Crea-SP promove Encontro Programa Mulher com palestras e bate-papo

São Paulo, 3 de dezembro de 2021.

“Somos mulheres, guerreiras, profissionais, técnicas, a maioria é mãe. Sempre lutei para sermos respeitadas como profissionais”, disse a engenheira civil Poliana Siqueira, coordenadora do Comitê Gestor do Programa Mulher do Crea-SP, antes de chamar as primeiras convidadas do Encontro Programa Mulher: Fortalecendo a igualdade de gênero nas Engenharias, realizado nesta quinta-feira (2/12), no Espaço Técnico Cultural do Crea-SP.

Eng. civ. Poliana Siqueira, coordenadora do Comitê Gestor do Programa Mulher do Crea-SP

“Essas palestras foram escolhidas a dedo para este evento”, compartilhou Poliana, antes de apresentar a Cartilha Programa Mulher, disponível no site do Crea-SP. “Fizemos levantamento de ações possíveis para que aumentemos a porcentagem de mulheres no nosso Sistema, sempre baseadas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas”.

Eng. civ. Joel Krüger, presidente do Confea

Os presidentes do Confea e do Crea-SP, respectivamente eng. civ. Joel Krüger e eng. telecom. Vinicius Marchese, também participaram da abertura do evento. “No Comitê de âmbito Federal, conversamos sobre a internacionalização do Programa. Infelizmente, outros países têm o mesmo problema, ou problemas ainda mais graves. É uma situação que não tem fronteiras”, afirmou Krüger, após fazer uma explanação sobre como funciona o Comitê Gestor do Programa Mulher do Conselho Federal.

Eng. telecom. Vinicius Marchese, presidente do Crea-SP

“Não temos a pretensão de resolver todos os problemas, mas temos a obrigação de apoiá-las cada vez que vocês passam por situações. Não dá para, em 2021, a gente se deparar com tantas situações que não eram mais para acontecer. Vamos levantar essa bandeira de acordo com o drive que vocês passarem para a gente”, pontuou Marchese, após agradecer o Comitê coordenado por Poliana e “a todo mundo que dá apoio para colocar esse projeto em pé”.

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Bate-papo
A primeira programação da tarde foi um bate-papo entre a apresentadora eng. amb. Maria Constantino e quatro mulheres, entre engenheiras e profissionais de Tecnologia da Informação, que ocupam cargos de gerência na Amazon: Renata Migliane, Priscila Maior, Fabíola Garcia e Tatiana Gomide. Em comum: todas tiveram poucas colegas mulheres na faculdade. Fabíola, por exemplo, desde criança se interessou por montar e desmontar computadores, e ao frequentar aulas sobre o assunto, só se deparava com meninos.

Mesa de bate-papo reuniu profissionais da Amazon

“O meu colégio técnico tinha 240 alunos, dos quais nove eram meninas. Você pensa: será que eu deveria estar aqui?”, compartilhou Renata. “Para nos integrarmos ao ambiente, a gente acaba fazendo a tal piada de mau gosto, e nem percebe”, adicionou Fabíola, que destacou que, na Amazon, os homens participam de todas as frentes antiassédio. 

O bate-papo envolveu, ainda, a temática sobre conciliação entre carreira e maternidade, com exemplos como o da Priscila – que se demitiu para ficar com a filha e depois teve dificuldades para se reinserir no mercado de trabalho –, o da Tatiana – que teve uma gravidez complicada, mas optou por conciliar trabalho e carreira –, o da Renata – que ainda não sabe se quer ser mãe – e o da Fabíola – que optou por não ser. “Foi muita terapia para eu chegar a essa conclusão, porque a sociedade cobra muito”, pontuou Fabíola.

Empoderamento é poder de escolha
Em seguida, as participantes do Encontro assistiram à palestra da administradora de empresas, Rossana Filetti, que em seu mestrado e doutorado estudou diversidade em gênero e práticas da gestão da diversidade, e como essas práticas estão relacionadas positivamente com inovação. “Quando falamos de diversidade, falamos de relações de poder. O homem branco heterossexual compõe o grupo majoritário no ambiente de trabalho. O que não é homem branco heterossexual é minoria, apesar de não sermos demograficamente minoria”, esclareceu.

Rossana Filetti, especialista em diversidade em gênero

De acordo com Filetti, há duas questões colocadas quando se fala na diversidade em gênero: a questão biológica (a maternidade, por exemplo) e a construção social. “Essa dimensão trata sobre o quanto nós fomos programadas para ter determinados comportamentos e atitudes considerados adequados para aquele gênero”, disse Rossana, antes de refletir sobre os brinquedos que são dados a meninos e a meninas.

“A síndrome do impostor é uma construção social. Essa insegurança que sentimos de nossa competência está relacionada a construção social, porque a cada passo que você dá na carreira, você pensa ‘cadê a casa para eu cuidar, o chazinho para eu servir’”, disse Filetti, após apresentar diversos dados sobre diferenças salariais e sobre poucas mulheres em cargos de liderança. “Empoderamento é autonomia na tomada de decisão, é poder de escolha”, concluiu. 

Empoderamento é ser você mesmo
Última palestrante do dia, a consultora de imagem pessoal e corporativa Silvia Beraldo tratou, em um bate-papo com a apresentadora eng. amb. Maria Constantino, sobre autocuidado, etiqueta, entre outros itens importantes para o estabelecimento e manutenção de uma boa imagem. “Tudo no nosso comportamento é escolha”, pontuou, antes de brincar que, enquanto mulheres, falam de autoestima, homens falam em autoconfiança. 

Silvia Beraldo, consultora de imagem pessoal e corporativa

Após abordar cautelosamente cada um de um checklist de dez itens para a boa imagem, Silvia concluiu: “quando temos coerência entre nossa imagem e nossa essência, nossa autenticidade, geramos mais conexão com o outro. Só vamos poder nos sentir empoderadas se estivermos sendo a gente e ninguém mais. Comunique quem vocês são em tudo o que você fizer. Você sempre estará deixando alguma coisa de você no outro”.
 

Beatriz Craveiro
Equipe de Comunicação do Confea
Fotos: Marcelo Justo/Crea-SP