Engenheiro Agrônomo pela Universidade Rural de Viçosa, em 1946; Economista Rural pelo Instituto Superior de Economia Rural e Organização; Especialista em Engenharia Rural pela Universidade Rural do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em 1948; Especialista em Extensão Rural pelo Centro de Treinamento de Ipanema, em 1956
Nascimento: Lages (SC), 17 de setembro de 1922
Indicação: Sindicato dos Engenheiros Agrônomos de Santa Catarina (Seagro-SC) e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (Crea-SC)
Aos cem anos de idade, Glauco Olinger, ou Macróbio, como se denomina evidenciando a longevidade, assegura: “Quem achar que realizou todos os seus propósitos e se presta ao ócio está morto e não sabe”. A frase foi verbalizada naturalmente após perguntado sobre se realizou todos os seus propósitos profissionais. A resposta antecedeu a informação de que já tinha escrito 17 livros, de que estava imprimindo o 18º e de que já tinha a ideia para o 19º: que versará sobre as tratativas que deram origem à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da qual é cofundador.
Formado engenheiro agrônomo e economista rural, Glauco Olinger cresceu em meio a velhos tropeiros, gado bovino, cabras angorás, cavalos de raça e de vasta variedade de caça de pele e de penas. Esse cenário aliado à dica de um amigo mais velho que foi cursar Agronomia um ano antes foram suficientes para que Olinger não conseguisse enxergar outra opção para seu futuro. Discente em Minas Gerais, ao retornar ao Sul, Olinger foi o principal articulador para a criação do curso de Agronomia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Entre diversos outros feitos, talvez o que tenha mais destaque na região e o que mais enche os pulmões de Glauco quando fala é: “Fui fundador da extensão rural em Santa Catarina”. Sua indicação para a presente homenagem se justifica, inclusive por sua intensa e representativa participação em várias instâncias, cargos e funções ao longo de sua carreira, não apenas como profissional da Agronomia, mas como gestor público. Criou diversas entidades estaduais e nacionais de extensão rural e de assistência técnica, entre elas a que hoje se denomina Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).
“Pesquisadores dedicam-se à descoberta de novas plantas e animais cada vez mais produtivos, sem danos ao meio ambiente. Agentes de extensão rural popularizam os bons resultados alcançados pelos pesquisadores. O contato permanente entre pesquisadores e extensionistas é imprescindível e indissociável. Na universidade de Wisconsin (Estados Unidos) constatei que ensino pesquisa e extensão rural ocupavam a mesma sala sob o manto da universidade, exemplo recomendável”, defende Olinger.
Sua visão não ficou limitada ao Brasil: Glauco implantou os conceitos e métodos da extensão rural também em Angola, foi avaliador da reforma agrária na Alemanha, onde participou da reaglutinação de minifúndios, foi representante brasileiro em vários encontros da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) no exterior, sobre extensão rural e crédito rural.
Aliando conhecimento, técnica e gestão pública, Glauco foi secretário estadual de Agricultura durante dois governos, nas décadas de 1960 e 1970, quando também assumiu a pasta estadual de Educação. São inúmeras as comendas e medalhas recebidas pelo agrônomo extensionista durante sua dilatada vivência. Além da paixão por sua já falecida esposa Maria Auxiliadora, suas duas filhas Claudia Maria (falecida) e Glaucia Maria, duas netas e quatro bisnetos, há outro símbolo de veneração para Olinger: a produção da maçã cultivada em Santa Catarina foi viabilizada por linha de financiamento aberta graças à desenvoltura e capacidade de negociação de Glauco, em uma história que envolve até o então ministro da Fazenda Delfim Netto. Quando Olinger apresentou a maçã aos agentes públicos da época, ninguém acreditava que o fruto era de Santa Catarina. Achavam que era da Califórnia ou da Argentina (do Vale do Rio Negro), lugares de onde então o Brasil importava a iguaria. “Eles ordenaram no ato a abertura de uma linha de financiamento para a produção. Hoje, exportamos mais do que importamos. Santa Catarina produz mais de 50% da safra nacional de maçãs”, conta, orgulhoso.
“Em todos os trabalhos e funções que tive, envidei o máximo possível de esforço. Mas nunca me considerei um profissional que não cometeu erros”, disse Olinger logo no início da entrevista. Ao final, revelou o título do 18º livro que já está em fase de impressão: “De tudo um pouco sem retórica”. Não quis detalhar o conteúdo para que a conversa não se estendesse. Mesmo que seja apenas “um pouco”, se a obra aborda realmente “tudo” desta macróbia vida, será, de fato, uma grande preciosidade.
Trajetória profissional
Administrador da Colônia Agrícola General Osório; Fundador do Serviço de Extensão Rural em Santa Catarina; Cofundador da cidade paranaense de Francisco Beltrão (1952); Diretor do ETA – Projeto 17 (1956); Secretário Executivo da Associação de Crédito e Assistência Rural de Santa Catarina – Acaresc, consolidadora da Extensão Rural (1957-1975); Membro Fundador da Junta Governativa da Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural – Abcar, desde a criação até a sua extinção (1957-1975), com a criação da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural – Embrater; Conselheiro da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (1962); Membro efetivo da Comissão de Planejamento e Coordenação Orçamentária e Assessor de Agricultura do Plano de Metas – Plameg (1961-1969); Presidente da Comissão de Ensino Superior no Conselho Estadual de Educação (1962-1970); Conselheiro Técnico do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária – Ibra e coautor do "Estatuto da Terra" (1964-1968); Presidente do Conselho Estadual de Agricultura (1968); Presidente da Associação Catarinense de Engenheiros Agrônomos por dois mandatos (1960-1962 e 1968-1970); Membro do Conselho do Plano de Metas do Governo de Santa Catarina (1961-1966); Conselheiro e Diretor Técnico-Cientifico da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (1962); Membro Efetivo do Conselho Estadual de Educação e Presidente da Comissão de Ensino Superior (1962-1970); Professor de "Estudos Socioeconômicos" e Membro Efetivo do Conselho de Administração da Fundação da Escola de Administração e Gerência da Universidade para o Desenvolvimento de Santa Catarina – Esag/Udesc (1965); Professor de Planejamento Público no Primeiro Curso de Planejamento de Ensino Municipal da Udesc (1966); Diretor de Política Profissional da "Sociedade Brasileira dos Engenheiros Agrônomos Planejadores” (1968-1970); Secretário Estadual da Agricultura (1966-1975); Secretário Estadual de Educação (1971-1975); Membro efetivo da Comissão Especial para Atualização do Ensino Catarinense (1967); Presidente do Conselho Estadual de Agricultura (1968-1975); Membro efetivo do Conselho Nacional de Extensão Rural – Conser (1972-1973); Cofundador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa (1973); Membro efetivo da Comissão Nacional de Pesquisa em Assistência Técnica e Extensão Rural – Compater (1975); Professor de Política Agrária e Extensão Rural no Centro de Ciências Agrárias da UFSC (1975-1979); Diretor Técnico-Científico da Federação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil – Faeab; Membro do Conselho Universitário da UFSC (1975-1979 e 1986-1988); Fundador e Diretor do Centro de Ciências Agrárias da UFSC (1976-1979); Presidente da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural – Embrater (1980-1985); Fundador e Pró-Reitor da Reitoria de Planejamento da UFSC (1986-1988); Presidente da Companhia de Desenvolvimento da Agricultura de Santa Catarina – Cidasc (1988); Consultor da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural, da Acaresc e da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (1991-2007); Consultor do Projeto Microbacias (2008-2011); Fundador da extensão rural em Santa Catarina; Fundador e Diretor do Centro de Ciências Agrárias da UFSC; Fundador e Pró-reitor da Pró-reitoria de planejamento da UFSC; Consultor da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura.