Everaldo de Oliveira Castro

Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 1947

Nascimento: Porto Real do Colégio (AL), 06 de outubro de 1920
Falecimento: Maceió (AL), 23 de março de 1983
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL)

Treze quilômetros separam a Universidade Federal de Alagoas da pequena rua maceioense Dr. Everaldo Oliveira Castro, no bairro do Barro Duro. Mais alguns quilômetros e, no bairro Pajuçara, chega-se ao edifício Everaldo Castro. Um prédio e uma rua fazem a capital alagoana se recordar de um dos fundadores da primeira Escola de Engenharia do estado, criada em 1951, antes de Alagoas ter uma universidade federal. “Naquela época, só existiam as Escolas de Medicina e de Direito. Então, meu pai se juntou com amigos de profissão e fundaram a Escola de Engenharia. Ele tinha muito orgulho dessa história”, conta Orlando Castro, filho mais velho do homenageado.

Essa “história” começa à margem do Rio São Francisco, na pequena cidade alagoana de Porto Real do Colégio, a 170 quilômetros de Maceió, onde nasceu Everaldo de Oliveira Castro. Depois de fazer escolas primária e secundária em Penedo (AL), se despediu do estado para estudar Engenharia no Recife (PE). De tão bom aluno, no último ano do curso ganhou bolsa de estudos e se mudou para Paris, onde viveu por seis meses. “Ele se gabava muito desse feito, um menino do interior de Alagoas que vai para a França, sem saber falar francês!”, compartilha Orlando. 

“Ele vibrava com tudo o que era relativo à Engenharia."

Conquistada a fama de melhor aluno nas capitais francesa e pernambucana, em 1947 Everaldo retornou para Alagoas, onde assumiu uma diretoria no então Departamento de Obras Públicas (hoje Secretaria da Infraestrutura de Alagoas). Em 1951, junto a outros cinco engenheiros apaixonados, fundou a primeira Escola de Engenharia de Alagoas, que se tornaria faculdade em 1961, com a criação oficial da Universidade Federal de Alagoas. “Ele vibrava com tudo o que era relativo à Engenharia, levava-nos para conhecer cada equipamento novo que adquiriam para a Escola”, conta o primogênito, que aos sete anos já assistia a experiências de física ao lado do pai.

Nenhum dos filhos de Everaldo seguiu a trajetória profissional do pai, mas Orlando chegou a cursar três anos de Engenharia Civil na Ufal, onde o homenageado sempre ministrou a disciplina de Topografia. Quando se formou em Administração, Orlando ganhou do pai seu anel de formatura. A cor – azul – representava as duas profissões, porém a joia continha uma escada esculpida, simbolizando a Engenharia. “Ele me orientou a raspar a escadinha, a fim de que o anel ficasse adequado também para o curso de Administração. Mas não mexi de jeito nenhum, e usei a vida toda o anel de engenheiro”.

Na universidade, Everaldo era conhecido como “Urso Branco”, pois só vestia terno claro, sempre de linho. “Para ele, representava clareza, calmaria. Ele só usava roupa preta em solenidades, quando a ocasião assim demandava”, conta Orlando. A paz e o bem dos alunos eram a prioridade de Everaldo, que, pai de quatro filhos, abriu seu lar para esconder estudantes na época da ditadura militar - entre eles, o universitário que quase trinta anos depois seria governador de Alagoas, o também engenheiro Ronaldo Lessa. “Ele protegeu muita gente. Quando era diretor da faculdade, não deixava a polícia entrar para bater em aluno. E eu me orgulhava muito disso, de ele sempre se portar contra a violência”, compartilha o filho, apaixonado: “Meu pai era um ser humano espetacular”.

A paz e o bem dos alunos eram a prioridade de Everaldo, que, pai de quatro filhos, abriu seu lar para esconder estudantes na época da ditadura militar

Sem nunca deixar a universidade, Everaldo desempenhou diversas funções públicas – foi responsável, por exemplo, pela construção do Porto de Maceió – era artesão, radioamador e fotógrafo – com equipamento e laboratório de revelação de negativos em casa. Em meio a tantas atividades de docência e gestão pública, o engenheiro ainda arranjou tempo para compor a primeira formação do plenário do Crea-AL, de 1968 a 1970. “Acho que ele está dando pulos lá em cima!”, responde Orlando quando perguntado como acredita que seu pai receberia a presente homenagem do Sistema Confea/Crea e Mútua em momento próximo ao centenário de seu nascimento.

Vinte anos após a fundação da Escola de Engenharia de Alagoas, Everaldo assumiu a Vice-Reitoria da agora Universidade Federal de Alagoas, em 1971. Na última reunião da congregação da Faculdade de Engenharia em que participou como diretor, antes de deixar o cargo para assumir a nova posição, Everaldo proferiu algumas palavras que ora reproduzimos, na esperança de que o engenheiro também achasse oportuno: “Afortunado todo aquele que, como eu, pode olhar para trás com a consciência de haver cumprido o seu dever; de haver procurado ser sempre justo; de haver sido o amigo das horas certas e incertas e, sobretudo, de poder sair de cabeça erguida”.


Trajetória profissional

Diretor do Departamento de Obras Públicas de Alagoas  – DOP (1947-1951); Diretor do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Alagoas – DER-AL (1951-1956); Superintendente do Porto de Maceió (1956-1961); Diretor da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Alagoas - Ufal (1960-1971); Conselheiro regional do Crea-AL (1968-1970); Vice-reitor da Ufal (1971-1974).