Brasília (DF), 20.07.2005
A manutenção da taxa de juros básica na reunião de hoje do Copom é uma decisão que não surpreende. A prática conservadora do Banco Central nos últimos anos não ensejava dúvidas quanto a postura de espera que a autoridade monetária teria antes de iniciar o ciclo de queda dos juros.
Todavia, a manutenção dos juros não é uma ação passiva da política monetária, como a princípio parece ser. Com a expectativa de queda da inflação futura, a taxa real de juros aumenta, o que significa na prática um endurecimento da política monetária. Tomando por base a projeção de mercado para a inflação para os próximos 12 meses, a taxa real de juros atual é de 14% ao ano. Em maio, quando do último movimento de alta dos juros, esta taxa estava em 13%.
A CNI avalia que as condições atuais da economia e a trajetória da inflação futura já permitem a reversão do aperto monetário. De um lado, as pressões sobre os preços ao consumidor (IPCA) arrefeceram, como atestam as taxas negativas dos índices gerais de preços. De outro, a demanda de consumo também perdeu fôlego e o nível de utilização da capacidade instalada nas indústrias recuou. Não há receio, portanto, de um excesso de demanda que venha a pressionar os preços e causar um recrudescimento da inflação. Desta forma, é de se esperar que o ciclo de queda dos juros venha a ser iniciado no próximo mês de agosto. Caso contrário os custos sobre a atividade produtiva serão intensificados e uma possível recuperação da atividade no segundo semestre estará seriamente comprometida.
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