Colômbia e Brasil: ensino e problemas semelhantes

Brasília (DF), terça-feira, 27 de abril de 2004. A interação entre os países íbero-americanos e o
"Eng. Juan Ramirez"
ensino da engenharia na Colômbia foram os dois temas desenvolvidos na manhã de hoje durante o workshop Promove, assinado pela Abenge e que acontece em Brasília até amanhã. Ao falar sobre a interação dos países íbero-americanos no ensino da engenharia, o engenheiro e professor mexicano Juan Ramirez, presidente da Associação Íberoamericana do Ensino da Engenharia (Asibei), depois de historiar a formação da entidade e os eventos promovidos por ela, afirmou que seus principais objetivos em 2004 são "a consolidação e o reconhecimento internacional da Asibei e a promoção de sistemas educativos condizentes com as novas tecnologias".O engenheiro civil e professor Roberto Montoya Villa, decano da Pontifícia Universidade Javeriana, fundada por jesuítas e que hoje é a maior universidade particular colombiana, equivalente à PUC (Pontifícia Universidade Católica) no Brasil, além de vice-presidente da Asibei, afirmou em entrevista para o site do Confea, que "entre as principais características do ensino colombiano da engenharia, há uma identidade em termos de currículo e conteúdo, além de um sistema de créditos unificado que exige de 2.600 a três mil horas para a formação integral dos alunos".Entre os principais problemas do ensino da profissão, Montoya diz que "há uma sensível queda na qualidade do ensino, principalmente a partir de 1990, provocada pelo surgimento de muitas faculdades de engenharia o que tem provocado a discussão sobre um sistema de avaliação que garanta a qualidade do ensino". Além disso, Montoya afirma que a própria situação econômica do país afeta certas áreas, como a engenharia civil. "É preciso que o governo crie uma política para toda a educação superior e não somente para a engenharia, uma vez que vem diminuindo os aportes financeiros governamentais, além de uma vinculação mais efetiva com a iniciativa privada, em termos de apoio e participação para o desenvolvimento do país", diz.Como no Brasil, Montoya afirma que "a Colômbia tem conselhos de representação profissional e entidades equivalentes a Abenge, outras reúnem faculdades de engenharia e de professores de todo o país, que trabalham em conjunto, de maneira muito semelhante à brasileira".Para ele, o workshop promovido pela Abenge "é muito importante em função da troca de informações sobre as peculiaridades do ensino da engenharia em toda a América Latina. Essa é a única forma que propiciará uma maior mobilidade e interação entre os países, inclusive para a homologação de títulos".Montoya destaca que o ensino da engenharia nos países latino-americanos é muito semelhante, "são cursos em geral de cinco anos que colocam bons profissionais no mercado de trabalho".Como o Brasil, a Colômbia - que forma cerca de 20 mil novos engenheiros anualmente -, também lida com as questões provocadas pela globalização que estimula a atuação de profissionais estrangeiros em qualquer país. "Isso é inevitável, diz Montoya, principalmente em função da economia e das oportunidades de trabalho que surgem em diversos cantos do mundo, atraindo engenheiros para os mais diversos locais. Também nos vemos às voltas com o reconhecimento de diplomas vindos de outros países".
"Eng. civil Roberto Montoya Villa"
Maria Helena de Carvalho - Da equipe da ACOM