hospitais, escolas e aeroportos são abastecidos com água subterrânea”, argumenta o especialista que travou uma batalha pela derrubada das restrições. “Tive muito trabalho em Brasília, participando de comissões do Legislativo e Ministério Público Federal, além de oficiar a cinco ministros da Saúde para esclarecer que soluções alternativas reduzem a mortalidade infantil e contribuem para melhora da resiliência do sistema de abastecimento público, especialmente nos casos em que não há rede pública.” Como resultado dessa luta, o Novo Marco Regulatório do Saneamento passou a conceder ao usuário o direito a fazer uso de águas subterrâneas. Além disso, todas as restrições ao uso de poços foram retiradas do texto na nova Portaria GM/MS n° 888/2021, que trata da qualidade da água potável para consumo humano.
Outro êxito à frente da Abas foi o credenciamento da associação junto ao Sistema Confea/Crea para integrar o Colégio de Entidades Nacionais, em 2019. “Estreitar o relacionamento com o Sistema permite trocar experiências e formalizar convênios que incentivem a execução de obras de qualidade, com base em leis, normas e com acompanhamento de profissional registrado”, salienta o geólogo que recebe a Medalha do Mérito como incentivo para perseverar na missão de promover mais qualidade de vida para todos.
Trajetória profissional
Geólogo estagiário na Bacia SE/AL pela Petrobrás (1987); Gerente comercial internacional da P&HG do Brasil Comercial Exportadora Madrid – Espanha/São Paulo (1988-1989); Gerente de produção na Falcão e Olsen Per. Equipamentos (1989-1990); Gerente de produção na Aguabrás Poços Artesianos, do Grupo Corner (1990-1999); CEO na Maxiágua Soluções em Água (1995-atual); Homenageado com o Prêmio Águas Subterrâneas (2017-2018, 2019-2020 e 2021-2022); Presidente da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas – Abas (2017-2024); Presidente da Asociación Latinoamericana de Hidrología Subterránea para el Desarrollo – Capítulo Brasil – ALHSUD; Consultor da Agência Nacional de Águas e ONU/Unesco; Membro permanente da Seção Brasil do Conselho Mundial da Água; Membro titular da Comissão Brasileira para Programas Hidrológicos Internacionais – Cobraphi; Membro do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (2016-2019); Membro da National Groundwater Association, nos Estados Unidos; Membro da International Association of Hydrogeologists; Responsável pela metodologia de reabilitação de poços na América Latina com No Rust; Mais de 55 trabalhos publicados em congressos e revistas científicas; Instrutor da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária – Abes; Participou de mais de 80 congressos, fóruns e seminários na América e Europa, proferindo mais de 60 cursos e palestras; Um dos idealizadores da Cerimônia de Troca de Águas entre países membros dos congressos mundiais de hidrogeologia, que durante o Groundwater Summit 2022 se converteu em Águas Mundiais, onde foram misturadas águas subterrâneas de cinco continentes com a água superficial dos lagos do prédio da Unesco em Paris, mostrando assim a unidade das águas; Colaborou para realização da Declaração Brasil-Bélgica de diretrizes mundiais para águas subterrâneas (2020-2021).