Jorge Alberto Müller

Engenheiro Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 1979; Mestre em Engenharia Florestal em Silvicultura pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 1986; Doutor em Conservação da Natureza pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 2001
 

Nascimento: Joinville (SC), 10 de janeiro de 1956
Falecimento: Blumenau (SC), 10 de julho de 2018
Indicação:  Associação Catarinense de Engenheiros Florestais (Acef) e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (Crea-SC)


Engenheiro, pianista, professor, motociclista, marido, pai, avô: esses são alguns dos papéis desempenhados por Jorge Alberto Müller ao longo dos seus 62 anos de vida. Müller sonhava em ser pianista. Dedicado como sempre, fez nove anos de conservatório em Joinville (SC). Contudo, resolveu acatar a orientação do pai e a música tornou-se hobby para que assim a Engenharia Florestal ganhasse protagonismo em sua vida.

Em 1979, concluía o curso de Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), um dos precursores da causa ambiental e o responsável por projetar Blumenau (SC) nacionalmente. Com a criação da  Fundação Municipal de Meio Ambiente de Blumenau (Faema), Blumenau se tornaria, nos idos dos anos 90, a segunda cidade no Brasil a possuir um órgão específico para gerenciar os assuntos ligados ao meio ambiente com status de secretaria municipal, e coube a Jorge Alberto Müller ser o primeiro presidente dessa instituição.

Sua esposa e companheira de jornada há 38 anos, Marlies Müller relembra emocionada a trajetória do marido, discorre com orgulho do empenho para implementar o curso de Engenharia Florestal na Universidade Regional de Blumenau (Furb). “Em 1994, o sonho de ter o curso na Furb se materializaria e Müller se tornaria o coordenador, além de vir a ocupar a chefia do Departamento de Engenharia Florestal. Ele se realizou na docência e ficou na universidade até se aposentar em 2016”, confirma a esposa. 

Esse entusiasta da Florestal, além da contribuição acadêmica, também honrou sua profissão ao se tornar conselheiro suplente no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (Crea-SC), onde foi muito atuante na Coordenadoria de Câmaras Especializadas de Agronomia (CCEAGRO), que representava os engenheiros florestais à época.  O período em que esteve no Sistema Confea/Crea, de 2011 a 2013, coincide com a criação da Coordenadoria Nacional de Câmaras Especializadas de Engenharia Florestal (CCEEF), ampliando a representatividade da classe nacionalmente.  Em 2017, durante as festividades de 40 anos de fundação da Associação Catarinense de Engenheiros Florestais (Acef), Jorge Müller foi homenageado por sua luta em prol da classe profissional. 

Em família, o marido, o pai, o vovô, o amigo Müller era a manifestação plena do amor para com os entes queridos. A esposa Marlies revive o passado quando conta sua paixão por pássaros e seu cuidado para que na casa da família as plantas florescessem o ano todo. O engenheiro também era muito querido entre os amigos motociclistas com os quais percorreu diversas distâncias para chegar a Vitória (ES), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Gramado (RS), Punta del Este no Uruguai, Mendoza, Ushuaia, na Argentina, entre tantos outros destinos a bordo de sua Honda Goldwing. 

"Ele se realizou na docência."

O piano sempre fez parte da sua história de vida, seja acompanhado de um bom whisky para relaxar após um dia tenso de trabalho, seja para animar as festas natalinas em família. E foi o instrumento quem sentenciaria o que estava por vir. Há dois anos, ao perceber uma certa limitação ao tocar o instrumento musical, acompanhada de uma irritabilidade, que destoava de seu temperamento, ficava claro que algo precisava ser investigado. Em maio de 2018, o engenheiro foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e a urgência por viver se tornou preponderante para todos. A esposa Marlies Müller, que é farmacêutica industrial, fez dos cuidados com o marido a sua única ocupação. Já a filha mais nova, Isabel Cristina, antecipou o casamento para junho de 2018 a fim de assegurar a presença paterna, que partiria 10 dias após a celebração.

Revisitar os lugares que marcaram sua vida também foi prioridade para o engenheiro. A viúva Marlies Müller relembra que o casal sempre teve um vínculo muito forte com Curitiba (PR), cidade em que a primogênita, a também engenheira eletricista Juliana Luisa, reside com seus filhos e marido. Em junho do ano passado, os avós foram prestigiar a festa junina dos netos Leonardo e Gabriel, e Jorge - já com a fala comprometida - apontava para a esposa os lugares que gostaria de percorrer. “Voltamos à universidade, local em que começamos a namorar, passamos pela igreja, pelo clube, pelo apartamento onde moramos e hoje percebo que ele estava se despedindo daqueles que foram os cenários da nossa história. Sempre tivemos uma relação muito forte com Curitiba e essa despedida foi importante para ele”, analisa de maneira afetuosa. 

Ainda no campo das lembranças, Marlies lembra que a casa de Balneário Camboriú era o refúgio do marido, assim iam com frequência para o litoral. No início de julho do ano passado, retornaram da casa de praia no domingo (08), ocasião em que Müller, exímio churrasqueiro que era - mesmo com alguns movimentos comprometidos -, fez questão de estar à frente do churrasco, que seria oferecido aos amigos. Na terça-feira (10), após o almoço, Jorge se deitou naquele que era o mais confortável dos lugares para ele, a cadeira de balanço, que embalou o sono das duas filhas quando bebês. A mesma cadeira - certamente repleta de amor e boas lembranças - que ninou as crianças, acolheu Jorge Müller na sua despedida, foi ali o lugar escolhido por ele para repousar para sempre. Quando a filha Juliana contou para o pequeno Leonardo que vovô Jorge havia virado uma estrela, ele imediatamente apontou para o céu: “Olha o Opa (avô em alemão) lá em cima, mamãe!!”


Trajetória profissional

Engenheiro Florestal da Companhia Hering (1980 -1985); Gerente da Ceval Florestal (1985-1992); Primeiro presidente da Fundação do Municipal do Meio Ambiente de Blumenau - Faema (1992); Publicou, em conjunto com dois outros autores, o livro “Manual de Pragas Florestais em Florestas no Sul do Brasil” (1993); Professor na Universidade Regional de Blumenau - Furb (1993); Implementou curso de Engenharia Florestal na Furb (1994); Vice-Presidente da Associação Catarinense de Engenheiros Florestais - Acef (1991-1993);  Recebeu Prêmio Rotary Club Hermann Blumenau referente ao Dia do Engenheiro Florestal (1997);  Criou curso Intercâmbio Profissional do Rotary International para a Alemanha International Group Study Exchange - IGE  (1998); Presidente da Faema (2005-2008); Presidente do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Blumenau - CMMA-Blumenau (2005-2008); Recebeu comenda municipal do Mérito Udo Schadrack pelos relevantes trabalhos em defesa do meio ambiente em Blumenau (2010);  Conselheiro suplente no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (Crea-SC) na Coordenadoria de Câmaras Especializadas de Agronomia - CCEAGRO (2011-2013); Condecorado com a medalha do mérito profissional da Fundação Municipal do Meio Ambiente de Blumenau - Faema (2012); Membro consultor/revisor da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina - Fapesc (2014-2015).