Eng. Civ. Fernando Regis defende as construções que atendam requisitos de sustentabilidade

Maceió, 28 de fevereiro de 2011.

Consultor concedeu entrevista ao site do Crea-AL, para explicar que quando se fala em construção sustentável, fala-se em utilizar processos. E o que for feito é para trazer benefícios diretos, tanto para quem está executando como para quem for utilizar aquele empreendimento/imóvel. A preocupação atual é minimizar os efeitos impactantes da construção civil sobre o meio ambiente.

De onde surgiu esse novo conceito de Construções Sustentáveis?

Resposta  O conceito surgiu a partir da necessidade de se praticar ações que possam minimizar os efeitos da construção civil sobre o ambiente. Para você ter uma idéia, existe estudos no Reino Unido que demonstram que a construção por si só, a cadeia da construção civil, é responsável por nada mais nada menos que 50% de todos os gases responsáveis pelo efeito estufa, pela destruição da camada de Ozônio. Então nós estamos falando de uma atividade preventiva que é extremamente impactante no planeta. Como todo mundo está voltado para ações que visem minimizar esse tipo de prática, a construção civil tem que está à frente disso e a construção sustentável é o caminho.

Pode-se dizer que a construção sustentável é coisa cara?

Resposta  Não. A construção sustentável, a princípio, como qualquer outro procedimento, ela vai requerer uma implantação e obviamente um custo. Mas o custo não pode ser analisado simplesmente pelas despesas que vão existir. Ele tem que ser analisado na relação entre esse mesmo custo e benefício que vai trazer.

Vamos citar alguns exemplos: Você pega a cidade de Maceió. A cidade de Maceió é uma cidade que tem, por exemplo, o bairro da Ponta Verde, que é um bairro mais povoado do ponto de vista imobiliário. Então, acontece que os prédios vão se sucedendo em quantidade bastante elevada e na medida em que não se tomam ações que não impacte tanto com o ambiente onde ele tiver inserido, você vai acabar trazendo prejuízo para toda aquela comunidade.

Então, na hora que você coloca em seu projeto ações de eficiência energética, por exemplo, você vai ter que ter um projeto mais apurado. Você vai ter que ter, digamos que uma equipe que direcione para produtos e serviços mais especializados, mas, no entanto, você vai ter o retorno direto. Voltando à questão do caro que pode ser barato, na verdade eu insisto na  máxima que não é caro o que sai barato, mas sim um investimento em produtos de ponta e de tecnologias mais apuradas e projetos mais específicos.

Estudos Científicos afirmam que o planeta Terra perdeu, em pouco mais de 1/4 século, quase 1/3 de sua empresa biológica em recursos e, no ritmo atual, a humanidade necessitará de dois planetas para manter seu estilo de vida. O Sr acredita que a sustentabilidade vai reverter essa situação.

Resposta  Eu acredito que a conscientização de todos, através de ações sustentáveis, vai reverter essa situação, com certeza.

O uso do aquecimento solar, a captação da água de chuva e o reuso da água, coleta seletiva de lixo, sistema natural de iluminação, construção com materiais sustentáveis, não seriam medidas que encarecem os projetos?

Resposta  Em absoluto. Você ao fazer muitas questões vai passar necessariamente por uma questão de educação, como é a questão da educação ambiental, a questão da segregação do lixo, a questão da destinação correta do lixo. Só que todo esse processo necessitará de um trabalho de forma coletiva e é preciso que o Estado dê as condições. É preciso que as associações como a Ademi e o Sinduscon se envolvam diretamente com esse tipo de prática e incentivem os seus associados a buscarem ações desse tipo. Hoje já vemos algumas ações, na verdade ainda um pouco incipientes, e ainda mais que já demonstram um direcionamento para esse sentido. Nós teremos aqui, nesse ano de 2011, a primeira empresa a qual já estamos prestando uma consultoria que vai incorporar aos seus projetos condições, ou vai buscar certificação em uma construção sustentável.

Qual é a tendência mundial na construção sustentável?

Resposta  A tendência é de extremo crescimento porque o Brasil, por exemplo, que é um país ainda de terceiro mundo, já tem implantado no país dois grandes sistemas de certificação. Um é o sistema Led, que é um sistema americano, e o outro é o sistema Aqua, que foi trazido para o Brasil baseado no HQ francês. Então a tendência de crescimento da construção sustentável é um caminho sem volta.

É preciso destruir para construir?

Resposta  Em absoluto. Dá para viver em plena harmonia, desde que se tenha a preocupação com todo o entorno.

Em algumas cidades brasileiras, os proprietários de imóveis que investem em ações sustentáveis podem receber bonificações de IPTU. Essa idéia não seria ótima para Maceió?

Resposta  Também. A resposta é do poder público. Na verdade é um dos maiores incentivos que se pode ter, com relação, digamos, a conscientização do empresariado para seguir as orientações e os procedimentos de construções sustentáveis. Como o estado brasileiro é regulador de uma série de ações, ele tem papel preponderante nessa hipotensão. A construção impacta de forma bastante significativa em torno de todo um ambiente urbano que está inserido. Obviamente ela vai necessitar que se demandem os serviços públicos essenciais, como água, esgoto, saneamento, energia elétrica e etc.

Na medida em que você tem  ferramentas que atendem aos requisitos da sustentabilidade, ela passará cada dia mais a  de forma colaborativa com o estado -, usar menos desses recursos. Quando a construção usa menos, o estado irá demandar muito tempo em investimentos nesses serviços básicos. Então é uma conta direta. Se o estado irá investir menos porque alguém está contribuindo de forma consciente e de forma ordenada para que essa demanda não seja ampliada de forma elevada, obviamente isso teria que se refletir como uma forma de incentivo. Então o fato do exemplo dos abatimentos de IPTU é um incentivo direto a esse tipo de prática.

Fonte: Crea-AL