Engenheiro fala das implicações ambientais e sociais dos projetos energéticos

Brasília, sexta-feira, 21 de novembro de 2003. Na avaliação do eng. eletricista Carlos Rayol todas as fontes de geração de energia provocam impactos ambientais e a sociedade não está disposta a abrir mão do conforto que a energia elétrica proporciona. "Mas com boa vontade e considerando a qualidade ambiental dos empreendimentos como de alto grau de importância é possível viabilizá-los e reduzir seus impactos", suavizou.A opinião do engenheiro foi exposta durante o painel "Implicações Ambientais e Sociais dos Projetos Energéticos", realizado hoje à tarde (20/11) dentro do Seminário "Potencialidades e Alternativas Energéticas para a Região Amazônica", uma promoção da Subcomissão de Energia para a Região Amazônica da Câmara dos Deputados, que é presidida pela deputada federal Vanessa Grazziotin (PcdoB/AM). Carlos Rayol representou o Confea no evento.Rayol falou sobre os pontos positivos e negativos de alguns projetos energéticos, como por exemplo da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, que segundo ele já gerou energia equivalente a produção de 700 milhões de barris de petróleo. A de Belo Monte, localizada no rio Xingú nas proximidades da cidade de Altamira no Estado do Pará, orçado em US$ 3,7 bilhões e que deve inundar uma área de 400 Km2 e gerar 11.000 MW. Os estudos de impacto ambiental deste empreendimento estão parados hoje devido a uma liminar impetrada contra a Eletronorte.O engenheiro apontou ainda impactos dos empreendimentos energéticos e medidas para evitá-los, mitigá-los ou compensá-los. Entre eles, a inundação de grandes áreas agricultáveis, onde a sugestão para amenizar os impactos é a concepção de usinas com reservatórios de menor porte ou a fio d´água e/ou a criação de unidades de conservação.Outro impacto citado com sua possível redução, foi a suspensão de vegetação em linha de transmissão. "Para isso é possível adotar especificações ambientais como parte do processo licitatório para contrato de empreiteiro. Sobre as populações atingidas pelas inundações, resultantes da construção de hidrelétricas, o engenheiro disse que deve ser pago o justo valor pelas terras e benfeitorias da propriedade dos expropriados, entre outras medidas.À respeito da indução do processo migratório, muito comum quando anunciada a realização de projetos em alguma localidade, Rayol disse que não existem meios legais para impedir isso, porém é possível dotar a região de infra-estrutura para suportar a migração. O que geraria desenvolvimento e não caos como é comum. Bety Rita Ramos - Da equipe da ACS