Engenheiro de minas e metalurgista, em 1959, e Mestre em Tecnologia Mineral, em 1977, pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP)
Nascimento: Jurupema (SP), 02/06/1935
Falecimento: São Paulo (SP), 19/10/2012
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP)
A história de vida profissional do engenheiro de minas e metalurgista Neuclayr Martins Pereira se confunde com o desenvolvimento da mineração de estanho em Rondônia. Suas contribuições inestimáveis não apenas impulsionaram a atividade econômica na região, mas também deixaram uma herança duradoura na indústria extrativa.
Desde os primeiros passos no curso de Engenharia de Minas e Metalurgia, ficou evidente o fascínio de Neuclayr pela profissão. Destacava-se pelo empenho, pelas boas notas e por se envolver com projetos de monitoria e estágio. O interesse pelo conhecimento e o contato com professores icônicos despertaram nele a vocação para a docência, tendo sido professor nas cadeiras de Lavra a Céu Aberto e Economia Mineral na mesma instituição onde se graduou. “Foi a maneira que ele encontrou para ficar mais próximo da técnica difundida na universidade”, conta o filho Luis Eduardo Martins Pereira, também formado pela Universidade de São Paulo, na mesma área do pai.
Enfrentar desafios complexos era outra habilidade de Neuclayr. E foi essa aptidão que o levou a buscar carreira na mineração, especificamente no setor de estanho, elemento químico muito utilizado na fabricação de ligas metálicas, como bronze. Destaque na revolução tecnológica, é também usado como componente em pequenos aparelhos eletrônicos, em revestimentos de aço e construção, ligas de bronze e latão, na fabricação de soldas e de latas para o acondicionamento de alimentos.
Com visão sobre o potencial mineral inexplorado de Rondônia, Neuclayr embarcou em uma jornada que mudaria a vida e moldaria o futuro da região. Em 1969, o estado produzia mais de 2,2 mil toneladas de minério de estanho (cassiterita), algo em torno de 91,5% da produção beneficiada nacionalmente. Em 1970, o Ministério de Minas e Energia transferiu a atividade para empresas nacionais e estrangeiras, como o grupo Brumadinho, que ficou conhecido por modernizar as atividades.
Em meados daquela mesma década, o engenheiro iniciou a atividade em mineração de estanho, trabalhando para o Grupo Itaú, na Mineradora Araçazeiro, tornando-se mais tarde sócio da Mineração Oriente Novo, do Grupo Brumadinho. Era dele a missão de coordenar pesquisas, implantar projetos, ativar a produção nas minas e de instalar e abastecer vilas de operação no meio da Amazônia. Tudo isso conciliado com o empenho de manter a família em São Paulo, como lembra o filho. “Enquanto executivo das empresas, meu pai viajava muito e passava longos períodos longe da nossa casa, onde minha mãe cuidava dos quatro filhos. Nas férias, íamos todos para Rondônia ficar com ele no meio da floresta, o que era muito interessante!”
Esse esforço de Neuclayr foi sustentado firmemente por quatro décadas, com resultados que se desdobram até os dias atuais. Em 2021, por exemplo, Rondônia ultrapassou o tradicional líder Amazonas e conquistou a primeira posição no ranking de produção de estanho, alcançando a marca de 11,4 mil toneladas. Essa conquista rendeu royalties no valor de R$ 16 milhões, de acordo com informações divulgadas pelo portal do governo local. A família de Neuclayr também comprova o sucesso alcançado por sua dedicação. “Recebemos este prêmio do Sistema Confea/Crea com orgulho, pois confirma que mesmo depois de dez anos de seu falecimento, nosso pai continua sendo lembrado”, expressa Luis Eduardo com emoção.
A memória de Neuclayr é mantida viva pela Associação Paulista dos Engenheiros de Minas (Apemi) que, por meio do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP), recomendou a indicação do engenheiro de minas para a Láurea ao Mérito do Sistema Confea/Crea, em reconhecimento à expressiva atuação na fundação da entidade. De igual modo, o Instituto Brasileiro de Mineração exalta o ex-presidente como profissional da mais alta categoria que deu contribuições relevantes para as atividades empresariais.
A determinação incansável, a expertise técnica e o compromisso com o progresso foram registrados pelo próprio engenheiro em um artigo na edição nº 11 da revista Brasil Mineral. No texto de duas páginas e meia, publicado em 1984, Neuclayr apontou os “desafios que a mineração tem que vencer no Brasil para que, com o seu desenvolvimento, ela possa realmente contribuir para a melhoria da vida de nosso povo”.
Com o intuito de fomentar debate sobre o assunto, o especialista apresentou conceitos e constatações embasadas em sua vasta experiência, além de propor soluções concretas. No texto, ele enfatizou a importância de um planejamento eficiente, o investimento em pesquisa e o estabelecimento de políticas claras voltadas para o setor mineral. Para Neuclayr, o governo precisava captar a “oportunidade de um aproveitamento racional de nossos recursos minerais e utilizá-los para o crescimento da riqueza regional”, o que envolvia “gerar resultados válidos e de real benefício para a nação”.
Naquele valioso artigo e em diversas outras contribuições, Neuclayr estabeleceu um legado inspirador e instigou um chamado à ação, revelando sua visão perspicaz sobre o papel fundamental da mineração para a prosperidade do país.
Trajetória profissional
Engenheiro na Mineração Morro Velho, em Nova Lima – MG (1960), Fosforita em Olinda – PE (1963), Companhia Siderúrgica Paulista – SP (1966) e na empresa de engenharia Protec – SP (1968); Trabalhou na mineração de cobre do Grupo Pingnatari, em Camaquã – RS e Caraíba – BA (1971); Pelo Grupo Itaú, atuou na Mineradora Araçazeiro – RO (1974); Sócio da Mineração Oriente Novo, do Grupo Brumadinho (1976-1992); Professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – USP (1976-1989); Presidente do Instituto Brasileiro de Mineração – Ibram (1980); Conselheiro da Revista Brasil Mineral (1980- 2012); Diretor da Empresa Brasileira de Estanho Ebesa (1992-1995).