Vitóra (ES), sexta-feira, 30 de janeiro de 2004. A partir deste ano, todos os clubes de futebol serão obrigados a apresentar seus balanços patrimoniais. É o que determina a Lei 10.672, aprovada em maio deste ano, que regulamenta a Lei Pelé, e visa a um maior controle, transparência e responsabilidade fiscal por parte dos clubes, gerando novos investimentos. A aplicação da Lei contribuirá para a ampliação do mercado de trabalho dos profissionais de Engenharia, independente se o profissional tenha ou não especialização em avaliação, já que para a apresentação de seus balanços patrimoniais será necessário que os clubes façam a avaliação de seus estádios, jogadores e outros bens. A dissertação de mestrado do conselheiro do Crea-ES e presidente do Ibape-ES, Engº. Civil Radegaz Nasser Júnior, mostra que utilizando métodos teóricos de avaliação atuais é possível identificar o provável valor de mercado de jogadores e clubes de futebol. Essa avaliação deverá ser feita, de acordo com a Lei 6.404/66, por três profissionais da Engenharia ou por uma empresa especializada em avaliações. O engenheiro destaca que as principais ferramentas à disposição dos profissionais para esse tipo de atividade são softwares e aplicativos como Excel, Cálculo com Matrizes, Análise Fatorial, entre outros. "A avaliação de clubes e jogadores de futebol não é feita atualmente no Brasil. No exterior ela não é regulamentada, mas como os clubes são empresas, eles são avaliados pelo seu valor econômico, a partir do lucro que dão. Os jogadores não são avaliados por profissionais em nenhum país, encontrando-se aí a originalidade da tese. A avaliação deve ser feita por engenheiros como se fosse uma avaliação de imóveis, empresas, etc.", explica Radegaz. A dissertação do engenheiro teve como título a "Aplicação de Metodologia de Avaliação a Jogadores e Clubes de Futebol" e foi aprovada com nota máxima, 'sobresaliente 10', no dia 13 de outubro, pela banca examinadora do Mestrado Internacional de Avaliações da Universidade Politécnica de Valência, Espanha. Com base no estudo, será criado também um módulo para o curso de Mestrado Internacional de Avaliações da Universidade. A avaliação deverá ser feita a partir da análise dos bens tangíveis e intangíveis dos clubes. Os bens tangíveis estão relacionados à parte física do clube, como o estádio, o terreno, as construções, o campo de futebol, os ingressos vendidos, as arquibancadas, os sócios remidos, etc. Já os bens intangíveis estão relacionados à marca do clube, aos direitos federativos do jogador (seu valor desportivo e de imagem), entre outros. Segundo Radegaz, "as equipes profissionais do exterior movimentam cifras multimilionárias e as nacionais têm grandes receitas. É difícil estabelecer o balanço patrimonial dos clubes brasileiros, já que não costumam divulgar seus dados contábeis. Hoje estão sendo feitos grandes esforços para profissionalizar a administração das equipes de futebol, o que tornará o esporte muito mais lucrativo". A avaliação de jogadores é um dos aspectos mais importantes do futebol, dado o volume de dinheiro que está relacionado aos seus contratos. Segundo Radegaz, para se avaliar um jogador é necessário analisar a relação entre sua posição em campo (goleiro, atacante, etc.), seu rendimento (partidas jogadas como titular, minutos jogados, idade e etc.) seu valor de mercado e sua idade. "No começo da vida esportiva dos jogadores, o valor de seu passe se incrementa até alcançar o máximo valor no auge da carreira, quando passa a diminuir", explica. Radegaz garante que a avaliação será de grande importância para os clubes e jogadores de futebol. A Federação Internacional de Associações de Futebol (Fifa) divulgou rencentemente em seu site (www.fifa.com) que a indústria do futebol movimenta no mundo todo cerca de US$ 250 bilhões por ano. São mais de 200 milhões de jogadores federados atuando em campeonatos organizados. Assessoria de Comunicação do Crea-ES