Carlos Fernando de Araújo Calado

“Valorizar a estrutura como solução para viabilizar obras sonhadas” – assim Carlos Fernando de Araújo Calado define a satisfação de ter no currículo um vasto rol de obras estruturais e exemplifica a parceria que pode haver entre profissionais de áreas diferentes: “Por vezes, o projeto arquitetônico coloca algumas dificuldades para a viabilização estrutural. Daí, a concepção da estrutura que respeite o partido arquitetônico sem obrigar a um aumento desproporcional de custos representa um gostoso desafio para o profissional estrutural”.

Uma das obras que representou, para Carlos Calado, essa parceria entre arte e cálculo foi o Monumento Memorial de Petrolina, cujo projeto arquitetônico inicialmente apresentado era inviável estruturalmente. “No entanto, discutindo estrutura e arquitetura, chegou-se a uma solução que respeitou as imposições técnicas de projeto e execução, sem macular o partido arquitetônico”, ressalta, ao mencionar que um exemplo de parceria engenharia-arquitetura que admira é Joaquim Cardozo e Oscar Niemeyer.

Sua vida profissional iniciou com a obra da ponte de acesso à torre de tomada d’água da Barragem do Carpina (em Pernambuco). A partir daí, o compasso de Calado passou por diversas obras de pontes, viadutos e saneamento, entre elas, a do Metrô do Recife e do Aeroporto Internacional dos Guararapes-Gilberto Freyre (Recife). “O desafio apresentado pela Infraero foi projetar uma área com 2,7 mil metros quadrados sem qualquer pilar, para não haver conflito com as esteiras de bagagem. Isso nos obrigou a projetar, no conjunto dos elementos estruturais, vigas protendidas de 30 metros de extensão, ligadas ao restante da estrutura em concreto armado”, destaca.

Casado e pai de dois filhos, Calado foi referência como professor, pesquisador e projetista. Quando perguntado sobre com qual das três atividades se identifica mais, responde: “aí temos um problema, não conseguirei responder”, mas destaca: “o ofício de professor nos mantém jovens de cabeça, nos anima a nos renovar, a estudar continuamente. O bom professor é aquele que espera sempre que seus alunos o superem, é aquele que procura ser o piso, não o teto”. O engenheiro foi reitor, durante oito anos, da Universidade Estadual de Pernambuco.

Calado tem, ainda, experiência em gestão pública, adquirida quando foi secretário de obras de Olinda, cidade patrimônio da humanidade que, no entanto, não apresenta arrecadação proporcional à sua importância histórica. Calado afirma que o grande desafio como gestor foi atender as demandas da população sem dispor dos recursos. “Encarei o desafio de colocar a visão técnica e acadêmica a serviço da gestão pública. Não deve existir apenas a verdade técnica, muito menos a verdade política. As visões política e técnica devem existir e coexistir de forma complementar e respeitosa. A política que atropela a técnica não merece o respeito da população, assim como a técnica que considera que o mundo gira em torno desse restrito conhecimento é limitada e não atende as necessidades da população”.

Por Beatriz Leal
Equipe de Comunicação do Confea