Do Plano Diretor da cidade, em 1957, à construção de casas populares nos anos 2000, Ayrton Egídio Mattos Brandão foi a pedra fundamental da história da Engenharia da região de Criciúma, em Santa Catarina. De seus 88 anos de vida, 62 foram dedicados à Engenharia.
Nascido no município capixaba de Santa Leopoldina, Ayrton Brandão se mudou, com a família, para o Sul quando tinha apenas dez anos. Residiu nas cidades gaúchas de Santa Maria, Rio Grande e Pelotas e iniciou sua vida profissional em Porto Alegre, onde fundou seu primeiro escritório de Engenharia.
Seu destino mudou quando, em 1954, se casou com Genésia Minatto, natural de Criciúma. No mesmo ano de seu casamento, Ayrton foi convidado para realizar sua primeira obra no município da esposa: uma residência. Com o sucesso da construção, o engenheiro capixaba recebeu mais propostas de negócio e logo se transferiu definitivamente para Criciúma.
Ayrton Egídio Mattos Brandão foi um dos primeiros engenheiros civis a ter o trabalho reconhecido em Criciúma, tendo inclusive colaborado no projeto do primeiro Plano Diretor da cidade, em 1957. Hoje, seu nome batiza o Centro Acadêmico de Engenharia Civil da Universidade do Extremo Sul Catarinense.
Sua empresa Brandão & Cia Ltda teve grande importância para a infraestrutura do Sul de Santa Catarina. Entre 1960 e 2000, a empresa foi uma verdadeira escola de engenheiros. Seu filho mais velho, Ricardo Brandão, estima que o pai teve relevante participação na formação profissional de cerca de 50 engenheiros, entre civis e mecânicos.
Marcado pela ética, honestidade, simplicidade e muito trabalho, Ayrton Egídio foi o fundador da primeira metalúrgica de produção de estruturas metálicas da região de Criciúma, que hoje é a conceituada Brametal AS. Pai de quatro filhos e avô de seis netos, Brandão é lembrado por seu primogênito como “muito curioso, estudioso e inovador”.
Fazendo jus à definição do filho como inovador, Ayrton Brandão foi pioneiro na utilização de lajes de concreto armado em substituição aos forros de madeira e na fabricação de artefatos de cimento e pré-moldados de concreto em Criciúma, além de ter introduzido o sistema de cravação de estacas de madeira, com equipamentos projetados e fabricados em sua oficina.
Com muita experiência acumulada, nos anos 2000 Ayrton criou o método “Sistema Construtivo Dominó”, de produção, em escala industrial, de casas populares moldadas de baixo custo. São placas pré-fabricadas de tijolo armado, com um sistema de encaixe fácil e produzido em série, com que em 30 dias faz-se possível colocar uma casa em pé. O “Sistema Construtivo Dominó” teve grande repercussão na região e possibilitou a construção de cerca de 400 casas para a população de baixa renda.