Educação de qualidade é passaporte para valorização profissional

Vitória(ES), 30.11.2005

O segundo painelista desta segunda-feira foi o engenheiro agrônomo e ex-presidente da ABEAS (Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior), Mário Hamilton. O engenheiro destacou a necessidade dos currículos contemplarem não apenas a teoria mas a prática. “É preciso que os profissionais em formação tenham uma ampla visão do contexto em que estão inseridos e principalmente que possam ter contato com a comunidade e conhecer as várias realidades existentes no país para atuar de forma a contribuir efetivamente para o desenvolvimento da sociedade. Só a teoria sem a vivência não constrói o profissional demandado atualmente pelo mercado notadamente globalizado’, afirma Vilela.

Ainda na opinião de Vilela, o ensino das ciências agrárias tem boa qualidade no Brasil, embora ainda existam muitos desafios e ajustes para permitir profissionais mais qualificados. Dentre os desafios o painelista destacou a necessidade de os cursos formarem profissionais mais éticos e com uma visão humanista da profissão, além da necessidade de se investir mais em escolas do meio rural. “Só assim vamos conseguir que nossos profissionais cumpram seu papel social”, enfatiza o engenheiro agrônomo. Outro ponto destacado por ele é a necessidade de os profissionais se atualizarem constantemente e neste sentido, o Sistema Confea/Crea tem um papel importante ao realizar eventos como a SOEAA, que permite aos profissionais um intercâmbio entre eles e abre espaço para o debate de temas importantes para as profissões das área tecnológicas.

Para ele é importante também que o Sistema Confea/Crea faça parcerias com as Instituições de Ensino visando à busca de estágios em todas as áreas. “É preciso que nos conscientizemos de que o mercado é o todo e não a região de cada um. Outra coisa é valorizar o período de estágio. Ele vai permitir ao profissional conhecer várias realidades e se preparar melhor para enfrentar o mercado. O Sistema Confea/Crea precisa ajudar com aporte financeiro na construção de rede de intercâmbios e estágios não só no Brasil, mas também no exterior”, concluiu Vilela.

O engenheiro civil Ericson Dias Mello, representante da Abenge (Associação Brasileira de Ensino de Engenharia) também aposta em um profissional polivalente para atender à demanda do mercado: “Em um país como o Brasil em que temos de um lado uma tecnologia de ponta e de outro um déficit na infra-estrutura de base é preciso formar profissionais com um amplo conhecimento das duas realidades”, defende ele. Mello destacou na sua palestra o fato de que a abertura de cursos aconteceu principalmente nas áreas em que o Brasil já detém tecnologia de ponta. Segundo Ericson o grande desafio é trabalhar para garantir o desenvolvimento da tecnologia de base. “Se não fizermos isso vamos seguir em direção à África”, alerta o representante da Abenge.

Qualidade dos cursos em cheque
Ericson afirma ainda que os profissionais do futuro precisam desenvolver não só os conteúdos de seus cursos, mas habilidades extras, além daquelas do currrículo. Ele salienta ainda que o número de cursos autorizados pelo MEC (Ministério da Educação) não significa maior número de profissionais qualificados no mercado. “Muitos cursos não qualificam adequadamente seus profissionais, mas  a principal questão é a falta de investimento em políticas públicas que resolvam os problemas de infra-estrutura básica do país como saneamento e rede de água. O investimento nessas áreas vai permitir ainda a abertura de mercado e a conseqüente valorização das nossas profissões”.

Mello acredita ainda que o Sistema Confea/Crea é um potencializador importante na ampliação do diálogo entre o setor produtivo, as Instituições de Ensino e o MEC. “Não que eles não conversem entre si, mas o diálogo ainda é pouco. O Sistema Confea/Crea pode ser o mediador desse diálogo levando assim o setor produtivo a entender melhor o processo, assim como ao MEC trabalhar melhor a qualidade dos cursos e por fim, levar as instituções de ensino a ouvir o que demanda o mercado”, ressalta ele.

Para os três painelistas, a formação de profissionais comprometidos com as questões sociais não só do Brasil, mas do mundo como um todo, é fundamental para a valorização das profissões. Eles acreditam que a sociedade precisa perceber de forma concreta a atuação desses profissionais e o papel deles na construção de cidades melhores, que permitam a todos uma melhor qualidade de vida.