Gemólogo fala da necessidade de conhecimento do mercado para lidar com pedras preciosas

Brasília, quinta-feira, 27 de março de 2003. Uma área muito técnica, onde uma pequena falha pode significar
"André Leite, gemólogo - Dalmi Rodrigues"
grande prejuízo financeiro. Essa é a definição de gemologia - área que estuda os minerais gemas, mais conhecidos como pedras preciosas - feita pelo engº. civil gemólogo André Leite, na manhã de hoje (27/03), durante a reunião das Coordenadorias de Câmaras Especializadas de Geologia e Engenharia de Minas.André Leite, que é filho e neto de gemólogos, fez esclarecimentos sobre como atua este profissional, quais suas dificuldades e, principalmente, sua necessidade de conhecimento do mercado. "Essa área hoje requer estudo, pesquisa em Internet e livros quase que diariamente, como também muita experiência do mercado de gemas. Quando analisamos, por exemplo, novas descobertas de pedras preciosas sabemos da complexidade de avaliar qualidade e quantidade. Um pequeno erro pode resultar em prejuízo de milhões de dólares para quem compra ou para quem vende", disse o perito.Segundo o gemólogo a avançada tencologia de hoje produz rubi, esmeralda, água marinha e diamante sintéticos, e só um especialista percebe a diferença para uma pedra natural.Proposta - André Leite é diretor da Associação Brasileira dos Gemólogos e Avaliadores de Gemas e Jóias (ABGA), e trouxe à reunião da CCEGM proposta de trabalho conjunto da Associação com o Sistema Confea/Crea, na revisão da Resolução que concede somente a engenheiros de minas e geólogos o direito de exercer a profissão de gemólogos."Nós viemos humildemente contestar e pedir que nos ouçam na reformulação dessa normativa porque acreditamos que o gemólogo é uma profissão técnica, não de terceiro grau. E, principalmente, é uma profissão que necessita de muita prática de mercado, até mais que conhecimento intelectual", justifica André Leite.Na sua avaliação a ABGA tem muito conteúdo que pode ser aproveitado na organização desse mercado profissional. É formada por pessoas de renome nacional na área de gemologia, com condições de ministrar cursos e repassar a experiência já consolidada.André Leite conta que a ABGA foi formada para "peneirar" um pouco o mercado que passou por um "boom" em 1998, quando aconteceu um impulso no setor joalheiro, principalmente no que se refere ao designer. O Brasil despontou na criatividade de jóias, o que despertou o interesse do público interno. "Com esse quadro muita gente passou a querer ser perito em gemas, o que já abalou a credibilidade brasileira. O número de peritos verdadeiros hoje é muito restrito", lamenta.O Brasil é exportador e considerado um dos maiores produtores de gemas. De Norte a Sul do país existe uma incidência muito grande de lavras, minerações e todo tipo de extração de minerais. Os minerais gemas são conhecidos e desejados no mundo inteiro. Ao contrário de países como Estados Unidos, Inglaterra, Japão, Coréia, Europa em geral e Ásia, a América do Sul - a exceção do Chile - carece muito da parte específica que estuda os minerais gemas, que é a gemologia.Os profissionais que pretendem essa especialização têm que se ir para o exterior. É um curso caro que requer estudos de, no mínimo um ano e que, principalmente, requer uma integração diária com o mercado.Na avaliação de André Leite não adianta formar gemólogos que não tenham a chance de lidar com material todo dia. "O gemólogo tem que estar inserido no mercado, trabalhando com as pedras, tem que conhecer um pouco de lapidação, mineração, gemas sintéticas, estar sempre em exposições e plenários discutindo sobre as novas tecnologias, enfim saber o quê existe de novo no setor de síntese", ressalta. Bety Rita Ramos - Da equipe da ACS