Cidade do interior do RJ mostra que inclusão digital é viável

Em 1997, a cidade iniciou um
trabalho voltado a inclusão digital como forma de combater a queda dos níveis de emprego e de especialização. "Tínhamos apenas duas linhas telefônicas no início da capacitação dos primeiros 300 servidores municipais", contou o prefeito da cidade, Luiz Fernando Pezão, durante o terceiro painel do seminário internacional Sociedade da Informação e do Conhecimento - Desafios e Oportunidades Estratégicas para o Desenvolvimento, organizado pelo Sistema Confea/Crea e que termina hoje em Brasília.

A idéia era auxiliar a competitividade de cooperativas e pequenas empresas da região, que sofria com o fechamento de 1030 postos de trabalho por conta da privatização da Companhia de Energia Light. Com cerca de R$ 200 mil da prefeitura mais um investimento de R$ 300 do BNDES e parcerias com empresas privadas, universidades públicas e apoio da comunidade, Piraí deu forma ao projeto. "Hoje há banda larga até nas áreas rurais", festejou Pezão.

Todas as 18 escolas do município estão equipadas com laboratórios de informática. As quatro bibliotecas também oferecem acesso gratuito, sem falar nos quiosques e telecentros espalhados pela cidade. A população tem, com a inovação, cursos de idiomas, cursos profissionalizantes, de informática e outros. A próxima etapa, afirmou o prefeito, é levar a banda larga até as casas, com subsídio do governo municipal. "Precisamos acreditar e investir nos municípios", bradou Pezão. "As pessoas não moram no país, no estado. Moram nas cidades."

Educação à distância - Durante o painel, que retratou exemplos de iniciativas no sentido da inclusão digital, foi relatado também o caso da Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior (Abeas), que tem como ferramenta uma importante ação de educação à distância. Segundo o vice-presidente do Confea e presidente da Associação, eng. Florestal Fernando Antônio Souza Bemerguy, o programa "Campus Virtual" é uma interessante alternativa para formação e capacitação profissional "Simulamos todo um programa universitário dentro de um ambiente interativo e colaborativo".

De acordo com ele, as dimensões continentais do país não permitem que a capacitação seja eficaz em todas as regiões se feita in loco. "Por meio do programa, o aluno é capaz de baixar provas, material didático, leituras indicadas e tem sugestões de textos de apoio e links específicos", explicou. Assim, através da obtenção de senhas a cada etapa do processo educacional, ele passa de um modulo ao outro até a finalização do curso on-line. "E tudo com poucos recursos e com formatação bastante simples", completou.

Na mesma linha, o diretor da Comunidade Virtual do Poder Legislativo - Interlegis, Victor Guimarães Vieira, explicou a formatação do sistema que tem como uma de suas prioridades a educação continuada. Segundo ele, o programa, voltado aos parlamentares das esferas federal, estadual e municipal, mas também ao público em geral, tem como vantagem a redução de custos. "Diminuímos a necessidade de deslocamentos, evitamos reuniões mais simples e muitas visitas e viagens burocráticas", afirmou.

Hoje, os 11 cursos de educação à distância do Interllegis atingem 4,6 mil alunos de 943 cidades. Só neste semestre já são 3 mil inscritos. Os números mostram o sucesso do trabalho: dos 74% que completam o programa, mais de três quartos são aprovados. "A média mundial é de 40%", lembrou Vieira. Neste mesmo formato, uma parceria do Interlegis com o Confea, um curso sobre o estatuto das cidades, está prestes a ser formalizada. "Fica aqui meu compromisso de que, em 15 dias, toda documentação estará pronta para a assinatura do convênio", garantiu Vieira.

Além das fronteiras - No âmbito internacional, os trabalhos também seguem a toque de caixa. O vice-presidente do Comitê de Informação e Comunicação da Federação Mundial de Associações de Engenheiros (Fmoi), o engenheiro tunisiano Mohamed Tijani Ben Jemaa, contou sobre as etapas de organização das reuniões da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação, capitaneada pela Organização das Nações Unidas (ONU). "Nosso objetivo em Genebra, em 2003, foi estabelecer uma posição comum e definir os princípios quanto à Sociedade da Informação", comentou Tijani.

De lá pra cá, foram várias reuniões preparativas para o próximo encontro oficial, que acontecerá na Tunísia em 2005. Hoje já se têm os eixos primordiais do debate, tais como questões sobre infra-estrutura, acesso, capacitação, segurança, diversidade cultura, mídia, cooperação internacional e outros. "Todos esses itens - lembrou Tijani - podem ser remetidos aos macro temas como educação, saúde, economia etc". Ele reforço que, na primeira fase, na Suíça, o projeto contou com 11 mil participantes de 176 países, cerca de 100 organizações internacionais. Desta etapa saíram documentos e declarações de intenções da sociedade civil, entidades e governos que determinarão o plano de ações a ser tomado em 2005.

Gustavo Schor - da equipe da ACOM