Arivaldo Gomes da Mota

Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1956


Nascimento: Feira de Santana (BA), 07 de julho de 1931 
Falecimento: Vitória (ES), 27 de julho de 2016
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA) 

Os amigos do Senadinho ainda guardam com emoção a figura humana carismática que, durante anos, quase diariamente, costumava “marcar ponto” no Shopping Barra, em Salvador. A maioria aposentados, os demais participantes daquela fiel comunidade soteropolitana se sentiam saudosos do esposo de Dona Nádia, com quem havia se mudado para uma Vitória distante, no Espírito Santo. Menos de um ano depois, porém, a saudade se tornou irreversível, quando Arivaldo Gomes da Mota tomou a sua última vereda, deixando para os familiares e amigos as suas melhores lembranças.

Construtor de estradas, avesso à política, e apaixonado por música, literatura e pela criação de cavalos da raça mangalarga marchador, Arivaldo poderia ter se tornado um empreiteiro de sucesso. Mas preferiu o caminho da modéstia, da dedicação aos projetos e cálculos das rodovias, como aquela 101 que tantas vezes o uniu a Vitória onde estudou e conheceu a futura esposa, voltando para lá em definitivo somente após os anos dedicados a Arivaldo Gomes da Mota Júnior, filho que por décadas exigiu seus cuidados após um acidente de trânsito que modificaria a vida de toda a família. 

Arivaldo preferiu o caminho da modéstia, da dedicação aos projetos e cálculos das rodovias, como aquela 101 que tantas vezes o uniu a Vitória

BR-101, cujos trechos foram erguidos, entre tantos outros, com o ministro dos Transportes Mário Andreazza. Por deixar sua marca na região de Porto Seguro em estradas para Eunápolis e Santa Cruz de Cabrália, por exemplo, foi convidado para a cerimônia de 500 anos do Brasil.

Da Feira de Santana natal, guardou “suas” estradas, como a BR-324, o amor ao Fluminense e ainda a fazenda familiar onde costumava reunir a família, lembrando os tempos em que ainda não saíra do distrito de Tiquaruçu para cursar Engenharia na capital baiana. Lá, iria se tornar amigo do criador da Bossa Nova, João Gilberto, e ainda dos escritores Jorge Amado e Zélia Gattai, do artista plástico Jennes Augusto e de Jorge Cravo, irmão do fotógrafo Mário Cravo Neto.

A “luta” para se tornar engenheiro só ganhou um alento quando, junto com outros colegas, foi prestar vestibular em Vitória e conheceu a futura esposa. Dois anos depois, transferiu o curso para Salvador, deixando o namoro para as cartas. “Sempre vinha me ver”, descreve dona Nádia Penha Valle Mota, a capixaba cujos 59 anos de casamento renovaram uma ligação familiar com a Bahia que daria um filme. Juntos, o casal viajaria o país e até o exterior em congressos rodoviários, além de ir constantemente a Vitória.

“Era muito apegado à Bahia, mas também à Vitória. Vinha de uma família pequena, e naturalmente gostava daqui. Vínhamos umas três vezes por ano, mas sempre voltava com saudade dos amigos do Senadinho com quem estava todos os dias com exceção dos domingos. Eu ia de vez em quando, dava uma volta, mas eles estavam todos os dias no mesmo lugar. Eram muito unidos. Aqui em Vitória, ele chegou a chorar mais de uma vez com saudade dos amigos. Tinha parentes, mas não era a mesma coisa”, diz sua viúva, que se considera apaixonada pela Bahia, pelo povo baiano. “Mas não tenho mais vontade de ir lá”. 

"Era uma pessoa muito simples, respeitado por ministros e porteiros".

Administrador de empresas, Ethereldes Queiroz do Valle Mota guarda a mesma emoção ao se referir à memória de Arivaldo. “No DNER, ele abria mão de regalias, prezava pela honestidade. Era uma pessoa muito simples, respeitado por ministros e porteiros. Dedicado a meu irmão desde a sua aposentadoria. Em casa, catalogava os artistas que gostava, em fitas, principalmente de jazz e MPB. A música está presente na minha vida até hoje. Esse prazer de ouvir veio do meu pai”, resume o filho, que também se casou com uma capixaba, Angela Moraes Mota, dando-lhes os netos Thiago, Gustavo e Felipe. 

Durante o sono, após aproveitar o Dia do Avô, o engenheiro rodoviário de tantas idas de vindas pelo país, às vezes dividindo o volante com Dona Nádia, deixaria definitivamente a querida trilha entre Salvador e Vitória e todas as demais.  No dizer da companheira, os colegas prestaram-lhe “missas muito bonitas. Principalmente em Salvador, mas alguns vieram para cá”. Na Praia do Rio Vermelho, sua última estrada.

 

Trajetória Profissional

Engenheiro do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER (1957-1964); Gestor do Sistema Rodoviário Federal como engenheiro chefe do 5º Distrito Rodoviário Federal (1965-1975); Durante sua gestão, implantou diversas rodovias no estado, como a BR-101, duplicação da BR-324 (Salvador/Feira de Santana), construção do Acesso Norte a Salvador, BR-367 (Porto Seguro), entre outras; Promoveu também cursos de aprimoramento de técnicos e atividades sociais durante suas gestões; Diretor-Geral do Departamento de Transportes e Terminais – DTT, autarquia da Secretaria de Transportes da Bahia (1983-1987); Chefe do Serviço de Engenharia Rodoviária do 5º DRF (1995-1996); Membro de delegações do DNER; Representante na Bahia do Instituto de Pesquisas Rodoviárias – IPR; Conselheiro do Clube de Engenharia da Bahia; Na iniciativa privada representou empresas de consultoria rodoviária; Sócio do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia – IGHB.